domingo, 19 de outubro de 2014

Grupo Evolução - Migrações





Em dezembro de 2010 escrevi aqui sobre um evento de dança promovido em Francisco Morato onde participaram alguns grupos da região, entre eles o Grupo Evolução. Este grupo surgiu por volta do ano de 2003, quando seu criador o professor Adilson Bezerra que então participava de um projeto a Academia Arte da Rua por questões pessoais precisou deixar a academia, foi então que suas alunas do grupo de jazz infantil questionaram se ele não tinha interesse em continuar dando aula para elas.

Foi então que Adilson, se formando educador físico e nutricionista, teve a iniciativa de criar um projeto social no município que envolvesse dança e ginástica, então reuniu jovens que devidamente capacitados pelo professor passaram a se apresentar em festivais na região. A cada festival o grupo criava um nome, pois não tinham ainda uma identidade formada.

Com o tempo, porém, o grau de maturidade dos bailarinos foi evoluindo, a sinergia entre os membros foi criando o que hoje é o Grupo Evolução. A arte do grupo é composta por coreografias limpas, figurinos bem elaborados, discretos, ressaltando a arte da dança e nada mais. As primeiras coreografias foram criadas pelo próprio Adilson, agora outros coreógrafos já emergiram do próprio grupo, que é o caso do Edimilson dos Santos Junior, que ajudou a coordenar um dos melhores momentos da carreira do Grupo Evolução: o espetáculo Migrações.

Em 2010 pude assistir uma das primeiras leituras sobre este espetáculo que retrata a migração do povo nordestino para as capitais do sudeste em busca de melhores condições de vida, trabalho e saúde. Em 2013 pude prestigiar uma releitura do espetáculo, que contou com um elenco maior, efeitos visuais e cenários diferentes e uma qualidade que o tempo trouxe aos bailarinos.

No evento denominado Quarta-quarta, (a quarta quarta-feira do mês) Francisco Morato promovia eventos culturais, e numa dessas oportunidades pude rever o espetáculo Migrações e compartilhar um pouco com vocês.




As imagens foram precárias, mas isso não muda o fato de que foram coreografias muito bem delineadas e que o enredo foi muito bem conduzido por uma trilha sonora muito bem escolhida. Esse mesmo espetáculo contou com uma participação especial de Norton do Carmo, um profissional de Porto Alegre que traz em seu currículo eventos no Holiday On ice, Oba Oba Show, cassinos de Las Vegas e Broadway com quem Adilson Bezerra hoje trabalha viajando o mundo inteiro levando a dança pelos cruzeiros da Cia. Costa!

No Grupo Evolução já existem bailarinas começando carreira internacional, atrizes como a Jaqueline Costa, e muitos outros talentos. Com força de vontade, disciplina e caráter coisas boas acontecem! Assim como finalizei no post anterior, ao Grupo Evolução que permanece até hoje, desejo sucesso!



quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Escola em Tempo Integral



"Cada vez mais amadurecemos tarde e mal. Somos crianças tendo crianças." Lya Luft

Sou ferrenha defensora das escolas e do ensino em geral, e principalmente o público que teve um papel fundamental na minha formação. Por isso mesmo eu sei o quanto são precários os recursos das escolas públicas e foge da fantasia das propostas políticas!

Realidade de quem mora na esquina de uma escola pública:

A escola dá lanche na hora da saída. Geralmente maçãs. Adivinha no portão de quem vem sobrar os restos das frutas?

Todos os dias os alunos saem da escola fazendo um barulho bizarro, não lembro se minha turma era tão truculenta, só sei que celular tocando funk não tinha! Adivinha onde eles se reúnem para trocar figurinhas, ou às vezes para trocar tapas, socos e puxões de cabelo? 

Final de ano letivo, os alunos saem aos gritos rasgando as folhas dos cadernos e dos LIVROS DIDÁTICOS dados gratuitamente nas escolas. Adivinha aonde vem parar essas folhas todas? Até as que ficaram mais acima o vento ou eventualmente a chuva trazem para baixo.

Essa geração já é aquela que cresceu sem pai, nas creches ou na casa da avó ou da vizinha enquanto a mãe trabalha. Essa é a geração onde as mães vão bater na professora que disciplinou seu filho, coisa que ela não fez, pois mal via a cara da criança. Geração cujos pais adotaram a política do "não pode bater em criança". Gerações cujos pais reclamam que o governo não dá UNIFORME e por isso os filhos não têm como ir à escola... Geração que acha que pode bater nos professores, ou se criar para cima de professores que possuem anos de profissão e antes deles nascerem de uma "noitada" já lecionavam, provavelmente enquanto seus pais cabulavam aula.

Agora querem deixar essas criaturas em tempo integral nas escolas? Pretendem aumentar o salário dos professores e dos demais funcionários também? Criança precisa de família! Criança precisa de identidade, e quanto mais distante da família mais eles vão se identificar com a cultura que lhes impõem desde o berço: a rua.

No livro Perdas & Ganhos, Lya Luft compartilha a mesma ideia, ela diz: “A fragilidade do relacionamento familiar ou suas eventuais catástrofes, nossas inseguranças, o dilúvio de informações contraditórias para as quais não temos muito discernimento, tornam cada vez mais difícil educar. Então delegamos isso à creche, ao jardim, à escola, ao psicólogo, à turma de amigos." Juventude não deve ser sinônimo de irresponsabilidade, que mãe quer ver seu filho mal? O pior é que as influências nocivas desses métodos de educação não são vistos em curto prazo, então parece realmente prático.

