sábado, 29 de maio de 2010

"Love in an Elevator"






Sim, o Aerosmith se apresentou no Palestra! Ou melhor, no exato momento em que escrevo este post a banda está se apresentando. Parece meio deprimente eu estar em frente ao computador postando para o meu blog enquanto rola um show destes, mas não, nem tanto.

Num sábado comum, a esta hora (23:10hs) eu já teria ido dormir, mas meu irmão fez o favor de injetar adrenalina em minha corrente sanguínea, quando no exato momento em que o Aerosmith entrou no palco, ele me ligou e deixou-me ouvindo o Steven Tyler cantando; a música era "Love in an Elevator". Então de certo modo eu ouví o show do Aerosmith! E também perdi o sono...

Neste momento minha primeira expressão foi: "Que ódio!" Mas foi por falta de outra palavra melhor. Não utilizei-a como costumam empregá-la. Minha mãe assustou-se:"Ódio de que?" Ela entendeu minha manifestação como inveja, algo como se ao invés de querer estar lá, eu quisesse que ele não estivesse. Não é por aí, na realidade eu não queria estar lá, nesse momento porque não me julgo merecedora, eu não fiz nada para gozar de um momento como este! Não que o Aerosmith seja o nirvana, falo do estado de espírito, não da banda, realmente existem objetivos melhores ou de outra categoria que eu pretendo alcançar, mas o meu esforço para tal ainda deixa a desejar, literalmente!

Sabe aquelas pessoas que ficam sinceramente indignadas por não ganharem na mega-sena (megassena?) sem nunca terem jogado na vida? O que elas fizeram que justifique tal indignação? Nada. Pois é, quando disse "que ódio", falei sorrindo, porque não era uma emoção negativa, de raiva de quem quer que fosse, eu estava tomando consciência do pouco que fiz para merecer igual alegria. Isso em todos os aspectos, não deixei de ir por falta de dinheiro, não necessariamente; se fosse o caso alguém poderia ter pago pra mim.

Não sei explicar, ando meio zen, e compreendo que não era pra mim, não desta vez. Não significa conformismo, é bem diferente. Um show é só uma alegoria que uso pra falar de algo mais íntimo e pessoal, e também porque é o que a adrenalina pede pra eu fazer... preciso dormir ainda hoje, e já que não dá pra cantar e pular "Cryin", eu escrevo!

Muitas pessoas se entregam a inveja porque não olham pro próprio umbigo! Eu olhei, estou olhando e já é um passo importante pra autocorreção. Estou feliz pelo meu irmão, morrendo de vontade de ligar pra ele pra ouvir mais um pouco do show, mas estou ouvindo o Cd, bem como disse que faria no post anterior, será que foi uma premunição? Eu poderia ter ido dormir...


Parece deprimente ainda? Eu não acho. Estou serena, contente. Eu ouvi o Steven Tyler!


Boa noite.


Good night.


Quem estiver lendo pela manhã ou a tarde: Bons dias...

Post Scripitum: Na verdade "Love in an Elevator" foi a terceira música a ser tocada, e não a primeira como eu havia dito, mas não muda nada, só a ordem dos fatores!

Rock é isto!



Hoje a banda Aerosmith se apresenta (espero!) no Palestra Itália, Parque Antártica para os mais íntimos. Meu irmão estará lá, prestigiando-os, uma das poucas bandas de Rock que resistem ao tempo, e à nova geração Pop/emo, sem preconceito! Mas convenhamos que são coisas diferentes, e embora a segunda seja tomada pelo título da primeira, Rock mesmo é outra coisa...

Recentemente, o Guns N' Roses tentou fazer algo semelhante no Brasil, mas nosso querido Axel Rose não está mais na velha forma há muito tempo, e o resultado foi meio decepcionante. Rolling Stonnes e U2, também apareceram por aqui nos últimos anos, e agora Aerosmith!


