quinta-feira, 28 de abril de 2011

Epístola




Sabe, a vida seria trágica se não fosse cômica. Embora mesmo cômica me rendeu certos mares de lágrimas...
A raça humana é tão duvidosa, que mesmo eles desconfiam de si, e criaram registros de papel pra provar que de fato existe, tudo que eles criam. Até mesmo eu, não fosse um pedaço de papel comprovando, talvez fosse uma miragem.
É compreensível. Certas palavras num papel em branco (ou um blog de fundo rosa...) revelam muito sobre uma pessoa. Talvez seja por isso que escrevo tanto; vou tentando a cada palavra, revelar algo sobre mim que nem uma autópsia descobriria!
Um papel escrito é algo palpável sobre o que ninguém vê, e há os que mesmo com esse registro não conseguem enxergar... E vou escrevendo compulsivamente, deixando meu legado. Já que hoje ninguém me conhece, fica a prova de que eu existi pra posteridade.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Procurando-me em Nemo





Alguns fatos recentes fizeram-me lembrar de Dory, ou Dóris como na dublagem de Procurando Nemo. Na verdade o filme inteiro é genuíno e muito familiar apesar de eu não ser um peixe-palhaço como Nemo e seu pai, nem um Paracanthurus hepatus (cirurgião patela) como a Dóris.



Nemo é um peixinho com uma deficiência em uma das nadadeiras que por isto mesmo era superprotegido por seu pai, que acreditava que ele não podia fazer certas coisas como um peixinho qualquer. Nemo virou chacota no meio social (bullying) como todo ser estranho, e não era por sua deficiência, mas pelo que ele acreditou que de fato não podia fazer, até tomar coragem para nadar em mar aberto, o que o fez ser capturado por um nadador e ser posto num aquário.

Os mais pessimistas dir-me-iam agora: “Viu só? Ele não podia sair mesmo, se ele não tivesse saído nada disso teria acontecido.” Verdade, se ele não testasse suas reais aptidões não teria filme, e no filme ele jamais teria chance de se tornar o herói do aquário. O que acontece com uma bexiga sufocada de ar? Ela explode. Marlin, pai de Nemo sufocou tanto com seu amor o pequeno Nemo, que ele explodiu, a ponto de fugir ignorando os perigos do mar aberto. Se bem que como um peixe, os perigos do mar faziam parte da sua vida natural, como o próprio Marlin constatou mais tarde superando todos eles!


A procura de Nemo, Marlin encontra uma figurinha carismática chamada Dóris, aí vem outra familiaridade, ela sofria de perda de memória recente, tinha pequenos lapsos que em nada atrapalhavam sua rotina. No meu caso, não sofro de perda de memória, mas de ausência, ou lapsos de consciência, é bastante parecido e não menos engraçado para os não adeptos de tragédias Shakespearianas.



É curioso ouvir o relato de fora, e baseado nisto recuperar a memória do instante em que minha consciência não estava apta para isso. Eu só perco mesmo a lembrança do momento quando não há ninguém que se indigne a me contar com bom humor o que se passou. Sim, porque dependendo do tom, não é um relato, e sim uma crítica, como se eu fosse culpada de algo – quem mandou querer nadar em mar aberto?


Essa relação com o filme eu recebi recentemente. É estranho como pessoas que caem de paraquedas no assunto, lidam melhor com a situação do que outras versadas no tema há pelo menos uns quatorze anos... Disseram-me que a memória de Dóris era estimulada pela companhia de Marlin, com a fuga de Nemo ele já havia aprendido a lição de que não se deve subestimar a capacidade das pessoa apenas por pequenas deficiências ou dificuldades, então seu carinho por ela foi o grande agente transformador de sua própria vida e da dela, afinal ela até conseguiu decorar o endereço que estava na máscara de nadador no fundo do mar, que indicava o destino do barco que levara Nemo: “P. Sherman, 42, WallabyWay, Sidney”.



