segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Nem todo palhaço é feliz




Mais um mês de Setembro se inicia, eleito o mês da prevenção ao suicídio. E no primeiro dia do mês apareceu no Trending do Twitter o nome de Carlinhos Maia, que sinceramente não sei quem é, onde ele responde num vídeo store do Instagram algum jovem de 16 anos que fez algum comentário sobre suicídio, e ele menosprezando completamente a dor do jovem chamando-o de imbecil, simplesmente por ser jovem e não ter experiência de vida.(Quem quiser ver o vídeo clica aqui).

Hoje me pego a perguntar qual a diferença de um jovem suicida para um adulto, ou um idoso? A quem cabe julgar a dor alheia com tanta ferocidade assim? Este episódio lamentável me lembrou de uma jovenzinha linda que conheci na TV e que, infelizmente, aos 17 anos se suicidou no último mês de Abril.

Poucos anos depois do sucesso da pequena Maisa no programa do Raul Gil, apareceu outra menininha simpática e desinibida cantando e dançando: Yasmim Gabrielle. Era uma época que eu consumia muita programação de TV, e em particular o programa Raul Gil. Yasmim era um pentelinha metida, assistente de palco do Raul, linda e triste. Yasmim perdeu a mãe no ano de 2012 e um dos irmãos em 2016, ambos vítimas de câncer. Era a irmã do meio de cinco irmãos. Como ela mesmo se descreveu no seu Facebook: chorava por qualquer coisa.

O que me motivou a escrever este post não foi uma vontade de criticar a decisão da jovem. Espero de coração que no intervalo de 48 horas que existiu entre seu ato e o óbito ela tenha se arrependido e buscado o perdão de Deus por sua escolha desastrada, e que ela possa estar nos braços do Senhor Jesus junto com sua mãe e seu irmão. O motivo do post foi a entrevista póstuma de sua família no programa Raul Gil.

No vídeo disponível no YouTube, o pai, a madrasta e o irmão, afirmavam que Yasmim não tinha depressão, era uma menina alegre e que os motivos de seu suicídio eram desconhecidos. Isso me chocou pois não fazia o menor sentido. Foi quando resolvi passar os olhos na página oficial do Facebook dela, ainda aberta em sua homenagem e me pareceu óbvia a tristeza e depressão da menina.

Uma das postagens dá título a esse post: “Quem conhece um sorriso de verdade sabe que nem todo palhaço é feliz”. Sim, Yasmim deu sinais de que algo estava errado. Como sua família, mesmo após o ocorrido não foi capaz de admitir isso? Será que não leram suas postagens? Lendo suas mensagens até 2016, me vi muito naquela garota, aparentemente sofrendo por um amor não correspondido (quem nunca? aos 17 eu tinha um...), criticando homens que só queriam sacanagem, lamentando sempre a falta de amigos, coisas de uma adolescente normal em meio a alguns lances de pedido de socorro. 












Não deve ser fácil perder a mãe aos 10 anos, o irmão aos 14, crescer sendo “famosinha” na TV, e não ter a mesma sorte da Maisa, que tinha o mesmo carisma mas pelos seus “modos” e os valores de família deram um melhor produto para a TV que a Yasmim, uma jovem que fala mal de balada no Facebook e critica o sexo casual não dá ibope. Não deve ser fácil se achar sozinha sem que ninguém percebesse o que se passava no mais íntimo de sua alma. Eu sei exatamente como é isso. O que me destruiu mais ainda vendo sua história...

Eu não sei como evitar uma atitude dessas, mesmo para quem mostra todos os sinais. Eu sempre tento do meu modo mostrar que eu enxergo, que eu entendo e que existe algo mais justificando tudo que nos acontece em vida, existe um Deus que nos conforta e que proveu um sacrifício santo para pagar por todos os nossos pecados se simplesmente crermos no Senhor Jesus. 

Eu estou sempre aqui, mesmo sabendo que os mais próximos são os mais difíceis de alcançar, onde a comunicação degringola, onde o olho no olho causa uma vulnerabilidade incrível, e onde a fraqueza parece muito mais vergonhosa, afinal precisamos mostrar que apesar de tudo nós somos corajosos, somos fortes mesmo sem poder compartilhar aquelas coisas importantes, que alguém julgava imbecil e que não tínhamos direito de sentir por ter 16 anos, ou por ser adulto com quase 40, ou por ter saúde, casa, trabalho ou por qualquer outra coisa que tenhamos e que nos tira o direito de sofrer por outra que não temos...

Eu estou aqui, escondendo a chave do quarto para pelo menos poder socorrer alguém a tempo. Eu estou aqui, chamando sempre e aplaudindo cada post no Instagram de alguém que sobreviveu a uma tentativa de suicídio e com quem eu não falava mais porque ele tinha se afastado... Eu estou aqui, mandando mensagem de madrugada para um amigo perdido alcoolizado na rua. A tristeza dói, deixa doer, como escrevi num outro post a dor é para ser doída, ela faz parte da vida, e o principal: ela passa! Podemos continuar vivendo com ela, entre uma dor e outra existem muitas alegrias. Ninguém disse que seria fácil, mas tudo tem um propósito e Deus sabe qual. Se precisar de ajuda no caminho, eu estou aqui!

O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela. 1 Samuel 2:6

Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo. João 16:33

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