Como Steven Tyler nunca primou pela beleza como Axel, o tempo não lhe trouxe nenhum prejuízo com relação a isto, ele não deixou de ser o galã do rock porque nunca foi. O sucesso da banda é único e exclusivo pelo talento dos componentes -quem souber de mais alguma coisa, comentem.

O Rolling Stonnes tem a fama de galanteador de Micke Jagger (Luciana Gimenez pode falar melhor). U2 tem o perfil emblemático pacifísta de Bono Vox, este aliás tem feito muito além de falar e cantar, já o Steven creio que a melhor coisa que ele fez pela humanidade foi sua filha Liv Tyler -praticamente um milagre da natureza!


Brincadeiras de mau gosto  á parte, as músicas do Aerosmith são MARAVILHOSAS, todas as canções são boas de se ouvir, e eu gostaria de assistir ao seu show, mas não desta vez... Deixa que meu irmão registre tudo, eu fico ouvindo os Cds!

Meus irmãos não são pouca coisa não! O mais velho foi ao Show do Michael Jackson no Morumbí em 1992, agora o outro vai no do Aerosmith... pois é, né? 



Minha Ode aos Gatos

Gatos - que criaturinhas mimosas da natureza!


Desde que me entendo por gente, tenho gatos, ou melhor, minha mãe tem gatos, e consequentemente, eu também. Das raças mais diversas, é um ledo engano achar que se não é persa ou siamês não é de raça, ou é vira-lata como se diz. Cada cor é uma raça, tal como entre os homens, com a diferença que a variedade é maior. Existem os pretos, os brancos, os amarelos (até aqui é igual aos humanos!), existem também os rajados, os siameses puros ou mestiços, os branco e preto (sim, são uma raça distinta!), fora as cores tem as denominações que eu desconheço a maioria. Se tem mais, me fugiu a memória...

Eles são injustiçados, pelas crenças errôneas que nós humanos criamos em torno deles, em relação as doenças. Principalmente quanto as alergias: Rinite, sinusite, bronquite e outros ites...


Se gatos provocassem alergias, não haveria um dia sequer que eu ficasse sem dar um espirro! Acreditando como eu creio na questão psicossomática de todas as doenças não me convence a ideia de que uma doença venha de fora pra dentro impunimente.

Eu poderia entrar no mérito da questão, mas o foco são os gatinhos, meus queridos amigos zens. Imaginem os nomes dos gatos que já tive: o primeiro se não me engano era um gato amarelo de nome Alfredo. Depois vieram tantos, Cabeção, Catarino, Charlene ou chachá, Petinha (claro! uma gata preta chamada Petinha, original pacas!), Joelma, Chimbinha, Cheidi, Alemão, Buba, Bolinha, Fofo, Diego, Bob e Juninho. Falta o Raj...


Aliás vou reproduzir aqui um texto de Artur da Távola, chamado Ode aos gatos, e qualquer acréscimo torna-se desnecessário:

"Bichos polêmicos sem o querer, porque sábios, mais inquietantes, talvez por isso. Nada é mais incômodo que o silencioso bastar-se dos gatos. O só pedir a quem amam. O só amar a quem os merece. O homem quer o bicho espojado, submisso, cheio de súplica, temor, reverência, obediência.

O gato não satisfaz as necessidades doentias do amor. Só as saudáveis. Lembrei, então, de dizer, dos gatos, o que a observação de alguns anos me deu. Quem sabe, talvez, ocorra o milagre de iluminar um coração a eles fechado? Quem sabe, entendendo-os melhor, estabelece-se um grau de compreensão, uma possibilidade de luz e vida onde há ódio e temor?

Já viu gato amestrado, de chapeuzinho ridículo, obedecendo às ordens de um pilantra que vive à custa dele? Não! Até o bondoso elefante veste saiote e dança a valsa no circo. O leal cachorro no fundo compreende as agruras do dono e faz a gentileza de ganhar a vida por ele. O leão e o tigre se amesquinham na jaula. Gato não. 

