domingo, 19 de outubro de 2014

Grupo Evolução - Migrações





Em dezembro de 2010 escrevi aqui sobre um evento de dança promovido em Francisco Morato onde participaram alguns grupos da região, entre eles o Grupo Evolução. Este grupo surgiu por volta do ano de 2003, quando seu criador o professor Adilson Bezerra que então participava de um projeto a Academia Arte da Rua por questões pessoais precisou deixar a academia, foi então que suas alunas do grupo de jazz infantil questionaram se ele não tinha interesse em continuar dando aula para elas.

Foi então que Adilson, se formando educador físico e nutricionista, teve a iniciativa de criar um projeto social no município que envolvesse dança e ginástica, então reuniu jovens que devidamente capacitados pelo professor passaram a se apresentar em festivais na região. A cada festival o grupo criava um nome, pois não tinham ainda uma identidade formada.

Com o tempo, porém, o grau de maturidade dos bailarinos foi evoluindo, a sinergia entre os membros foi criando o que hoje é o Grupo Evolução. A arte do grupo é composta por coreografias limpas, figurinos bem elaborados, discretos, ressaltando a arte da dança e nada mais. As primeiras coreografias foram criadas pelo próprio Adilson, agora outros coreógrafos já emergiram do próprio grupo, que é o caso do Edimilson dos Santos Junior, que ajudou a coordenar um dos melhores momentos da carreira do Grupo Evolução: o espetáculo Migrações.

Em 2010 pude assistir uma das primeiras leituras sobre este espetáculo que retrata a migração do povo nordestino para as capitais do sudeste em busca de melhores condições de vida, trabalho e saúde. Em 2013 pude prestigiar uma releitura do espetáculo, que contou com um elenco maior, efeitos visuais e cenários diferentes e uma qualidade que o tempo trouxe aos bailarinos.

No evento denominado Quarta-quarta, (a quarta quarta-feira do mês) Francisco Morato promovia eventos culturais, e numa dessas oportunidades pude rever o espetáculo Migrações e compartilhar um pouco com vocês.




As imagens foram precárias, mas isso não muda o fato de que foram coreografias muito bem delineadas e que o enredo foi muito bem conduzido por uma trilha sonora muito bem escolhida. Esse mesmo espetáculo contou com uma participação especial de Norton do Carmo, um profissional de Porto Alegre que traz em seu currículo eventos no Holiday On ice, Oba Oba Show, cassinos de Las Vegas e Broadway com quem Adilson Bezerra hoje trabalha viajando o mundo inteiro levando a dança pelos cruzeiros da Cia. Costa!

No Grupo Evolução já existem bailarinas começando carreira internacional, atrizes como a Jaqueline Costa, e muitos outros talentos. Com força de vontade, disciplina e caráter coisas boas acontecem! Assim como finalizei no post anterior, ao Grupo Evolução que permanece até hoje, desejo sucesso!



quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Escola em Tempo Integral



"Cada vez mais amadurecemos tarde e mal. Somos crianças tendo crianças." Lya Luft

Sou ferrenha defensora das escolas e do ensino em geral, e principalmente o público que teve um papel fundamental na minha formação. Por isso mesmo eu sei o quanto são precários os recursos das escolas públicas e foge da fantasia das propostas políticas!

Realidade de quem mora na esquina de uma escola pública:

A escola dá lanche na hora da saída. Geralmente maçãs. Adivinha no portão de quem vem sobrar os restos das frutas?

Todos os dias os alunos saem da escola fazendo um barulho bizarro, não lembro se minha turma era tão truculenta, só sei que celular tocando funk não tinha! Adivinha onde eles se reúnem para trocar figurinhas, ou às vezes para trocar tapas, socos e puxões de cabelo? 

Final de ano letivo, os alunos saem aos gritos rasgando as folhas dos cadernos e dos LIVROS DIDÁTICOS dados gratuitamente nas escolas. Adivinha aonde vem parar essas folhas todas? Até as que ficaram mais acima o vento ou eventualmente a chuva trazem para baixo.

Essa geração já é aquela que cresceu sem pai, nas creches ou na casa da avó ou da vizinha enquanto a mãe trabalha. Essa é a geração onde as mães vão bater na professora que disciplinou seu filho, coisa que ela não fez, pois mal via a cara da criança. Geração cujos pais adotaram a política do "não pode bater em criança". Gerações cujos pais reclamam que o governo não dá UNIFORME e por isso os filhos não têm como ir à escola... Geração que acha que pode bater nos professores, ou se criar para cima de professores que possuem anos de profissão e antes deles nascerem de uma "noitada" já lecionavam, provavelmente enquanto seus pais cabulavam aula.

Agora querem deixar essas criaturas em tempo integral nas escolas? Pretendem aumentar o salário dos professores e dos demais funcionários também? Criança precisa de família! Criança precisa de identidade, e quanto mais distante da família mais eles vão se identificar com a cultura que lhes impõem desde o berço: a rua.

