sábado, 27 de junho de 2020

Novo Normal


Dizem que o isolamento social é capaz de gerar um abalo transformador no comportamento das pessoas ao ponto de mudar o conceito de normalidade. A humanidade já passou por muitas pandemias, mas creditou-se a mais recente, cheia de estereótipos políticos, o poder de tornar o distanciamento, a redução do contato físico e interações sociais como definitivamente normal.

Houve quem dissesse que a expressão queria apenas dizer que as pessoas ficarão mais cuidadosas daqui para frente, ou que darão mais valor ao convívio social. Outras diziam que todas ficariam mais atentas aos riscos do contato físico. E coisas semelhantes a estas.

Tendo crescido no isolamento social, e convivido com ele por muitos anos, sei que não é uma rotina tolerável. É adaptável, mas só enquanto não surge ocasião de abandoná-la. Não há nada que substitua de forma palatável o contato com pessoas, conversas descontraídas, visitas a diversos lugares e viagens, shows, um dia de compras, um jogo de futebol. Somos seres sociais.

A internet ameniza de um certo modo, mas não substitui uma conversa olho a olho, com perfumes e sensações estimulando todos os nossos sentidos. Amores precisam ser conhecidos e vividos, e as redes sociais não expressam a realidade de um abraço quente. A mesma internet que nos mantem conectados a pessoas distantes, nos desconecta de nós mesmos, ficamos extremamente estimulados por uma série de informações, manchetes e imagens que deixamos de perceber a beleza das flores, a leveza de uma brisa suave, ou o brilho das estrelas...

Não se deve projetar como novo normal uma realidade cheia de medos e parcimônias. Não é verdade que sem pandemias não existia solidariedade, empatia ou compaixão. E não é verdade que com elas as pessoas automaticamente passaram a ser isso ou aquilo. O potencial para o bem e para o mal está em todos, e não há receita pronta para despertar uma ou outra forma de viver ou conviver.

Desprezo profundamente todo tipo de isolamento social, salvo nos casos onde a justiça com razão pune alguém por um crime. Existem extremos que realmente devem ser expurgados do convívio social, mas ainda nesse ponto foi uma escolha. Ninguém é obrigado a cometer um crime. Aprendi que a circunstância afeta, mas não influencia de forma definitiva. A influência depende da nossa permissão. Escolha. Higiene e saneamento básico não é nenhuma novidade e está à disposição de todos para uma boa convivência.

Normal é ser humano, é ser alegre e ser triste, brincar, dançar e cantar com os amigos, irmãos, vizinhos. Normal é errar e saber corrigir, acertar continuar. Dá para viver em novidade de vida, sem que o normal deixe de ser o que sempre foi. Os vírus nos agridem quanto mais fraco está nosso sistema imune, mais frágil, mais abalado por notícias maliciosas, terror e tristeza. Desligue a TV e o celular e perceberá que não há nada de novo. A beleza de Deus no mundo continua brilhando para nós!


Receba


Minha alegria eu enterrei nas covas do meu sorriso... escrevi uma vez. Mal sabia que a alegria renasceria tantas vezes depois desse verso. Minhas covinhas ainda seriam mostradas em muitas circunstâncias junto com o sorriso mais genuíno e feliz.

A felicidade não é um estado permanente, mas uma sucessão de momentos. Chorar não é problema quando deixamos o riso se afrouxar depois, chorar de rir também é muito bom. Não precisamos fazer da tristeza nossa marca, quando há outras coisas mais interessantes para mostrar.

Quando deixamos sair o peso da coisas negativas coisas acontecem. Surpreendentemente olhares se voltam para nós e notam o que não se pode nomear, nem se entender. A leveza da alma é um imã de coisas boas. E não é só uma afirmação vazia de auto ajuda, é um testemunho.