Ele só aceita uma relação de independência e afeto. E como não cede ao homem, mesmo quando dele depende, é chamado de arrogante, egoísta, safado, espertalhão ou falso. "Falso" porque não aceita a nossa falsidade com ele e só admite afeto com troca e respeito pela individualidade. O gato não gosta de alguém porque precisa gostar para se sentir melhor. Ele gosta pelo amor que lhe é próprio, que é dele e ele o dá se quiser.

O gato devolve ao homem a exata medida da relação que dele parte. Sábio, é espelho. O gato é zen. Ele conhece o segredo da não-ação que não é inação. Nada pede a quem não o quer. Exigente com quem ama, mas só depois de muito certificar-se. Não pede amor, mas se lhe dá, então ele exige. Sim, o gato não pede amor. Nem depende dele. Mas, quando o sente, é capaz de amar muito. Discretamente, porém sem derramar-se. O gato é um italiano educado na Inglaterra. Sente como um italiano, mas se comporta como um lorde inglês.

Quem não se relaciona bem com o próprio inconsciente não transa o gato. Ele aparece, então, como ameaça, porque representa essa relação precária do homem com o (próprio) mistério. O gato não se relaciona com a aparência do homem. Ele vê além, por dentro e pelo avesso. Relaciona-se com a essência. Se o gesto de carinho é medroso ou substitui inaceitáveis (mas existentes) impulsos secretos de agressão, o gato sabe. E se defende do afago.

A relação dele é com o que está oculto, guardado e nem nós queremos, sabemos ou podemos ver. Por isso, quando surge nele um ato de entrega, de subida no colo ou manifestação de afeto, é algo muito verdadeiro, que não pode ser desdenhado. É um gesto de confiança que honra quem o recebe, pois significa um julgamento.

O homem não sabe ver o gato, mas o gato sabe ver o homem. Se há desarmonia real ou latente, o gato sente. Se há solidão, ele sabe e atenua como pode, ele que enfrenta a própria solidão de maneira muito mais valente que nós. Nada diz, não reclama. Afasta-se. Quem não o sabe "ler" pensa que "ele" não está ali. Presente ou ausente, ele ensina e manifesta algo. Perto ou longe, olhando ou fingindo não ver, ele está comunicando códigos que nem sempre (ou quase nunca) sabemos traduzir.

O gato vê mais e vê dentro e além de nós. Relaciona-se com fluídos, auras, fantasmas amigos e opressores. O gato é medium, bruxo, alquimista e parapsicólogo. É uma chance de meditação permanente a nosso lado, a ensinar paciência, atenção, silêncio e mistério. O gato é um monge silencioso, meditativo e sábio monge, a nos devolver as perguntas medrosas esperando que encontremos o caminho na sua busca, em vez de o querer preparado, já conhecido e trilhado.

O gato sempre responde com uma nova questão, remetendo-nos à pesquisa permanente do real, à busca incessante, à certeza de que cada segundo contém a possibilidade de criatividade e de novas inter-relações, infinitas, entre as coisas. O gato é uma lição diária de afeto verdadeiro e fiel. Suas manifestações são íntimas e profundas. Exigem recolhimento, entrega, atenção.

Desatentos não agradam os gatos. Bulhosos os irritam. Tudo o que precise de promoção ou explicação quer afirmação. Vive do verdadeiro e não se ilude com aparências. Ninguém em toda natureza aprendeu a bastar-se (até na higiene) a si mesmo como o gato! Lição de sono e de musculação, o gato nos ensina todas as posições de respiração ioga. Ensina a dormir com entrega total e diluição recuperante no Cosmos. Ensina a espreguiçar-se com a massagem mais completa em todos os músculos, preparando-os para a ação imediata. Se os preparadores físicos aprendessem o aquecimento do gato, os jogadores reservas não levariam tanto tempo (quase 15 minutos) se aquecendo para entrar em campo.
O gato sai do sono para o máximo de ação, tensão e elasticidade num segundo. Conhece o desempenho preciso e milimétrico de cada parte do seu corpo, a qual ama e preserva como a um templo. Lição de saúde sexual e sensualidade. Lição de envolvimento amoroso com dedicação integral de vários dias. Lição de anatomia, equilíbrio, desempenho muscular. Lição de salto. Lição de silêncio. Lição de descanso. Lição de introversão. Lição de contato com o mistério, com o escuro, com a sombra. Lição de religiosidade sem ícones. Lição de alimentação e requinte. Lição de bom gosto e senso de oportunidade. Lição de vida, enfim, a mais completa, diária, silenciosa, educada, sem cobranças, sem veemências, sem exigências.