No livro Perdas & Ganhos, Lya Luft compartilha a mesma ideia, ela diz: “A fragilidade do relacionamento familiar ou suas eventuais catástrofes, nossas inseguranças, o dilúvio de informações contraditórias para as quais não temos muito discernimento, tornam cada vez mais difícil educar. Então delegamos isso à creche, ao jardim, à escola, ao psicólogo, à turma de amigos." Juventude não deve ser sinônimo de irresponsabilidade, que mãe quer ver seu filho mal? O pior é que as influências nocivas desses métodos de educação não são vistos em curto prazo, então parece realmente prático.

O Brasil não tem estrutura para implementar Escolas em Tempo Integral. Vai virar apenas mais um depósito de gente igual as creches! Só não comparo com os presídios porque neste último a tecnologia é mais avançada!

Não sou contra creches, embora eu não tenha frequentado nenhuma, muito menos contra escolas, seria contraditório a essa altura do campeonato. Sou contra o exagero, o relaxo, a irresponsabilidade, o abuso, pois vejo de tudo desde mães que realmente precisam colocar a criança na creche a mães que não mudam o turno no trabalho para não perder o auxílio creche dado pela empresa! A empresa não paga para ela mesma cuidar do filho antes de ir trabalhar.

Meu raciocínio é o seguinte: Venceu a licença a maternidade, antes de completar 1 ano a criança vai para a creche e lá fica até entrar no jardim, depois na escola, uma vez na escola ela fica período integral, depois aos finais de semana inventa uma aula de dança, de natação, desenho qualquer coisa que tire a criança de casa para facilitar a faxina, quando cresce essa pessoa já não precisa dos pais, e ai destes se precisarem do filho!  

Será exagero? Melhor errar por exagero que por negligência.


“Criar é inserir numa cultura que se sobrepõe ao natural. Pode ser repetitivo e tedioso, problemático. Passamos do extremo da educação rígida à deseducação simplista." Lya Luft

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Não adianta?





Quando um bebê começa a crescer e se desenvolver a primeira expectativa é quando essa criança vai começar a falar e engatinhar, quando ela engatinha logo vem a espera pelo primeiro passo. Quem engatinha e anda, anda para frente, até podemos andar de ré, mas ninguém ensina uma criança a dar o primeiro passo para trás.

A criança também pode dar voltas num mesmo quarteirão quando o espaço é curto, mas se não fosse, ela seguiria adiante. Quando crescemos o conceito se inverte. Essa palavra adiante vem do latim DE, “de”, mais INANTE, “à frente”, é uma variante de adiantar.

Quando adolescente ouvi muitos “não adianta” tentar, pedir, fazer, nada adiantava para quem me dizia. Depois de adulta a mesma ladainha “não adianta”; sempre me questionei por quê. Essa resposta ninguém me deu de forma satisfatória, inventaram uma série de motivos nada convincentes saúde (ou suposta falta de), o clima, dinheiro (ou falta de), prazo. Para mim o sinônimo de todos esses motivos era falta de interesse em cooperar.

Geralmente, o raciocínio de quem tenta deter nossos sonhos com essa ladainha é que existem coisas que não voltam atrás, ou seja, às vezes temos alguma doença que a princípio nos impede de fazer algo, pelo menos com a mesma facilidade do que a grande maioria das pessoas. Aí por não poder fazer igual a conclusão imediata é que não adianta tentar. O fato de algumas coisas não voltarem atrás não significa em hipótese alguma que não podemos seguir em frente, tentar alternativas.

Tive tantas pedras de tropeço na minha frente que quando aparecem outras sem um motivo convincente eu fico com dois pés atrás e três adiante. Quando dou a chance de explicar, ficam iguais crianças aprendendo a andar em espaço pequeno, dando voltas. Tentam nos impor limites que elas mesmas colocam para si, ops! Acho que não fui muito autentica nesta afirmação, na verdade é um clichê, ou nós criticamos nos outros os nossos defeitos projetados ou podamos as qualidades que não temos coragem ou capacidade de reproduzir.

Todos estão sujeitos a essas duas vertentes, e agora o que eu mais quero é propagar uma qualidade que eu adquiri a duras penas, que é correr atrás dos meus objetivos. Não passando por cima dos outros, jamais, mas sempre que posso busco alternativas. A corrupção, a injustiça, a pobreza são coisas que existem no mundo, e sempre vão existir, mas muitas situações permaneceram e se acomodaram porque uns e outros acharam que não adiantava tentar mudar. É muito melhor morrer tentando que viver com a incerteza do que aconteceria se tivesse tentado. Pior é acreditar que não dá sem tentar; isso tem nome: má-vontade.

Apesar de achar uma inutilidade sem tamanho escalar o Everest, muitos morreram tentando, eles não estariam mais felizes se não tivessem tentado. Acho que cheguei a um exemplo extremo. Escalar o Everest é motivado pela vaidade, e isso é sempre ruim, mas concentrando no verbo adiantar, é uma ação necessária que só existiu movido pela vontade. A vontade que nos move também deve ser considerada.

O que eu ganhei batendo pé contra todas essas situações? Simples, eu segui adiante. Não eram motivos egoístas, eu queria trabalhar, estudar, namorar, noivar. Agora quero casar, ter filhos, ser promovida na empresa. Nada disso se faz sozinho, são sonhos que se sonha junto! Citando Raul Seixas. Infelizmente conheci pessoas que pareciam sonhar comigo, mas na verdade elas apenas sustentavam um papel nada autêntico que ao primeiro sopro de conflito mostraram a que vieram, ou o que não estavam dispostos a fazer para colaborar.