É tudo uma questão de bom senso com uma leve pitada de generosidade, sabe o velho ditado que diz que de boas intenções o inferno ta cheio? É por aí. O importante é saber que todo ser humano “dá defeito” uma vez ou outra, enxaqueca crônica, por exemplo, é um defeito, não dá pra avisar assim que amanhecemos: “Hum, hoje vou ter enxaqueca!”, a menos que despertemos com a dor, o que é fato corrente pra quem padece do mal.

Talvez possam me criticar por estar falando de doença, mas ora! Eu não estou falando de doença, estou falando de uma história cômica que guarda íntimas relações com meu Eu, meu superego, talvez o único que realmente saiba com riquezas de detalhes o que ninguém nunca me contou, por maior o esforço, afinal, uma cena vista de fora, não é a mesma cena vista de dentro. Concordam?


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sábado, 16 de abril de 2011

Análise SWOT aplicada ao Futebol






Quem disse que futebol não é um bom negócio? Ninguém. Mas eu precisava de uma frase pra iniciar o post. Eu, uma garota não muito atlética, um tanto quanto ociosa na maior parte do tempo, até pelos hobbyes que cultuo como escrever; certo dia eu vi-me engajada numa tarefa beneficente: Um campeonato de futebol entre salas para arrecadar fundos para a Ação de Cidadania promovida pela minha turma na ETEC.






Essa turma de ADM é muito proativa, eu entrei no clima, e de repente estava na quadra jogando uma bela partida de futebol, só faltou a trilha sonora do Skank! Tudo bem que perdemos o jogo... faz parte né? Mas, pra quem nunca jogou nada além de futebol de botão, foi maravilhoso!





Arrecadamos um bom dinheiro com o jogo, feminino e masculino para a Ação de Páscoa, sendo que já fizemos a Ação pelos idosos, com histórias emocionantes e Ação do Dia das Crianças.





E não é que o negócio faz bem? Libera adrenalina, relaxa. Pensei até que por esta sensação é que chamavam este esporte de pelada, mas de todas as pesquisas feitas, nenhuma correspondeu a minhas expectativas. Pelada refere-se a isenção de regras, nos jogos informais de rua.






Pra melhorar, na aula de Gestão Empresarial II, a professora Daniela Castelhano decidiu demonstrar na prática a análise SWOT aplicada ao futebol. Não foi uma iniciativa original, mas foi inovadora nesta unidade do Centro Paula Souza. Foi feita algumas exigências como time misto (meninos e meninas), she leaders, um (a) técnico (a), um (a) assistente de técnico (a), e o restante de torcida organizada.





Cabia aos alunos dentro de quatro jogos e uma final, analisarem as Forças, as Fraquezas, as Oportunidades e as Ameaças do conjunto. Como é fácil ver, SWOT em português vira FOFA, sem glamour, então seguirei com a sigla em inglês. Dois professores de Harvard criaram essa técnica para melhor gerenciamento de uma empresa ou um negócio em geral; e como não podia ser diferente, é um método funcional, basta aplicar os conceitos de Strenghts, Weaknesses, Opportunities, Threats numa matriz, para uma melhor visualização, e definir a estratégia baseado no que foi analisado.




Eu não poderia definir aqui o resultado do trabalho porque é um espaço público e se trata de uma atividade totalmente privada. Só não me privo de uma informação que logicamente não interferiu diretamente na avaliação da professora (até porque seria covardia!) que foi o placar do jogo. De dois times formados (Azul) Tubarão Branco x (Vermelho) Dinamite, o placar foi de exatos 28 x 07 para o meu time “White Shark”, com direito a she leaders uniformizadas e tudo!




Segundo opinião externa, meu time com rapazes franzinos, além da moça que vos fala, não teria grandes chances contra os brucutus do time adversário. Mas, as aparências enganam aos que odeia e aos que amam... Já dizia Elis Regina! Técnica e estratégia valem mais que força física, foi o que afinal mostrou o resultado final, não necessariamente o placar, mas até o aspecto emocional dos adversários interferiu no andamento do jogo, dentro de cinco jogos eles venceram um, justo no dia que o nosso técnico Luiz Eduardo Lazarim decidiu que a prioridade não era ganhar, mas analisar nossa defesa.