O gato é uma chance de interiorização e sabedoria, posta pelo mistério à disposição do homem."

(Fonte: http://www.olhosdebastet.com.br)


sábado, 22 de maio de 2010

Cientistas americanos criam a vida artificial...?



O geneticista Craig Venter está bancando Deus por aí, por ter "criado" uma célula viva, ele modificou as informações genéticas do núcleo de uma bactéria e está cantando vitória pelo seu elemento sintético ter mantido viva a bactéria.


O que foi feito? Para criar um novo código genético, Craig serviu-se do material genético de uma outra bactéria (uma vez que ele é o responsável pela decodificação do genôma desde 2001), com este material, o geneticista fez algumas modificações, utilizando produtos químicos e sintetizadores. Criada a nova célula, ou melhor, célula diferente, ele introduziu na  primeira bactéria, e esta passou a reagir de acordo com as informações predeterminadas pelo novo código genético.

Simples de explicar não? Não sei entretanto onde está o grande feito dos americanos! Um cientista justificou que Deus deu sabedoria ao homem para que ele crescesse em ciência. Concordo, e acho que apesar da pretensão, as experiências novas não ferem em nada a soberania de Deus.

Para começo de conversa, o resultado final foi adquirido  graças aos elementos químicos que modificaram as informações genéticas naturais. OK. Quem criou esses elementos? Ainda que seja sintético, seria uma cópia do natural, e quem criou o natural? O Craig Venter? Não.

Que a vida orgânica é composta de matéria agregada, ninguém questiona. Existe porém um fator que não é manipulável, a animação da mesma, o que a mantém viva. O laboratório americano não criou "Vida" como propagam, apenas modificou situações especificas de uma vida que já existia!  Modificaram o DNA de uma simples bactéria.

Náo é contudo, um projeto de todo inútil, apesar de pretencioso. Eles podem utilizar esta tecnologia para modificar o DNA de células cancerosas por exemplo. Eles podem amansar o vírus HIV também. Melhor que ficar travando guerras inúteis com o Criador. Qualquer matéria prima que se utilize para criar uma nova "criatura" certamente virá das mãos do criador, ou ainda, como os cientistas também pretendem fazer, podem até criar DNAs distintos (desconhecidos) mas  ainda assim não foge das mãos do Criador. Me lembra muito uma recreação que faço no Orkut...

Não existe aqueles sites com aquelas mensagens lindas e textos que vem com os códigos pra gente enviar para os amigos? Então, eu gosto de estribuchar estas mensagens preconcebidas por outras pessoas e criar  a minha própria. Eu pego uma imagem aqui, um tipo de fonte lá, um design acolá, e geralmente ponho o texto que eu escolhí, enfim mudo o código. E ainda assino! Foi minha criação, mas quem disponibilizou a matéria prima? - O site. É fato ainda que eu posso criar meu próprio site, foi uma comparação um tanto grosseira, porque duvido que algum dia alguém possa criar seu próprio Universo, com matérias totalmente distintas das já existentes; algo que não venha da matéria prima que está disponível há tanto tempo que não se pode contar!

