sábado, 22 de outubro de 2016

Vozes Femininas da Música


Iêiêiê infiel, eu quero ver você morar no motel

E por acaso esse motel é o mesmo que me trouxe na lua de mel

Não sei se eu dou na cara dela ou bato em você

Mas dessa casa eu só vou levar meu violão e o nosso cachorro

É o fim daquele medo bobo...


Quando pensei que já tinha visto tudo que a mídia musical moderna poderia produzir, e que dali para frente só existiriam os cantores genéricos, eis que surge um bando diferente de criaturas “cantantes” todas ao mesmo tempo, do sexo feminino, mais ou menos na mesma faixa etária, cantando o mesmo estilo de música e com o mesmo tema. Parece fruto de produção em massa em cativeiro, mas acho que assisti muito Matrix.

Hoje ouvimos Marilia Mendonça, Naiara Azevedo, Maiara e Maraisa e Simone e Simaria com suas músicas chiclete, que se uma vez ouvidas no dia nunca mais são esquecidas; brotaram num cenário onde tudo era Ivete e derivados, alternando com Anitta e Paula Fernandes, essas duas dariam um post a parte diante da estranha participação no show do Andrea Bocelli. No mais eram cantores, sertanejos, pagodeiros, funkeiros, todos malhados em suas calças justas.

Mulheres cantando temas que nem o Falcão foi tão criativo na modalidade: música de corno! Ou fala que foram traídas, estão traindo ou sendo traídas ainda. E algumas admitem se tratar de fatos reais de suas vidas, como por exemplo, a dos cinquenta reais.

Não me parece coincidência, essa aparição do estilo nesse momento, deve ter alguém conduzindo as linhas dessas bonecas ventríloquas. Moças jovens, bonitas, fora do padrão estético tolo da moda, loiras, morenas, altas e baixas, algumas irmãs. Estranho não? É vantajoso por que varia um pouco, particularmente gosto do timbre da Marilia, e só. Mas não consigo me privar de ouvir as demais, estão por toda parte! Mal dá para assimilar qual música é de quem, e já surge outra música diferente para confundir.

E assim segue a música do povão brasileiro (MPB)!

Que lixo!
Cê ta de brincadeira
Eu já vi tudo que eu tinha que ver aqui
Que decepção
Um a zero pra minha intuição



Bara Berê



Nos meus áureos tempos de escola eu tinha os livros didáticos de Língua Portuguesa, e muitos deles eram repletos de poemas, e letras de músicas. As músicas mais comuns eram do Arnaldo Antunes, Milton Nascimento, Fernando Brant, Cazuza, Caetano Veloso.

“Alguma coisa acontece no meu coração” quando me lembro de algumas destas canções, do conteúdo delas, digno de nota nos livros de aprendizagem nas escolas, no ensino fundamental e médio.

Nostalgia nada à parte, mas as músicas refletiam pensamentos de um contexto histórico e cultural criativo, era necessário driblar a censura, passar a mensagem se livrando de possíveis represálias, posterior à censura, ficou a criatividade exercitada dos artistas.

O tempo deles passou, suas obras ficaram. E as novas gerações, enfim, não somos menos criativos, o que mudou no contexto atual é que hoje se joga para a plateia, o objetivo da música popular (e não da MPB) é vender e vender. Para tanto não precisa de conteúdo na música, hoje se vende muito mais a embalagem dos artistas, do que propriamente sua arte.

Basta pensar na imagem dos cantores citados nos livros comparada as beldades que fazem sucesso hoje. No Sertanejo tínhamos Tonico e Tinoco, Chitãozinho e Xororó, Roberta Miranda; no Samba Martinho da Vila e Zeca Pagodinho. E hoje? Sem comentários...

Hoje o mundo musical é meio farmácia, temos Leonardo, Zezé di Camargo e seus genéricos; Ivete Sangalo e seus genéricos; no exterior temos os pobres genéricos do Michael Jackson. O alvo dos holofotes é isso que vemos, mas ainda existe muita coisa boa e original por aí, mas não é assistindo TV e ouvindo Rádios populares que vamos encontrar. Salvo raras exceções.