Descobri cedo que só Deus colabora comigo. E sendo assim todo o resto não importa, serve de testemunho para quem possa estar na mesma situação. Meu próximo objetivo é aprender a fazer diferente da mulher de Ló, não olhar para trás*, olhar para quem poderia ter colaborado; para quem poderia ter sido amigo; se ficou para trás é por que não era para seguir comigo.


*E a mulher de Ló olhou para trás e ficou convertida numa estátua de sal. Gênesis 19:26


terça-feira, 15 de julho de 2014

Telemarketing



Todos sabem o que é telemarketing? Há alguns anos eu achava que toda empresa de Call Center poderia ser chamada de Telemarketing. Muitas pessoas ainda pensam assim. É o tal preconceito, ideia preconcebida sem conhecimento de causa. Achismo. Na dúvida, vale a opinião geral.

Telemarketing, o nome já diz: marketing por telefone. É feita uma pesquisa de acordo com as necessidades de um público, e é feito um contato ativo para ofertar determinado produto ou serviço. E pela inconveniência causada por algumas empresas, ou pela reação de alguns clientes, qualquer coisa relacionada ao Call Center é mau vista.

domingo, 6 de julho de 2014

Monstros S.A – Lições para uma vida

Se a nossa energia custa o sofrimento alheio então somos os mais infelizes dos seres.


   
Monstros S.A conta a história de um mundo de monstros em uma cidade chamada Monstrópolis. Nesta cidade alguns de seus habitantes trabalham na empresa Mostros S.A cujo ramo de atividade é produzir energia para trazer conforto a população de seu mundo. O recurso utilizado para gerar energia é o choro das crianças do planeta Terra, quanto maior o volume do choro, maior a geração de energia.

Assim a Monstros S.A é uma especialista em treinar monstros para assustar crianças humanas, e tirar proveito de seus medos. Duas personagens protagonistas desenrolam a trama, Mike Wazowski e James P. Sullivan, dois monstrinhos simpáticos, sendo Mike verde, pequeno e com apenas um olho, e Sulley azul, grandão e desengonçado. Uma dupla perfeita que detém os recordes em gerar energia da empresa.

Num filme que foi lançado posteriormente (Monstros S.A universitários) é falado de todo o processo de formação dos monstros, e aqui eles apenas reproduzem o que aprenderam, que crianças humanas eram transmissoras de doenças e que só serviam para gerar energia. Até que entra outra personagem na história: Boo.



Boo é uma garotinha atípica. Os monstros entravam pelas portas dos armários das crianças, que era um portal entre os dois mundos. A reação imediata era ela se assustar e chorar. Boo, entretanto não se assustou com o imenso monstro azul que um dia entrou pela porta de seu armário, e com os olhos brilhantes a garotinha olha para Sulley e diz: gatinho! Desesperado Sullivan foge da menina correndo de volta para o armário. Novos encontros aconteceram e nada de chorar!

A menina esperta, por um aparente descuido deles, consegue adentrar no mundo dos monstros, Sulley no depósito em sua empresa, quando vai abrir uma porta fora do lugar encontra a menina que atravessara o portal: boo! É o que ela fala. Seu nome não é mencionado, Sullivan e Mike a chamam assim porque ela apenas repetia o jargão que o monstro azul usou para tentar amedrontá-la.


Genuína e inocentemente a menina começa a tentar brincar com o monstro, e os papéis se invertem Sulley que se assusta com a menina, afinal, segundo o que ele acreditava, ela transmitia doenças, e nunca concebeu a ideia de se relacionar com uma criança. Boo ainda não tinha nenhum preconceito, e chegava a confundir um monstro enorme com um gatinho.

Essa garotinha é de uma ternura familiar, fora do comum. Por que as crianças tem medo do escuro, choram quando se assustam, e por que se assustam com determinadas coisas? Por que nós humanos repetimos tantos comportamentos sem questionar? A princípio Boo aparenta ser uma criança solitária, onde as visitas de Sulley eram sua única diversão. Seja como for, a lição do filme vai para os monstros. Às vezes a pessoa mais frágil não é o alvo de acontecimentos específicos, como o monstro podia supor.


Boo acaba conquistando o bichão que se enternece, e percebe que suas gargalhadas geravam mais energia que o choro das demais crianças. Só que enquanto isso, Sulley e Mike tentam a todo custo levar a menina de volta ao seu mundo sem que ninguém perceba. Isso exigia a reconstrução da porta de seu armário que fora quebrada, e muitos artifícios para esconder a menina dos demais, a famosa preocupação com a opinião alheia, das massas que não se questiona, e agem como tem que ser.

 Quem disse que tem que ser assim? Boo foi o veículo para ajudar Sullivan a reconstruir seus paradigmas, afinal, ele descobrira algo sobre as crianças que todos ignoravam, e percebeu que nem sempre infringir sofrimento aos outros é a melhor forma de ganhar algo. Quantas vezes fazemos pessoas sofrerem porque faz parte do negócio, é a regra do jogo, é comum, natural? Quantas vezes perdemos oportunidades de olhar as situações sob outra perspectiva. Ainda que tenhamos sido causadores de um sofrimento, por que não voltar atrás, abraçar, deixar de ser monstro para ser amigo?