Mea culpa, mea culpa, mea máxima culpa! Como uma espécie de zagueira, quando o jogo dependeu da minha atuação o adversário venceu... Mas, o goleiro tava lá pra isso também! Foi uma atividade interessante, sem desgastes, foi ótimo. Sem preconceitos, mas a parte feminina era uma fraqueza de ambos os times com exceção da Bruna Franco que fez o 28° gol!



A SWOT é uma análise que pode ser feita em qualquer âmbito prático de onde necessitamos tirar uma estratégia pra atingir determinados resultados. O futebol é só um deles, a diferença é que jogar e estudar, ao mesmo tempo, foi uma Força desta aula, do meu ponto de vista, pois uniu o útil ao agradável. Há quem prefira os métodos tradicionais de matéria na lousa e prova, decoreba, e afins. Gosto não se discute, mas, que a Professora Daniela Castelhano deu uma bola dentro com esta aula, a despeito das opiniões controversas, ela deu!










sexta-feira, 1 de abril de 2011

Descartes e a Razão

O mundo é quase composto de duas espécies de espíritos: aqueles que, julgando-se mais hábeis do que são, não resistem a precipitar seus juízos, nem têm paciência bastante para conduzir por ordem seus pensamentos, e os outros que, por razão ou modéstia, achando que são menos capazes, contentam-se em seguir as opiniões dos outros. De minha parte acho que nada se pode criar ou imaginar de tão estranho que já não tenha sido criado ou pensado anteriormente por artistas ou filósofos.

Nenhuma razão pode estar tão afastada a que ela não se chegue por fim, nem tão oculta que não se descubra. É nisto que reside o segredo dos antigos filósofos que souberam outrora subtrair-se ao império da fortuna. Ocupando-se constantemente em considerar os limites que eram prescritos pela natureza, persuadiram-se de que nada estava em seu poder além dos próprios pensamentos. E sendo senhores apenas dos seus pensamentos podiam considerar-se mais ricos e poderosos, livres e felizes que quaisquer outros que, não tendo esta filosofia, por muito que sejam favorecidos pela natureza e fortuna nunca chegam a este poder.

“Discurso do Método” René Descartes (1596-1650), tradução Newton Macedo.

René Descartes teria maior razão, creio eu, se ele considerasse que, se o homem pudesse alcançar alguma verdade apenas por seus próprios métodos e raciocínio a humanidade já estaria bem mais evoluída no que se refere a caráter ou moral e ética, além do que a sua própria relação com o meio ambiente seria mais saudável.

Como não é o que vemos, e provavelmente Descartes também não via no século XVII, suponho que a razão repousa longe da teoria do nobre filósofo. Se bem que, qualquer conceito sobre algo já é melhor do que a completa ignorância, com excessão do preconceito, que este geralmente é parte integrante da ignorância. Eu tenho o meu conceito de verdade fundamentado na fé e não na razão.

“Nada há encoberto que não haja de revelar-se, nem oculto que não haja de saber-se” (Mateus 10:26)

Algo semelhante foi escrito por Descartes, só muda o sujeito da oração, um aponta o homem que chega e descobre as verdades ocultas, o outro aponta um sujeito indeterminado revelando-as. Eu poderia determinar o sujeito, a fonte de onde extraí o versículo já é, ela toda, testemunho do sujeito, mas não cabe a este texto.

O que diferencia uma tese da outra é que, segundo Descartes, quem não se julgava senhor de seus pensamentos nunca chegaria às glórias propostas por sua ideia, ao passo que no versículo a glória é mais abrangente, o que na verdade não é glória é graça, e todos estamos sujeitos a revelação, não apenas os que adotam esta filosofia.

Não precipitemos nossos juízos nem andemos segundo a opinião alheia. Existem convenções na contabilidade, estudadas em Administração, uma delas é a do conservadorismo que determina o caminho do meio nas negociações, pelo menos até que alcancemos o caminho, é melhor ponderar nossas ações sem altivez ou subserviência.