Receba! Alguém me disse uma vez. Simplesmente receba uma palavra afirmativa, um chocolate de uma pessoa inesperada, um elogio. Elogio é como um toque de aquarela numa tela branca. A cor que torna tudo mais vivo e mais bonito. O elogio sincero tem brilho. Tem o tamanho do infinito. Nos dá ânimo!

Sorria para a vida, que Deus retribui com suas maravilhosas bençãos sempre a nossa disposição. Não precisa desesperar da vida nos momentos de aflição. Tudo passa. Como disse Charles Chaplin na canção Smile: “ilumine seu rosto com alegria, esconda qualquer traço de tristeza, embora uma lágrima possa estar tão próxima, esse é o tempo que você tem que continuar tentando. Sorria, o que adianta chorar? Você descobrirá que a vida ainda vale a pena, se você apenas sorrir.


sexta-feira, 26 de junho de 2020

Celebrar



Um bebê quando está aprendendo a andar, é celebrado por cada passo, mesmo que mal dado, molenga ou até quando cai. E assim a criança entende que aquilo faz parte da caminhada, não se constrange porque ninguém ri maldosamente dos seus passos tortos.

Quando a gente cresce, porém, começamos a exigir de nós apenas os passos perfeitos, e os tropeços são terrivelmente rejeitados como alheios ao processo. Uma queda então, muitas vezes faz alguém desistir de caminhar. Os passos largos de quem anda em segurança nos ofende; incomoda aquele que se ergue rápido depois de uma queda, sacode a poeira e segue adiante.

Ainda bem que a vida é uma caixinha de surpresas, e há sempre uma fonte de celebração para nossos pequenos passos, e até para os tropeços, desde que dados no percurso para alcançar nossos sonhos. Precisamos celebrar as pequenas vitórias para poder conquistar as grandes. O primeiro passo só se alcança depois que nos erguemos e paramos de engatinhar.

Perder a simplicidade de criança é uma opção. Existem muitas lições que a leveza da infância nos ensina. Se carregamos os traumas por tanto tempo, por que descarregamos a candura pelo caminho? Se guardamos as palavras ferinas e mal dadas ao longo da vida, por que jogamos fora as palavras de afirmação?

Sempre é tempo de voltar a ser criança um pouco, relaxar, desacelerar, não se importar tanto com os acidentes do percurso, mas focar no objetivo. A caminhada é uma metáfora de vida muito bela. É sempre bom aprender com a vida e reaprender a andar!

terça-feira, 23 de junho de 2020

A Hora da Virada


Dizem que o número sete é um número completo. Deus descansou no sétimo dia da criação. Dizem que de sete em sete anos é um momento propício para grandes mudanças, a hora da virada. Vim na estrada de volta para casa, certo dia, refletindo sobre isso e admirando a paisagem ao redor.

A primeira imagem que me chamou atenção foram as flores amarelas, parecidas com margaridas, enfeitando a beira de um córrego. Por um longo percurso do rio de esgoto havia belas margaridas amarelas penduradas. Que poética aquela imagem. As flores colorindo a paisagem fétida. Inocentes. Elas não tinham culpa da degeneração dos resíduos ao seu redor. Elas nasceram para ser flor, e flores estavam sendo.

Margarida. O nome da minha mãe. Sem dúvidas margaridas são resistentes a insalubridade de qualquer ambiente. Longevas. Não são tão lindas quanto as rosas ou as orquídeas, mas, menos sensíveis são mais fáceis de cultivar. Exigem menos cuidados e renascem a cada estação sem que a gente precise fazer caso delas. Elas estão sempre lá, adornando qualquer espaço onde sua semente foi lançada. Sem elas o ambiente seria feio e sem importância. Com elas tudo parece muito indigno de sua presença. Nenhum saneamento satisfaz.

Depois das margaridas a beira do rio, vi um Ypê Rosa, florido em meio a estrada, cercado por palmeiras. Mais a frente vi um bambuzal desmatado e senti meu semblante entristecer. Que estranho perceber aquele percurso diário como se fosse a primeira vez! Depois de mais alguns minutos de mata fechada, anoiteceu e adormeci de cansada no ônibus fretado.