Acho este filme bastante pedagógico. Mike Wazowski e Sullivan por serem líderes em sua empresa, e responsáveis pelos melhores resultados, tinham tudo para se ensoberbecerem e “pensar na caixa”, limitarem-se a rotina, e manterem-se em sua zona de conforto. Mas os monstros tem coração, os humanos às vezes não. Apesar de toda sua racionalidade e presciência dos padrões organizacionais, Sulley, no que a princípio seria um erro grave, extremamente condenado por seu amigo Mike, deixou-se cativar pela garotinha, e se envolveu com a sua realidade. 

Esta foi a ocasião onde sua capacidade empreendedora achou uma forma de conciliar seu afeto pela menina e sua necessidade de gerar energia, e descobriu a energia vital da risada das crianças! A Monstros S.A depois desta experiência passou a ser uma empresa de diversão e não de sustos, e curiosamente, as mesmas crianças diante dos mesmos monstros passaram a gargalhar com suas brincadeiras. Reciclaram-se também.

A única cena em que Boo chorou, foi quando enfim Sulley reconstrói a porta de seu armário e a devolve para seu próprio mundo. A menina chora e diz: gatinho? Voltar para sua realidade não era muito apreciável para a menina. Não o é para mim. Aqui os monstros são sempre monstros.
   





quinta-feira, 26 de junho de 2014

Abril Sombrio



Eita rima safada! Para uma poetisa que sou, admito que não seria muito feliz na escolha se fosse o título de um poema, mas para este post serve. Aquela velha máxima de que pior do que tá não fica para mim é piada de palhaço mal intencionado, pois sempre pode piorar!

Eu já me senti personagem de Matrix, saindo de uma realidade para outra num passe de mágica, e fui descobrindo aos poucos como domar a fera. Já falei neste blog de um fantasma que me assombrou quase a vida toda, a epilepsia. Ela me deu adeus para nunca mais voltar se Deus quiser, mas enquanto caminhava com ela andei pelo vale da sombra da morte, e alguns trechos eu nem sei como atravessei.

Em Abril de 2013 foi o mês onde a malvada me pegou de jeito, ao ponto de me fazer atravessar 16 estações de trem inconsciente! Falando ninguém consegue imaginar, e por não conseguir conceber a ideia acham pouco! Deus e a medicina sabem a exaustão que provoca esse fenômeno que parece o sonho de todo mundo de se teletransportar, só que não é bem assim não, pois pé-ante-pé me levou de um canto ao outro, apenas não me lembro do percurso...

Duas “dade” puxavam o seu gatilho: Ansiedade e Ociosidade. A ociosidade dos doze aos vinte e tantos anos de idade foi o que me tornou escritora. Agora imaginem o efeito das duas coisas juntas? Meu estado peculiar testou a compaixão de muita gente, conhecida e desconhecida. Amigos da escola e faculdade, inimigos também, pessoas que mal falavam comigo, segurança da CPTM, supervisor do trabalho.

Viver a vida toda dependendo da compaixão alheia não é fácil! Não me sinto mais dependente não, mas sempre estamos sujeitos a decisões do “alto” alguma hora, seja da presidenta, da superintendenta, da mãe, do filho da mãe, do juiz, do árbitro... a lista é longa.

E nem toda gente considera quem somos, mas apenas o que fazemos. Enquanto andamos pelo vale da sombra da morte muitos se preocupam com os pastos verdejantes. Entre bancos e solavancos, passei por uma ilha deserta durante aquele mês e uma seta me apontava o caminho da rua, mas eu a ignorei, não era para ser, senão teria sido.

O lado bom é que aprendi que o ser humano é esquisito e maravilhosamente complexo. Isso me inclui, mas é interessante como vi gestos grandiosos de desconhecidos e pessoas de quem eu não esperava nada, e outros tão frios de quem eu esperava tanto! Quem me dissesse que eu não aprendi nada com esse mês e que eu merecia mais meio mês desse eu diria: só lamento.

Mais alguns dias de percurso inconsciente e talvez eu tivesse pedido as contas da vida, ou melhor, teria sido demitida dela. Existem tantos vãos entre trens e plataformas, ruas para serem atravessadas... Bobagem! Para morrer basta estar vivo, não precisa ter epilepsia, esse é o terrorismo que minha mãe usava para me manter ociosa debaixo das suas asas que fazia sombra.

Na universidade aprendi que nas empresas existe algo chamado de descrição de cargo que delineia as competências e habilidades necessárias para tal função. Na prática, é tudo ou nada, agora ou nunca, ra-re-ri-ro- rua. Na prática a teoria é outra. Se o parafuso não se encaixa, martela que ele vira prego! Há exceções. Quase sempre tem uma alma movida por Deus que consegue colocar alguns parafusos em seu devido lugar e faz a engrenagem rodar como deveria; o que gera lucro, e no final das contas vai bancar a beleza do capim dos pastos verdejantes do mesmo jeito!