O Brasil não tem estrutura para implementar Escolas em Tempo Integral. Vai virar apenas mais um depósito de gente igual as creches! Só não comparo com os presídios porque neste último a tecnologia é mais avançada!

Não sou contra creches, embora eu não tenha frequentado nenhuma, muito menos contra escolas, seria contraditório a essa altura do campeonato. Sou contra o exagero, o relaxo, a irresponsabilidade, o abuso, pois vejo de tudo desde mães que realmente precisam colocar a criança na creche a mães que não mudam o turno no trabalho para não perder o auxílio creche dado pela empresa! A empresa não paga para ela mesma cuidar do filho antes de ir trabalhar.

Meu raciocínio é o seguinte: Venceu a licença a maternidade, antes de completar 1 ano a criança vai para a creche e lá fica até entrar no jardim, depois na escola, uma vez na escola ela fica período integral, depois aos finais de semana inventa uma aula de dança, de natação, desenho qualquer coisa que tire a criança de casa para facilitar a faxina, quando cresce essa pessoa já não precisa dos pais, e ai destes se precisarem do filho!  

Será exagero? Melhor errar por exagero que por negligência.


“Criar é inserir numa cultura que se sobrepõe ao natural. Pode ser repetitivo e tedioso, problemático. Passamos do extremo da educação rígida à deseducação simplista." Lya Luft

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Não adianta?





Quando um bebê começa a crescer e se desenvolver a primeira expectativa é quando essa criança vai começar a falar e engatinhar, quando ela engatinha logo vem a espera pelo primeiro passo. Quem engatinha e anda, anda para frente, até podemos andar de ré, mas ninguém ensina uma criança a dar o primeiro passo para trás.

A criança também pode dar voltas num mesmo quarteirão quando o espaço é curto, mas se não fosse, ela seguiria adiante. Quando crescemos o conceito se inverte. Essa palavra adiante vem do latim DE, “de”, mais INANTE, “à frente”, é uma variante de adiantar.

Quando adolescente ouvi muitos “não adianta” tentar, pedir, fazer, nada adiantava para quem me dizia. Depois de adulta a mesma ladainha “não adianta”; sempre me questionei por quê. Essa resposta ninguém me deu de forma satisfatória, inventaram uma série de motivos nada convincentes saúde (ou suposta falta de), o clima, dinheiro (ou falta de), prazo. Para mim o sinônimo de todos esses motivos era falta de interesse em cooperar.

Geralmente, o raciocínio de quem tenta deter nossos sonhos com essa ladainha é que existem coisas que não voltam atrás, ou seja, às vezes temos alguma doença que a princípio nos impede de fazer algo, pelo menos com a mesma facilidade do que a grande maioria das pessoas. Aí por não poder fazer igual a conclusão imediata é que não adianta tentar. O fato de algumas coisas não voltarem atrás não significa em hipótese alguma que não podemos seguir em frente, tentar alternativas.

Tive tantas pedras de tropeço na minha frente que quando aparecem outras sem um motivo convincente eu fico com dois pés atrás e três adiante. Quando dou a chance de explicar, ficam iguais crianças aprendendo a andar em espaço pequeno, dando voltas. Tentam nos impor limites que elas mesmas colocam para si, ops! Acho que não fui muito autentica nesta afirmação, na verdade é um clichê, ou nós criticamos nos outros os nossos defeitos projetados ou podamos as qualidades que não temos coragem ou capacidade de reproduzir.

Todos estão sujeitos a essas duas vertentes, e agora o que eu mais quero é propagar uma qualidade que eu adquiri a duras penas, que é correr atrás dos meus objetivos. Não passando por cima dos outros, jamais, mas sempre que posso busco alternativas. A corrupção, a injustiça, a pobreza são coisas que existem no mundo, e sempre vão existir, mas muitas situações permaneceram e se acomodaram porque uns e outros acharam que não adiantava tentar mudar. É muito melhor morrer tentando que viver com a incerteza do que aconteceria se tivesse tentado. Pior é acreditar que não dá sem tentar; isso tem nome: má-vontade.

Apesar de achar uma inutilidade sem tamanho escalar o Everest, muitos morreram tentando, eles não estariam mais felizes se não tivessem tentado. Acho que cheguei a um exemplo extremo. Escalar o Everest é motivado pela vaidade, e isso é sempre ruim, mas concentrando no verbo adiantar, é uma ação necessária que só existiu movido pela vontade. A vontade que nos move também deve ser considerada.

O que eu ganhei batendo pé contra todas essas situações? Simples, eu segui adiante. Não eram motivos egoístas, eu queria trabalhar, estudar, namorar, noivar. Agora quero casar, ter filhos, ser promovida na empresa. Nada disso se faz sozinho, são sonhos que se sonha junto! Citando Raul Seixas. Infelizmente conheci pessoas que pareciam sonhar comigo, mas na verdade elas apenas sustentavam um papel nada autêntico que ao primeiro sopro de conflito mostraram a que vieram, ou o que não estavam dispostos a fazer para colaborar.

Descobri cedo que só Deus colabora comigo. E sendo assim todo o resto não importa, serve de testemunho para quem possa estar na mesma situação. Meu próximo objetivo é aprender a fazer diferente da mulher de Ló, não olhar para trás*, olhar para quem poderia ter colaborado; para quem poderia ter sido amigo; se ficou para trás é por que não era para seguir comigo.


*E a mulher de Ló olhou para trás e ficou convertida numa estátua de sal. Gênesis 19:26