Percebi que estava vivendo mais um ciclo de sete anos da minha vida. Era hora de mudanças. Mas mudar como? O que? Meus sonhos tinha deixado para trás, e de repente era como se eu estivesse voltando atrás e recolhendo-os pelo caminho. É como se cada árvore ou flor notada na estrada, fosse algo importante que eu deixei passar descuidada, mas que ficaram lá a me esperar.

“Está sempre acontecendo algo”. Disse-me alguém, ou será que foi a voz do meu coração? Sempre acontece algo, nós que nos distraímos... vemos TV demais e olhamos menos nos olhos. Sentimos menos, abraçamos menos. Pisamos muito nos sapatos e menos no chão. Olhamos muito e não vemos nada. A natureza cura. Ela nos ajuda a reorganizar a mente, e com a mente minimamente sã, todo o resto se recupera melhor.

Mas como é desafiador manter a mente sã! Mas é possível. É belo olhar o passado e encontrar ternura, caridade, afetos, amores, alegrias. Saber que tristezas foram superadas, outras deixaram marcas, e outras ficaram escondidas ali por tanto tempo, e ainda doía! A dor precisa ser doída. Nunca fui adepta de curas miraculosas, como se fosse errado sofrer ou chorar, machucar ou morrer. Tudo tem um porquê. Aflições fazem parte, só precisamos manter o bom ânimo para vencer, sem deixar de caminhar. Não se vive de passado, mas o futuro não existe se não for construído pelo presente que passa.


sábado, 20 de junho de 2020

O caminho se faz caminhando


O caminho se faz caminhando, alguém repetia sempre. Parecia uma frase de efeito que eu não compreendia. Mas, numa viagem noturna que fiz de carro, a luz dos faróis me fez entender a profundidade dessa expressão.

Numa estrada escura, o caminho só se torna conhecido conforme vamos avançado com a luz em sua direção. Só conhecemos quilometro a quilometro conforme avançamos. Se pararmos, nada saberemos do que vai a frente, nem mesmo se trata-se de um caminho sem saída.

É fato que a estrada estará sempre lá. Mas a estrada não é o caminho. O caminho é uma das possíveis rotas para se chegar a algum lugar. A estrada faz parte do caminho que vamos ou não seguir. E sem que ninguém passe por lá, a estrada não levará nada a nenhum lugar.

O Senhor Jesus disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Foi caminhando até a cruz que o caminho da salvação se fez. É bonita essa imagem. O caminho se faz caminhando. Não pare, e principalmente, não deixe de lançar luz sobre toda escuridão. Não tenha medo do desconhecido, desmascare-o, ilumine os obstáculos na estrada, eles podem ser inofensivos quando conhecidos.


ESTRADAS DA VIDA


Quem sabe aonde vão dar as estradas

É quem traça seu próprio caminho,

Pois no peito traz cartas marcadas,

E a sabedoria de um menino;



Que este não pergunta quanto custa

O refresco, apenas vai à janela,

Que a brisa lhe contempla com gosto

Sem receio, sempre que vai a ela;



Também não pergunta quanto vale

O brinquedo que lhe foi ofertado,

Agradece feliz, sem vaidade,

Somando-o aos brinquedos quebrados;



E quem traça sua própria história

Sabe aonde procurar a saída,

Faz dos sonhos sua mais nobre escola,

E segue adiante rumo à vida.


 


terça-feira, 16 de junho de 2020

Joia Rara



Existem peças de joalheria feitas em massa, várias joias idênticas para gostos comuns, e existem joias exclusivas, raras, moldadas e lapidadas para um fim pontual e importante. Uma joia é rara quando não existe nenhuma igual a ela, embora possa haver réplicas ou joias parecidas. 