Meu emprego esteve a beira do abismo, a ansiedade me pegou por eu não saber o que a ociosidade do cargo no qual haviam me colocado poderia resultar. Dentro da empresa eu pedia misericórdia e mostrava serviço, inventava coisas para fazer, escrever e sugerir correções às regras traçadas dos processos talvez, não sei se essa tarefa foi considerada, mas minha intenção foi boa. Outra pessoa poderia ser posta ali também e se minhas sugestões fossem acatadas já melhoraria sua qualidade. Em qualquer lugar e circunstância desse mundo podemos ajudar o próximo.

Fora da empresa eu zumbisava por aí. Houve um dia em que eu quase fui para a Luz... a estação da Luz! Era para descer na Barra Funda – São Paulo. Também orei muito, e Deus ouviu minhas preces, e usou uma pessoa como instrumento para meu auxílio. E o Abril sombrio passou. Não acredito que deva fugir de todas as circunstâncias adversas que eu encontre pela frente, não mesmo. Nunca fugi, aliás. Afinal eu passei pelo Abril antes dele passar.

Todos os envolvidos direta ou indiretamente cresceram com isso, mostraram-se habilidosos no trato com as pessoas, até pouquíssimo tempo eu propagava a boa fama da empresa, esse episódio havia sido superado, minha mãe, sombria ou não, diria “ta” bom demais para ser verdade! Pois é. Mas em retrospecto eles ganharam muito mais com a escolha que fizeram, do que se tentassem me transformar de parafuso em prego.

Foste chamado sendo escravo? Não te dê cuidado; mas se ainda podes tornar-te livre, aproveita a ocasião.  1 Coríntios 7:21




terça-feira, 24 de junho de 2014

Mulherzinha, eu?


Quando eu era adolescente lembro-me de na escola ter protagonizado uma cena patética, não me lembro do contexto completo, mas se não me engano estava num canto da sala com algumas colegas e um garoto me provocou de uma forma que eu não gostei, aí eu resolvi tomar minhas providências e fui correndo atrás para bater nele, até que Catapluft! Caí feito fruta madura no chão! Não satisfeita, levantei-me toda parruda e continuei a perseguição e adivinha? Caí de novo! E a sala toda ficou a gargalhadas, e eu morrendo de vergonha. O tiro saiu pela culatra.

Os homens de até a penúltima geração foram criados por mulheres que se subestimavam, elas próprias dizem mulher no volante, perigo constante. Grande coisa! Se as mulheres realmente não dominam a direção como os homens, o que eu não sei, desconheço qualquer tratado científico que prove essa teoria, em compensação carregamos uma família nas costas com maestria e sorriso no rosto.

Mas os homens se acham por cima do jabá quando tentam se justificar de algo acusando a mulher de ser mulher. Acredito que a grande maioria das mulheres ouviram coisas do tipo: você é mulher, não vai entender esse assunto! Você é mulher e sempre entende o contrário do que foi dito! Resumindo: Mulher não sabe de nada. Inocentes!

Eles esquecem que quem pariu Mateus que o balançou! Adão foi o único homem na face da terra cuja mãe não pode ser ofendida! Falando em Adão, os homens realmente são melhores para controlar certas coisas, mas o mérito não é deles, eles foram dotados física-psiquicamente para isso de acordo com propósitos que não vem ao caso. E as mulheres igualmente foram criadas como vaso mais frágil, mas há um abismo entre fragilidade e incapacidade.

Não sou feminista, amo os homens e sei meu lugar, mas dói meu calo quando subestimam minha inteligência! As crianças aprendem questionando, eles realmente não sabem de nada, e começam a discernir questionando, até os Mateus paridos! Eu não sou diferente, até hoje guardo essa característica positiva das crianças. Não sou infantil, pelo menos quando o assunto é trabalho ou estudo, eu questiono coisas como: Por que tem que ser assim? Por que não adianta tentar? Quem disse que não pode? Tudo tem um por que. Porque sim para mim é slogan de comercial de bebida. Na era das teorias sobre liderança e comunicação interpessoal é inadmissível que alguém tenha uma palavra incontestável.

O chato é que culturalmente falando uns e outros em seus discursos dizem que é melhor a pergunta do que a resposta, mas estão acostumados com o velho método militar de manda quem pode e obedece quem tem juízo, aí vem alguns pentelhos questionar a razão das coisas e impactam a zona de conforto de muitos. Se eu não puder mudar a coisa questionada, ao menos eu conhecendo a causa eu posso saber com o que ou quem eu estou lidando. 


Quando alguém me nega uma resposta satisfatória, ou desvia o assunto com argumentos vãos imagino que ela própria não saiba me responder, talvez nunca tenha se questionado... É compreensível. Então, como eu não sou mais criança ou adolescente, eu apenas questiono, não corro atrás mais de uma vez. Uma queda basta para eu aprender a lição.



sábado, 22 de março de 2014

Recursos Humanos x Gestão de Pessoas




Antes de ler este texto, sugiro que assista ao trecho do filme Tempos Modernos – com Charles Chaplin, para entender o conceito da esteira, para depois entender o que realmente significa GESTÃO DE PESSOAS.





Agora vejam este organograma. 

