“Simeão quase sempre se dirigia às pessoas pelo nome”James C. Hunter
Certa vez, ouvi (ou li, não me lembro bem) que o
que as pessoas mais gostam é de ouvir seus próprios nomes. Numa conversa, num
negócio, numa venda – principalmente em relações de interesse, ouvir nossos
nomes transmite a mensagem de que somos importantes, de que temos valor.
No livro O
Monge e o Executivo, encontrei alguma sabedoria aplicável as condições
humanas. Uma delas foi justamente esta, a respeito dos nomes das pessoas, algo
que não está em destaque no livro como uma centena de princípios discorridos
pelos sete capítulos.
O que me chamou atenção foi justamente a frase
citada no início deste, que no livro surgiu como um comentário para descrever
uma das características do irmão Simeão, o ex-administrador que se tornara
frade num mosteiro em Michigan/ Chicago. O fato de ele chamar as pessoas pelo
nome me lembrou essa outra passagem que já havia tomado conhecimento e me
lembrei de algumas pessoas.
Algumas, assim como o respeitoso irmão Simeão,
sempre me trataram pelo nome, enfaticamente, e ainda que não me chamassem o
tempo todo por ele, como fazia o personagem do livro, ao menos se lembravam
dele, independente do tempo, das condições, da situação.
Por natureza tendemos a guardar os nomes
daqueles que se destacam, pelo bem ou pelo mal, ou daqueles a quem temos
afinidade. Mas O Monge e o Executivo
é um livro direcionado a pessoas em posição de liderança: professores, chefes,
diretores, sargentos, médicos, treinadores, enfim, qualquer um que tenha outro
semelhante sob seus cuidados.
Não que aos demais não seja recomendado o trato
pelo nome, mas aos líderes muito mais. Eles são exemplos, eles exercem influência,
ou seja, segundo a definição de Hunter, levam pessoas de bom grado àquilo a que
são delegados a fazer. A questão é que nem todas as pessoas em posição de
“poder” ou importância, possuem autoridade, que é o que leva a influência.
É no mínimo desagradável quando convivemos anos
com pessoas e estas não se lembram de nossos nomes. No entanto, antes de
criticar ocorre-me um fato que soa paradoxal: num período de tempo convivi com
um professor. Obviamente era sua aluna, e eu tinha duas outras colegas. Nossos
números na chamada eram respectivamente: oito, nove e dez, e este professor –
muito querido por sinal – só se referia a nós por nossos números, pela sua
declarada dificuldade em decorar nomes, ele nos deu esses codinomes.
A questão é se para professores em especial é um
desafio lembrar-se de nomes, devido ao grande volume de alunos, turmas e
períodos distintos, como eles podem cumprir esse princípio de empatia que é
tratar as pessoas pelo nome? E se para o professor citado existiam várias
Brunas, Camilas e Carolines, certo era que a probabilidade de haver outro trio
com nomes iguais que andassem juntas era mínima.
De modo que de uma maneira respeitosa, esse
sábio professor fazia imagens por associação, o que não é nenhum demérito
diante da importância de nossos nomes, para ele eu era a “nove”, embora ele
tivesse vários outros alunos que correspondiam a este número em outros diários
de turmas.
Interessante também que no decorrer de dois
semestres a “dez” e a “oito” abandonaram o curso e então eu passei a ser
chamada de Camila, e o dilema dos nomes pertencia ao início do convívio,
obviamente o tempo ofereu-lhe outras imagens para associar-me não a um número,
mas ao meu nome, assim como outros alunos.
E o que fazer com aqueles que exaustivamente nos
veem, por meses a fio, corrigem-nos, nos avaliam, criticam às vezes, elogiam
outrora, e não se lembram de nossos nomes, ou codinomes, apelidos, nem se um
terceiro vos descreve nossa aparência?
O que diferencia aqueles que com a mesma
dificuldade buscam alternativas para nos tornar especiais, daqueles que
simplesmente se escondem atrás do problema tornando todos como corpos sem
persona, sem individualidade. Sem dúvida é preferível ser chamada de “nove” a
não ser chamada por nome nenhum.
Postscriptum: É notório que esta é uma lição que eu mesmo preciso começar
a exercitar para as pretensões que possuo. Ouvi alguém dizer que não importa nosso
nome, mas quem nós somos. Parece que para alguém que sequer se lembra de nosso
semblante realmente o nome pouco importa, pois ela não seria capaz de
compreender quem somos.
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