Existem pessoas raras também. Lapidadas pela vida. Embora todos, sem exceção, passem por tribulações, algumas circunstâncias podem ser tão diferentes, que distancia tanto alguém das experiências sociais convencionais, que isso a torna diferente, rara. Também é rara aquela pessoa que, apesar do convívio social, guarda em si algo muito particular em sua essência que a torna igualmente preciosa, digna de contemplação e afeto.

A vida não nos coloca diante de tantas oportunidades de encontrar essas pessoas especiais, que trazem algo de único para nossa existência. Não seriam raras se em cada esquina existisse uma. Mas como é bom quando nos deparamos com uma delas, e como é bom quando ela é capaz de notar o lado bom daquilo que somos, e não só isso, nos ajuda a sermos a melhor versão de nós mesmos. Talvez só uma pessoa rara seja capaz de olhar e compreender a raridade do ser em outra pessoa.

Nem sempre teremos duas chances de olhar ao redor e perceber um tesouro brilhando a nossa disposição. Mas, se tiver um pouco de sorte, que é um apelido carinhoso para Deus, quando a segunda chance vier, agarre-a sem pensar.

segunda-feira, 15 de junho de 2020

Seremos Eternos


Tenha um filho. Plante uma árvore. Escreva um livro.

Diz o ditado que todo ser humano devia ter filhos, plantar uma árvore e escrever um livro para deixar de legado ao mundo. É uma filosofia de vida bonita vista daqui debaixo do sol. As três ações para mim significam gerar vida, ou multiplicar vida.

É fato que existem pessoas que fazem o mal com os filhos do ventre, há ervas daninhas e livros inúteis que não trazem nada de bom à quem lê, mas é fato que desde que o homem tomou ciência de que existia o bem e o mal no mundo, nunca foi dito que saberíamos discernir um do outro sem que Deus nos revelasse, pois a natureza humana por si está sempre inclinada ao mal.

Escrever um livro, das três ações, é a única que sempre esteve ardendo em meu coração, e querendo transformar-se e me transformar. Desde muito jovem havia quem me dissesse para publicar um livro. Eu tinha muitas poesias escritas, e muita história por contar. Mas a vida, essa caixa de pandora, me levou aos poucos e sem que eu percebesse para muito longe do meu sonho.

Sem porque, aos poucos a literatura foi perdendo espaço na minha vida, a internet nos enche de informações rápidas e processadas, e acabei envolvida pela pressa cotidiana, pelas web imagens ao passo que uma boa leitura, serena e compassada e todos as personagens que ela me trazia ficou em segundo, terceiro plano, até que eu me esquecesse delas.

Vez ou outra passava por minhas poesias, sorria para as prediletas, mas muitas delas não se correspondiam mais com sua autora. Eram emoções que precisavam de mais que uma leitura rápida para serem compreendidas e reveladas. Foram composições em momentos de extrema ternura e paixão, outras de tristezas, mas envolvidas pela esperança. A velocidade da rotina e o desânimo não me conectavam mais a essas sensações.

Até que um dia, na ânsia de ajudar alguém a se libertar da solidão, gritei por socorro, sem rumo certo, à esmo lancei garrafas ao mar com pedido de ajuda, até que alguém resgatou meu pedido e me estendeu a mão! E sem que eu pudesse entender a razão, aos poucos desacelerei, e voltei a enxergar o que eu não via há muito tempo...

Enquanto não me surge ocasião de gerar um filho ou plantar uma árvore, meu legado já está com meio caminho andado! Poesias eternizam os sentimentos mais sinceros, as belezas mais sutis, os amores mais profundos. Escrever clareia a alma, dá descanso aos pensamentos, alivia o coração. Por transformar meus afetos em versos seremos eternos!


domingo, 14 de junho de 2020

Empoderada


“Um dia você vai olhar no espelho e vai enxergar uma mulher linda”. Alguém me disse. Foi uma conversa tensa e confusa, que me tirou do eixo por vários dias. Nada me fazia entrar naquela personagem anunciada “a mulher linda e sexy e empoderada”. Talvez por isso mesmo a conversa não fluiu. Me senti agredida, invadida em meus princípios mais valiosos.