É provável que localize seu cargo dentro dele.
Psicólogo, Sociólogo, Analista de cargos, Analista de Treinamento, Médicos, Enfermeiros, Administrador de Pessoal, etc.



Agora responda:

Quem está no topo?

Quem proclamou esse “absurdo” foi Idalberto Chiavenato, em 2004. Fui em busca de uma fonte importante para fundamentar este post. Na verdade a base hierárquica também já está tão fora de moda quanto o termo Recursos Humanos nos últimos 10 anos. No entanto algumas empresas ainda acham válido usar calças boca de sino, e cabelo Chitãozinho e Xororó. Ou melhor, as PESSOAS nas empresas preferem assim. Sim, porque as empresas por si não fazem nada, a cultura organizacional é feita de pessoas, e nesses últimos anos um termo mágico chamado competitividade fez os gestores das empresas passarem a enxergar os funcionários como capital intelectual. Bonito não?

A globalização exigiu que as empresas ultrapassassem as teorias precursoras da Administração, como a teoria científica de Taylor, onde era priorizada a padronização e disposição dos fatores de produção (tempos e movimentos) em detrimento do que eventualmente isso pudesse interferir nas condições humanas. Na verdade se você marca o ponto, cumpre horário, segue metas, aderência, em sua empresa ainda há o princípio de Taylor, só que foi repaginado, com as lideranças, gestão participativa, e pela ascensão dos Recursos Humanos que só servia para administrar salários, admissões e demissões, para a atual Gestão de Pessoas, ou gestão de Talentos.

As principais mudanças, segundo o que eu aprendi:

Recrutamento e Seleção: As empresas continuam recrutando externamente funcionários e selecionando-os. Também há o recrutamento interno, que uma forma de reter talentos, pois na modernidade os profissionais têm tantas possibilidades, que nenhum deles permanece por muito tempo na mesma função dentro de uma empresa, então gerar oportunidades de promoção é estratégico, é Taylor. Temos que manter a esteira rodando... As organizações lidam também com o conceito de captação de talentos, ou seja, o marketing cultural da empresa deve cativar futuros candidatos a quererem trabalhar lá, não por mera necessidade de um emprego, mas por um ideal. Isso equivale a o que há algum tempo significava querer estudar na USP – era questão de honra, de status, porque a Universidade possuía reputação.

Cargos e Salários/Benefícios e Qualidade de Vida no Trabalho: A famosa e única função a qual as pessoas associam o RH. Desenhar os cargos, perfis, custos. Como salário virou pouco para manter alguém na esteira, então associaram habilmente os benefícios, participação nos lucros e resultados, incentivos adicionais e a gestão de clima, para poder medir os movimentos de insatisfação dos funcionários quanto às políticas da empresa, e adaptar as condições para um bom desempenho. As equipes da gestão da qualidade (CIPA – CIPAT) dão uma efetiva segurança e não podem mais deixar de existir em nenhuma organização que se preze.

Treinamento: Os treinadores são aqueles que ensinam os funcionários a apertarem os parafusos. Existem diversas formas de fazê-lo? Depende do parafuso. Brincadeira a parte, os treinadores são fundamentais para uma empresa, pois o que quer que a empresa se preste a fazer, esta deve ter profissionais competentes para repassar às pessoas o que se espera delas. Num treinamento, além de passar informações técnicas é importante transmitir a cultura da empresa. 

Quem já não ouviu a ideia de “vestir a camisa da empresa”? Nos treinamentos de formação aprendemos o básico para o exercício das funções, em outros são feitos workshops, palestras, treinamentos de líderes, reciclagem... tudo isso tendo como objetivo os interesses da empresa. Isso é errado? Não! Claro que não. Mas racionalizando, não soa desumano? Pois é, para isso serve a Gestão de Pessoas, para passar panos quentes na Teoria Clássica Menos tempo/Mais movimentos de Taylor, e dar a entender que não somos tão sem importância na engrenagem assim.

A Gestão de Pessoas é uma forma de trazer o lado humano às relações profissionais, pois pensar o tempo todo nos lucros, nos números, e demonstrar isso é muito chato! Quando as indústrias deixaram de ter escravos, e as relações de emprego passaram a ser remuneradas, desde então a mão-de-obra, passada a ser chamada de colaboradores, exige cada vez mais direitos para se cumprir seu dever. Com toda razão. Estudar a Gestão de Pessoas é compreender a importância da evolução do Capital Intelectual nas organizações.


domingo, 9 de março de 2014

A Menina que Roubava Livros - O Filme







Dívida eterna. Cinema e livro são um pouco como água e óleo. Às vezes colocam uma farinha no meio para unir as duas coisas, mas o resultado não é muito saudável...

Li A Menina que Roubava Livros há uns 2 anos (ver aqui) . Foi um momento emocionante, o romance de Marcus Zusac é muito poético, mas não patético, pois as personagens se veem às voltas com os impactos da Segunda Guerra Mundial em plena Alemanha Nazista. Pelo cenário, dá para imaginar a tensão do romance. No filme não foi assim.

Quando dissertei sobre as tramas de livros que viram filmes (ver aqui) ainda não havia assistido a esse filme, mas já sabia que o veria. Até então tinha assistido ao trailer, e achei a fotografia muito adequada. Decidi conhecer outro ponto de vista sobre o enredo de Zusac. Em termos gerais, ficou muito aquém do que poderia.