Crede em mim, se eu - uma simples mortal - estou achando-os patéticos (sob determinado ponto de vista), Deus o Criador não deve estar se importando, mas eu não tenho procuração para falar por Ele, como a "Igreja" assim o pretende... e olha só nem o Vaticano se pronunciou contra! Para ver como a polêmica é mais virtual que real.


sábado, 15 de maio de 2010

Música ao Longe


Música ao Longe de Érico Veríssimo, foi o primeiro livro que li na vida. Lembro-me bem, eu tinha 8 anos, recém alfabetizada, me vi diante daquela brochura, de páginas amareladas (de fábrica), com 195 páginas, que parecia de uma espessura enorme! Para mim naquela época era algo equivalente ao "O Código da Vinci" de Dan Brown!

No entanto eu cresci, mas parece que foi o livro que encolheu! Eu leio-o em minutos, até porque já sei o enredo de trás para frente. E é aí que eu queria chegar: no enredo. Na verdade, quero tratar dos pormenores do enredo, que fala da decadência rural, e da consequente falência dos laços familiares e de amizades. Resumindo, quem era amigo deixou de ser, ou virou inimigo mesmo. Tudo por la plata! Tudo isso no cenário gaúcho, RS, terra do autor.

Mas é claro que não são estas as recordações que me ficaram da leitura de infância, aliás desde menina a mesma ideia me cerca: poesia, escola, e claro romance.  Talvez eu seja a última romântica... Lembro-me da primeira imagem do livro: Clarissa - a professora, fazendo um desenho no quadro-negro, e as crianças palpitando. Após desenhar uma vaca, o menino Terêncio se pronuncia: -"Fessora, faltam as mamicas!" - E Clarissa pede-lhe que tenha modos. Que cena pitoresca! Se falar sobre as "mamicas" de uma vaca fosse a falta de modos dos alunos contemporâneos, o mundo estava a salvo!

Aliás, Erico Veríssimo tem essa característica descritiva, fotografia minuciosa, que nos transporta para dentro da cena contada... Se bem que é um perigo ser transportado para dentro de determinados livros, como por exemplo a trilogia o Tempo e o Vento do mesmo autor, são anos de guerras! Periga no mínimo sairmos com arranhões das trincheiras... 

Voltando ao livro em questão, Clarissa é uma professora de 16 anos, que por não ter com quem falar, pela falta de amizades, escreve diários (ela adoraria a Era dos Blogs!), e gosta de ler poesias, certa vez frustrou-se ao descobrir que seu poeta favorito era um velho gorducho e não um galã de cinema. Era uma menina que idealizava as coisas, que convivia com os seus, mas gostava mais da realidade paralela que criara para si, onde permaneciam seus colegas de infância, que agora crescidos, se portavam como gente séria e mal olhavam-na na cara.

A personagem coadjuvante do livro é Vasco, apelidado Gato-do-mato pelo seu jeito rude, fugidio e orgulhoso de ser. Vasco é primo de Clarissa por parte de mãe, na verdade ele é filho de Zuzu, prima do pai de Clarissa. É curioso, porque Vasco com seu jeito comunista, porém sem pertencer a nenhum movimento da espécie, toma a trama para sí e faz com que torçamos por ele. Ele é um tipo de príncipe encantado às avessas e Clarissa a gata-borralheira. Pra quem tem um primo de mesma idade é comum torcer por um romance entre primos. Vasco é aquele tipo que fala a verdade na cara, mas que às vezes ultrapassa os limites da franqueza e torna-se grosseiro. Mas não é uma falha de caráter, é uma forma de se defender.

É uma outra marca de Erico, o uso da psicologia, ele pertence ao rol de Clarice Lispector, que usa a psicologia pra justificar suas personagens. Se bem que essa afirmação fica por conta dos críticos e estudiosos, dúvido que o autor tivesse um manual de Freud ao lado enquanto escrevia seus romances! Acho que era sabedoria, anos de vivência mesmo.

A personagem Clarissa, vem de um romance homônimo de 1933, Música ao Longe é de 1934, e não sei se estava nos planos do autor mas  Vasco roubou tanto a cena que ganhou um romance próprio, Um Lugar ao Sol (1936), rebaixando a jovem Clarissa ao papel de coadjuvante! (Não é só na novela Viver a Vida que a coadjuvante ganha mais destaque que a protagonista...)