Não que eu não me sentisse linda. Para mim a mulher empoderada é a esposa que cuida do lar, do esposo, pode trabalhar fora ou não, mas tem poder para dar a sua melhor versão em prol do próximo, da sua própria família e filhos. Empoderada é a mãe, que sente crescer no seu próprio ventre vários corações consecutivamente, sem esmorecer, e cuida daquela criatura vulnerável como nenhuma outra pessoa bem intencionada é capaz de cuidar.

Sexy é a mulher que cuida do próprio corpo porque ele também é parte de um projeto de vida que consiste em compartilhá-lo com outra vida – uma só carne. Sexy é aquela que espera o esposo usando uma lingerie especial, para dar amor e sentir-se amada. Mulher linda é aquela que não precisa exibir longos trechos da pele para arrancar olhares, a beleza é um estado de espírito que reflete na aparência física.

Por tudo isso, meu papel no máximo era da menina, da garota a espera de um grande amor. Como um jogo, onde são necessárias algumas etapas para passar de fase. Nenhuma receita moderna de empoderamento feminino poderia conferir a mim o título de linda, sexy e empoderada, no máximo excêntrica, vulgar e pretensiosa. A vida é como as estações do ano, não adianta precipitar o desabrochar da flor enquanto ainda é outono.


sábado, 13 de junho de 2020

Luz Apagada


Há um profundo grito de desespero contido na garganta. Há uma lágrima sedenta e lamuriosa que quer escapar, mas não encontra o caminho. “Solte-se solte, libere suas travas” – alguém me disse. Isso me deu mais angústia, além do desespero e da lamúria, acrescentou a vergonha, a timidez ante a figura até então desconhecida que me fitava.

“Não estou olhando, solte-se”. Riso. A expressão rir para não chorar é muito verdadeira. “Pare de rir!” Ora! Deixe meu sorriso, é o que tenho de melhor! “É preciso soltar o que você tem de pior” ... Meu sorriso é uma farsa que esconde tudo de ruim que eu não consigo me livrar!

Apago a luz e só então, na solidão do quarto escuro, é que consegui soltar urros de raiva, e golpes imaginários no ar. De joelhos no chão tento arrancar as lágrimas, mas elas não vêm ... e outro dia, luz apagada, água do chuveiro caindo nas costas, urros, tristeza, ira. Nada das lágrimas.

Mesmo sabendo que a dor maior ainda ficou, houve alívio. Leveza no respirar, sono sem pesadelos. Quando não tomamos cuidado com o que guardamos dentro do peito, corremos o risco de sofrer para arrancar o desespero que acumulamos sem perceber.

SENTIDO SOLIDÃO

Rodopiando, o anjo calado mira;

Quem é que me guarda as chamas eternas?

O meu cantar triste, apenas suspira,

Nem mais alcança as nuvens do céu etéreas;


Aqui tudo é solidão, minha guia

Eu corro estrada afora sem retorno,

Nem Deus quer conter a minha fúria...

E me alimenta pela veia com soro;


Senão, serei em breve como um céu estrelado,

E cada ano vivido – sem ternura -

Trará em si o clamor de um astro apagado;


Então, no fim de uma insana procura,

Verei em mim um imenso céu nublado,

Com a sombra entristecida da loucura



Não se ponha o sol sobre a vossa ira. Efésios 4:26

Mais um texto que era para ser uma ficção.