A morte, que narra toda a história do livro, para quem não o leu talvez não a tenha associado como narradora no filme. Liesel era a menina boazinha, Max o “almofadinhas” judeu, Ilsa Hermann não teve o destaque que merecia. Rudy Steiner, Rosa e Hans Hubermann foram às personagens mais fiéis ao livro, embora nem tanto. Mas são pontos de vista.


Faltou a essência do livro. O cheiro cruel da guerra. Liesel Meminger foi entregue à adoção pela mãe, sendo que no caminho até a casa dos pais adotivos, seu irmão morre no trem. Chega, e percebe que sua nova mãe é um ser bizarro, e seu pai um ser maravilhoso. A descrição de Hans Hubermann feita pela morte no livro é singela:

”Para a maioria das pessoas, Hans Hubermann mal chegava a ser visível. Uma pessoa não especial. Com certeza, tinha excelentes habilidades como pintor. Sua habilidade musical era superior à média. Mas, de algum modo, e tenho certeza de que você deve ter conhecido gente assim, ele conseguia parecer uma simples parte do cenário, mesmo quando estava na frente de uma fila. Vivia apenas por ali, sempre. Indigno de nota. Não era importante nem particularmente valioso. O frustrante nessa aparência, como você pode imaginar, era ela ser completamente enganosa, digamos. Decididamente, havia valor nele“. 



Liesel ganha um vizinho amigo Rudy Steiner (Nico Liersch)Até aqui o filme foi fiel, coerente com o enredo, mas o que o cinema pode reproduzir deve ser um bom produto e não um bom filme, se é que me entendem. O ódio Nazista, os delírios de Hitler, sóciopata, o som e a fúria da guerra, os detalhes poéticos, uma mulher que alimentava com livros a inteligência de uma garota (Ilsa Hermann), um pai educador fascinante, um judeu perseguido por ser um humano igual a qualquer outro, mas que um não ariano, disse ser diferente e indigno de viver com a raça ariana. Um judeu atlético que vai definhando num porão do amigo de guerra de seu finado pai.





Não sei por que o filme omitiu o fato de Max Vanderburg fazer exercícios e sonhar com a vingança sobre o Führer. Não relatar que o livro que levara consigo era o famoso Mein Kampf (Minha Luta) onde  Hitler divulgou suas teorias antissemitas, e que esse livro era um escudo para que ninguém desconfiasse de sua origem durante o percurso até a casa dos Hubermanns. Penso que Max foi um tanto depreciado no filme, sua relevância foi esvaziada, e para dar um bom produto foi resumido num flerte para Liesel, sendo que este papel era de Rudy. O que sustenta essa minha tese sobre Max e Liesel foi o coro da plateia do cinema quando eles se abraçaram no final: “Óóóóó!” Como quem diz: “que casal bonito”. Acho que um judeu vingativo que escreve sobre o Führer, que demostrou uma amizade sem malícia não daria um bom par, e não comoveria o público.




O livro também acaba assim, mas ao ler não tive essa sensação boba projetada no telão do cinema. Naquele abraço havia muito sofrimento a ser desabafado. Talvez tenha sido mesmo a intenção tanto do livro quando do filme sugestionar o público, ao menos até a parte onde é falado do casamento de Liesel, seus filhos e netos e Max, o amigo. Mas me recuso a me ater ao “viveram felizes para sempre” dos enlatados americanos.

Os Estados Unidos devem ter seus motivos para não se aterem aos detalhes da Segunda Guerra. Devem ter muitos esqueletos nos armários. Charles Chaplin e suas sátiras ao grande ditador sofreu muita censura até ser reconhecido.

Outros fatos também foram distorcidos. Quem escreveu nas páginas pintadas de branco do Mein Kampf foi Max Vanderburg e não Liesel. O livro que ela recebera como presente dele possuía 13 páginas, intitulado de O Vigiador. Depois, nas páginas restantes Max escreveu outro livro que Rosa Hubermann o entregaria a Liesel depois da partida de Max da Rua Himmel. Chamava-se A Sacudidora de Palavras. O Livro que flutuou no Rio Amper, não foi nenhum destes, foi um livro que Liesel havia furtado da biblioteca do prefeito.




Ilsa Hermann foi quem deu o livro em branco onde Liesel Meminger escreveria sua história, que ninguém senão a morte leu, pois este fora jogado nos entulhos após a explosão da Rua Himmel. E a morte achou por bem narrá-la. Mais uma distorção dos fatos em nome do produto. O Marketing às vezes é nocivo, o próprio Hitler é um produto desse tipo de Marketing, guardada as devidas proporções.

Enfim, não deve haver como reproduzir um livro de modo a satisfazer leitores argutos. Para o público que não leu, foi um filme “óóóó´”. Para os que leram e pensam o mesmo, respeito a opinião. Mas prefiro o livro, irremediavelmente. Há muito mais coisas em comum entre mim e Liesel Meminger do livro, do que a garotinha Liesel (linda por sinal a pequena Sophie Nélisse) representada no filme.





sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Enredo de Livro Que Vira Filme



“Analfabeto é aquele que sabe ler, e não lê”. Mario Quintana





Certo dia eu me vi às voltas com uma metáfora de vida, confesso que não procurei no Google para ver se a ideia era original, ao menos eu nunca tinha ouvido antes.