E apesar de toda torcida, a mocinha não ficou com o mocinho no final! Em Música ao longe eles rasgaram uma seda recíproca, em Um Lugar ao Sol, alguns abraços, e apesar da forte paixão que sentia, o jovem não quis se prender. Uma vez Gato-do-mato, sempre Gato-do-mato! E nem posso dizer que isso só acontece em livros, por que eu sei que existem de fato bichos ruins que deixam mocinhas a ver navios.(...) No entanto, alguns anos depois Érico Veríssimo enfim realiza o casamento dos dois pombinhos em Saga (1940), mas este livro eu ainda não lí, então prefiro não comentar...

Post Scriptum:"O amor que ainda não se definiu é como uma melodia do desenho incerto. Deixa o coração a um tempo alegre e perturbado e tem o encanto fugidio e misterioso de uma música ao longe... "  32° ed. Pg. 30


sábado, 8 de maio de 2010

Perdidos da Selva


Peço licença para defender uma causa importantíssima...

A grande maioria do povo brasileiro (e português) o possui embora estatistícas provem o contrário. Na verdade as estatísticas mostram apenas que não pertencem a mesma família, a sua origem perdeu-se pelo mau uso...

Sim falo do sobrenome SILVA. Silva vem do latim e significa selva, floresta; mas pouco ou nada tem a ver com os povos que vivem nestes lugares, portanto não é nome de índio, é um nome Europeu, só por vir do latim já indica que é europeu (creio eu), se fosse Muricy por exemplo, apesar de soar bem, este sim é Tupi. A primeira felizarda família a adotar o Silva por sobrenome viveu no século X  no norte da península Ibérica (Espanha), e fazia parte da nobreza; a nacionalidade portuguesa nem existia!

No entanto Portugal e Brasil é onde se encontra este sobrenome mais comumente, por fatores históricos. A disseminação do nome foi feita pelos portugueses, que pra começo de conversa trouxeram seus modus vivendis para a américa latina, e nessa de exigir nome e sobrenome, quem não tinha uma linhagem, adotava a que mais lhe agradava, foi aí que os habitantes do Brasil colônia - índios, escravos africanos e locais - tomaram pra sí o sobrenome da realeza.
  
Silva também foi tomado por imigrantes que pretendiam anonimato, ou seja, queriam romper vínculos com a Europa. E assim Silva virou tão comum, que buscar um José da Silva na lista telefônica levaria anos, e sem sucesso!

Silva possui até brasão, que logicamente não pertence a todos os Silvas, mas a uma única família, proveniente de Sofia, uma região que fica a leste do Canadá, que foi colonizada por franceses, mas que mantém hábitos portugueses graças a Henri Menier, um frânces descendente de antigos portugueses da região, os mesmos que falharam na tentativa de colonizar o local para os franceses. Isso que é um cidadão fiel às suas origens!


O mais jovem indivíduo desta família atende pelo nome de Marcelus Silva, e seu brasão foi regitrado na corte heráldica de Sofia a 17 de outubro de 2004, seu título é de Rei das Armas. Como a monarquia faliu há um bom tempo, fica mais como uma simbologia. Ele pode se gabar que ele pertence a única família Silva que possui brasão... Grande coisa! (...)





Mas nem tudo é Silva! Existem os nomes que possuem sua raiz em Silva, como Silveira, Silvério, Silvino, Silvana, Silvio... Todos possuem o mesmo significado e ninguém diz que é "nome de pobre"!  Aliás deve existir tantos mendigos com sobrenome chique pelas praças! E por que não citar os famosos Silvas? Eu queria ser pobre como o Fausto Silva - vulgo Faustão. Cada relógio dele deve custar a minha casa - que não é barata!