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Como uma rosa


“Como é se abrir para o mundo como uma rosa?” Li essa frase certa manhã numa mensagem. Consequentemente lembrei de muitos episódios da minha vida onde usei a imagem da rosa para descrever meus sentimentos, e minhas ideias. Lembrei também de uma fábula muito linda, O Pequeno Príncipe, que aliás já escrevi aqui nesse blog uma série de textos falando sobre vários personagens, e não falei, olha só, da rosa!

Há um capítulo onde o autor narra exatamente o desabrochar da rosa:

“Pude bem cedo conhecer melhor aquela flor, sempre houvera, no planeta do pequeno príncipe, flores muito simples, ornadas de uma só fileira de pétalas, e que não ocupavam lugar nem incomodavam ninguém. Apareciam certa manhã na relva, e já à tarde se extinguiam. Mas aquela brotara um dia de um grão trazido não se sabe de onde, e o principezinho vigiara de perto o pequeno broto, tão diferente dos outros. Podia ser uma nova espécie de baobá. Mas o arbusto logo parou de crescer, e começou então a preparar uma flor. O principezinho, que assistia à instalação de um enorme botão, bem sentiu que sairia dali uma aparição miraculosa; mas a flor não acabava mais de preparar-se, de preparar sua beleza, no seu verde quarto.

Escolhia as cores com cuidado. Vestia-se lentamente, ajustava uma a uma suas pétalas. Não queria sair, como os cravos, amarrotada. No radioso esplendor da sua beleza é que ela queria aparecer. Ah! sim. Era vaidosa. Sua misteriosa toalete, portanto, durara dias e dias. E eis que uma bela manhã, justamente à hora do sol nascer, havia-se, afinal, mostrado.

E ela, que se preparara com tanto esmero, disse, bocejando: - Ah! eu acabo de despertar. . . Desculpa... Estou ainda toda despenteada... O principezinho, então, não pôde conter o seu espanto: - Como és bonita! - Não é? respondeu a flor docemente. Nasci ao mesmo tempo que o sol... O principezinho percebeu logo que a flor não era modesta. Mas era tão comovente! - Creio que é hora do almoço, acrescentou ela. Tu poderias cuidar de mim ... “
O Pequeno Príncipe, Antoine de Sant Exupéry

A rosa do pequeno príncipe nasceu toda metida, se sentindo única e merecedora dos cuidados do principezinho. O principezinho acreditava que ela era única no mundo, até que um dia encontrou um jardim cheio de rosas iguais a sua, e chorou frustrado, se sentindo enganado. Até que encontrou a raposa que disse: “A gente só conhece bem as coisas que cativou” e a clássica frase, “tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas!” Explicou em outras palavras que o que tornava a rosa única não era sua espécie, eram os laços de afeto e cuidado que ele tinha com ela.

Ah, por que será que omiti a rosa na série de posts anterior? Será que era porque eu não acreditava que existia a possibilidade de achar um pequeno que cuidasse dessa rosa afetada, cheia de manias, e sedenta por cuidados? O principezinho, apesar de príncipe, não tinha nada de encantado, dos romances, ele era totalmente encantador. Cheio de ternura e amor. Realmente, talvez haja quem tolere a insegurança por trás da formosura da rosa, talvez haja quem entenda sua vulnerabilidade e quem até releve o efeito dos seus espinhos ... Realmente eu não sei o que é me abrir para o mundo - com todas as ressalvas que essa expressão precisa ter – como uma rosa. Muito menos sob os cuidados de alguém com quem pudesse criar laços! Mas sempre há esperança.

- Ah! meu pedacinho de gente, meu amor, como eu gosto de ouvir esse riso! - Pois é ele o meu presente ...

Tu serás sempre meu amigo. Terás vontade de rir comigo. E abrirás às vezes a janela à toa, por gosto ...


quinta-feira, 11 de junho de 2020

Viver Não é Preciso


"Navegar é preciso, viver não é preciso", disse o poeta. A vida não é exata, definida, a vida é como a arte na mão do artista, para ser bela precisa lapidar, colorir, costurar, envernizar. Uma obra não terminada, não é uma arte, mas está sempre ali a disposição do artista para terminá-la.