Percebi que existe uma diferença entre estudar um assunto nas universidades e executar o objeto estudado, tanto quanto ler um livro e assistir um filme com o enredo do livro. Existe um abismo entre ambos os casos, pois, em um dos lados de cada situação falta a interação, criatividade, pró-atividade humana.

As universidades atualmente são os filmes, onde os alunos assistem passivamente as partes do enredo da vida que alguns professores, doutores ou mestres decidiram que deveria ser mostrado. Quase não há espaço para interação, a não ser uns risos, alguns sustos, raiva. O que não chega a ser interação, mas reação.

O trabalho são os livros, onde nós podemos agir em conjunto com o enredo programado, usar nossa imaginação, criatividade, embora o final já tenha sido escrito, ou seja, os resultados a serem obtidos serão aqueles e pronto, podemos escolher como chegaremos neste resultado final, com qual motivação irei até o fim? Abandonarei o objetivo pelo caminho? Desistirei? Vou até as últimas linhas, curiosa, motivada, vivendo os personagens envolvidos, ou seguirei como quem lê uma bula de remédio sem nada entender, considerando só a posologia e preferindo ignorar as reações adversas para não ficar com medo do que elas representam?

Tal como o enredo de um livro que vira filme, quem leu o livro antes, sabe que o filme terá uma eterna dívida com a realidade. Eu diria até com as realidades. Um único livro pode ser lido de diversas formas, cada ser humano vai compor com sua própria história e sua própria percepção dos personagens vividos. O filme é a expressão de uma única percepção, enlatada nos moldes cinematográficos, onde aquele detalhe do livro que mais te emocionou, não cabe. Só a trama central é considerada, mas o livro e a vida não são formados somente pelas tramas centrais.

No trabalho nada vem pronto, talvez o papel A4 do escritório, mas na fábrica de papel eles sabem o quanto suaram para que aquela folhinha branca estivesse ali em cima da mesa. Claro, considerando o filme, muitos suaram nos bastidores também, mas falo aqui do efeito para a grande massa. A produção do filme equivale aos professores que montam a grade curricular utilizando a trama central da realidade organizacional e esquecendo os detalhes.

Stephen R. Covey citou em seu livro Os Sete Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes, que ”quando não há envolvimento não há comprometimento”. Fato. Aqueles leitores assíduos como eu, que gostam de desfrutar o prazer de uma boa leitura, seja técnica, literária, dissertativa, enfim, sabem que quando nos envolvemos com o tema ou enredo do livro, vira um compromisso dedicar um tempo à leitura. No trabalho também é assim, fora o comprometimento automático das massas, de dedicar um tempo ao trabalho por ser seu ganha-pão, há o envolvimento com o trabalho, com o que é desenvolvido, com o destino daquele trabalho, ou da realização pessoal que também pode ser um fruto do trabalho.

Aqui entramos numa outra questão: Fazer o que gosta x Fazer o que precisa ser feito. Quantos de nós pode dizer que trabalha no queria, que escolheu a profissão dos sonhos? Sei também que ninguém pode dizer que não escolheu sua profissão, seja qual for, escolheu sim! Mas há uma diferença entre profissão e profissão dos sonhos, e os motivos que nos levam a escolhê-las. Por não fazerem o que gostariam de estar fazendo, muitos pegam um livro para ler sem o menor comprometimento, e na primeira oportunidade larga num canto, ou lê sem entusiasmo, sem criatividade, entende do livro só o que o cinema pode reproduzir mesmo, geralmente estes preferem o filme que resultou do livro. Economiza tutano.

Não estou dizendo que todos que gostam desse tipo de filme se enquadram na situação acima, existem outros motivos para tal, como por exemplo, conhecer outra das realidades possíveis do enredo. O bom é ver o filme depois de ler o livro mesmo, nem que seja para morrer de raiva... Ou ser surpreendido por um novo ponto de vista. Mas isso é assunto para um próximo post.

Rotina é isso, arrumar um emprego que só serve para pagar suas contas no final do mês e mais nada. Sem um objetivo não há envolvimento, e sem este não há comprometimento. E vão vivendo de atestados médicos, e mais atestados! As doenças reais muitas vezes são sintomas psicossomáticos do corpo que está gritando por uma atitude, e fez o indivíduo parar para pensar, mas a única coisa que eles geralmente pensam é numa forma de abonar o dinheiro que iam deixar de receber no dia em faltaram. É como se tivesse acabado a energia e o sujeito ficou sem TV e computador, celular descarregou, só sobrou um livro para ler, então ele foi dormir...   
  
Por isso tudo, é muito importante colocar em prática logo o que pretendíamos com a universidade, ao nos formarmos devemos urgentemente buscar uma empresa para conhecer de fato o que teoria nenhuma pode conter. Na vida social, infelizmente, na maioria das vezes, temos que assistir ao filme primeiro para ter direito a ler o livro (formação x experiência), mas que seja. Já estou em busca do meu livro, vai valer a pena.