Falando em riqueza, "quem quer dinheiro?"-Diz Silvio Santos todos os domingos desde que me conheço por gente, e o dinheiro não acaba! É fato que o nome dele não é Silvio, e sim Senor Abravanel, mas seu nome artístico ou pseudônimo não lhe extraiu a sorte, não é?
E nosso saudoso ÚNICO CAMPEÃO  de Fórmula 1 brasileiro Ayrton Senna da Silva? Depois dele a fórmula 1 nunca mais foi a mesma para os brasileiros. Não consta que ele fosse pobre, a Xuxa não se prestaria a namorá-lo se fosse(...) Até gringo entra naquela dos Silvas indiretos, por exemplo Silvester Stallone. Silvester é o mesmo que silvestre, que por sua vez significa da selva, logo é Silva também!

De ex-presidentes constam quatro na minha lista: Artur Costa e Silva - esse não deixa dúvidas! Epitácio Lindolfo da Silva Pesssoa: vamos combinar que o Silva era o menor dos seus problemas referente ao nome...

Ainda teve o Jânio da Silva Quadros, e o atual, e em breve ex-presidente (inshallah!) Luís Inácio Lula da Silva! Até o ex-vice é Silva! (José de Alencar Gomes da Silva).




Post Scriptum: Conclui-se que Silva é um sobrenome nobre em sua origem que veio se popularizando com o tempo e com o uso. Virou sinônimo de comum, e comum por sua vez virou sinômimo de pobre. Mas é tudo uma questão de opinião. Eu sou Silva sim, e daí?


terça-feira, 4 de maio de 2010

Eu e o Tempo





Feliz deveria ser Benjamin Button (de "O Curioso Caso de Benjamin Button",  do diretor David Fincher) que vivia a cronologia inversa do tempo! No entanto na medida que o tempo passa - pra trás ou pra frente - o mesmo trás consigo encargos, e sempre haverá alguém lhe apontando o dedo, seja para acusá-lo de infantil ou pra considerá-lo um velho ultrapassado, independente da sua idade.

O fato é que existem pessoas que não se encaixam no tempo, do mesmo modo como lhe é exigido pela sociedade. Sua alma cultiva e sobrevive de sonhos venturosos não de práticas cotidianas. Mesmo suas práticas revelam a essência atemporal do seu ser. 

Existem pessoas sensíveis que mantém seu lado criança, como Michael Jackson, que sofreu tanta discriminação por ser quem era. O que não o impediu de ter maturidade pra criar com excelência a sua arte, e educar seus filhos, que era afinal, o que importava pra ele.

"Estrada afora após segui... Mas, ai,
Embora idade e senso eu aparente,
Não vos iluda o velho que aqui vai;
Eu quero meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino... acreditai...
Que envelheceu, um dia, de repente!... "
"Recordo Ainda..." Mario Quintana  

Então qual é a sua idade? Você se encaixa no perfil pré-programado às pessoas de mesma idade? Se é adulto, você é sério, trabalhador, insensível, lógico, machine-man? Ou será sonhador, criativo, brincalhão, espontâneo e cativante como uma criança?

Feliz é aquele que tem esta essência atemporal e sabe vivê-la plenamente, a despeito dos códigos de conduta vigente. Pior é quando tentamos vestir a todo custo a carapuça que não nos serve, só pra nos sentirmos incluído no grupo de pessoas compenetradas e respeitáveis que sequer desconfiam que têm alma.

"O velho Leon Tolstoi fugiu de casa aos oitenta anos
E foi morrer na Gare de Astapovo!
Com certeza sentou-se a um velho banco,
Um desses velhos bancos lustrosos pelo uso
Que existem em todas as estaçõezinhas pobres do mundo,
Contra uma parede nua...
Sentou-se... e sorriu amargamente
(...)
Então a morte,
Ao vê-lo tão sozinho àquela hora
Na estação deserta
Julgou que estivesse ali à sua espera,
Quando apenas sentara para descansar um pouco!
A morte chegou na sua antiga locomotiva
(Ela sempre chega pontualmente na hora incerta...)
Mas Talvez não pensou em nada disso, o grande velho,
E quem sabe se até não morreu feliz: Ele fugiu...
Ele fugiu de casa...
Ele fugiu de casa aos oitenta anos de idade...
Não são todos os que realizam os velhos sonhos da infância!"

"Poema da Gare de Astapovo" - Mario Quintana


Post Scriptum: Ter essência atemporal nem sempre implica em gostar de brinquedos, roupas cor-de-rosa (no caso das meninas), ou qualquer símbolo infantil. Muitas vezes se mostra no comportamento delicado, quase sem malícia às vezes, franco. Entre outras coisas...



Asta la Vista!


O Coelho Branco


O coelho branco é a encarnação do homem civilizado, com seus freios sustentados pelo tempo, compactado pelos relógios e calendários. "Ai, ai, ai é tarde até que arde! Ai, meu Deus é tarde!"

No entanto, esta figura aparece pela priemira vez em Alice no País das Maravilhas de Lewis Carrol, e vem sendo utilizada como aquele que remete a uma outra realidade, ou a uma realidade paralela. Ele sempre apresenta um contraponto entre vida real e imaginária de cada indivíduo, ou ainda em meio de chegar a certas respostas que o senso comum não alcança.


Pra citar alguns exemplos, na série LOST, no quinto capítulo da primeira temporada intitulado White Rabbit, onde Jack é levado pela imagem do pai (o homem civilizado e de frios conceitos) até uma fonte de água potável,  na ilha deserta em que se encontra. Flashes mostram que o pai de Jack era uma figura de hábitos duvidosos, e lhe transmitia ideias como "não se arrisque e não acontecerá nada de errado". O que doeu na consciência de Jack ao deixar Joanna morrer  afogada antes que ele conseguisse se arriscar a salvá-la. (Os mais entendidos sobre LOST pode me corrigir sobre os pormenores do episódio, caso esteja errado!)   


No filme Alice no País das Maravilhas de Tim Burton, ao voltar do mundo subterrâneo, Alice trás como lição a faculdade de acreditar no impossivel  (coisa que ela tinha como fantasia de infância), e de modo perspicaz, o diretor atribui a Alice a ideia da Inglaterra travar negócios com a China, um projeto bastante ousado para a época, mas que historicamente ocorreu após a Guerra do Ópio (1839-1842), onde a China perdeu o território de Hong Kong para Grã-Bretanha, e só o recuperou em 1999 mediante acordos díplomáticos.  


Em Matrix, logo no início do filme um Hacker de computador está adormecido em frente ao seu computador. Ele é Thomas Anderson, conhecido como Neo (Keanu Reeves).Uma mensagem misteriosa aparece na tela:"Acorde Neo!"  É o coelho branco que convida Neo para conhecer uma outra realidade (no caso a verdadeira). Matrix é cheio de gnosticismo, os cristãos tradicionais mais entendidos não devem gostar, há quem considere Neo o anticristo! Sem entrar no mérito da questão, aqui fico com o coelho branco, que mais uma vez surge pra mudar a realidade de quem conhece o mundo para o qual ele leva-nos. Curiosamente ninguém hesita diante do convite sedutor do coelho, principalmente quando descobrem que como num sonho coisas fascinantes podem acontecer devido a escolhas deliberadas!


O senso comum trabalha através da lógica, mas nem tudo que é lógico é verdadeiro, como bem disse o médico psiquiatra Flavio Gikovate. Todos os cientistas antigos acreditavam que a terra era o centro do universo, era lógico na concepção deles. No entanto Galileu ousou ir contra a lógica  e provou que a estrela maior é o Sol e que a Terra gira ao seu redor. Pobres terráqueos pretensiosos!


Estas histórias convenientemente denominada ficção, alimentam a alma humana, cada vez mais perdida em meio a convenções e tipos. Quem acha que Alice no País das maravilhas é um filme para meninas, delicie-se com LOST ou Matrix, e estarão seguindo o coelho branco da mesma maneira!


Post Scriptum: "Ei! Psiu! Acorde! Siga o coelho branco!