Todos nós de certo modo somos obras em fase de lapidação. A vida vai nos arrancando umas lascas aqui, outras ali, e muitas vezes nos sentimos um pouco inacabados, de lado, largados num canto, feito um barco em construção ancorado no cais em uma ilha deserta.

Mas existem situações que nos chacoalham, feito maré alta, que movimenta o mar e tira de vista toda a superfície que até há pouco dava segurança aos nossos pés. De repente, percebemos que navegar é necessário, e a maré nos leva para mares nunca navegados, longe da segurança da praia.

Certa vez ouvi uma história, de um homem que tinha muito medo de andar de barco, até que o marujo o lançou no mar. Então ele perdeu o medo do barco, porque sentiu que o barco era seguro. No mar alto precisamos da segurança de um barco, e alguém que saiba conduzir a navegação. No raso, precisamos saber nadar.

Na natação aprendi que quanto mais a gente tenta se salvar mais a gente afunda. Mas quando nos entregamos sem resistência, a água sozinha nos traz para a superfície. E assim é a vida, confia no marujo que conhece a bússola dos mares, e se estiver sem forças, deixa o mar te trazer de volta para a superfície, respire fundo e continue e nadar.


quarta-feira, 10 de junho de 2020

Sexy por Acidente


Assisti muito relutante ao filme Sexy por Acidente, pelo trailer deu para pressentir um roteiro feminista e vazio, usando uma fórmula que teria tudo para dar certo. E realmente não deu. Apesar da direção ser de uma dupla que dirigiu um dos meus xodós do Top 5 da Sessão da Tarde o filme Nunca Fui Beijada (Never Been Kissed), o enredo de Sexy por Acidente é muito raso. 

No filme Renee (Amy Schumer) é uma mulher insegura e com baixa autoestima por conta dos quilos a mais. Num dia ela cai e bate a cabeça numa aula de spinning, e quando recupera a consciência ela fica se achando a gostosa e última bolacha do pacote, mesmo que na prática nem um centímetro da sua cintura tenha diminuído.





O roteiro sugere corretamente que o psicológico nos diz muito mais sobre o amor próprio do que a forma física. Mas na prática, o resto do filme gira todo em torno do corpo da protagonista. Exibicionista, forçada, atraindo para si dois pretendentes, e muito sexo. Ou seja, a história dá uma volta para se posicionar contra a tal gordofobia (com uma protagonista ácida em suas colocações tal qual uma gostosona de fato) e cai na pauta da objetificação da mulher. Nenhuma das abordagens acrescentam nada de útil para quem não se sente bem com sua imagem, seja lá por que motivo for.

Tem dias que eu me sinto bonitona e saio me achando igual a personagem do filme. Isso não é ser sexy, é ser iludida. É achar que roupa e maquiagem ou até um corpo bonitinho (nem tão bom, mas nem tão ruim) influenciam no que somos em nossa essência. Na verdade, não há beleza física que supere a fraqueza emocional ou mesmo espiritual de alguém.

A expressão sexy é dúbia, depende de quem fala. Para alguns pode sugerir promiscuidade, pornografia ou erotização, para outros feminilidade, beleza. Na maioria das vezes uma coisa se confunde com a outra, não dá para expressar uma sem aguçar a outra, direta ou indiretamente. Há uma linha muito tênue que nos impede de cair do auge da autoestima no precipício da vaidade.

A feminilidade é bonita de ser apreciada, e exige muito pouca pele a mostra. Apesar de ironizado o termo bela, recatada e do lar dado à ex primeira-dama Marcela Temer ela é um bom exemplo de uma mulher feminina e linda, assim como a atual primeira-dama Michele Bolsonaro. Uma outra imagem feminina clássica, na minha opinião, a cantora Sandy. Com sua silhueta esguia e feições de boneca, Sandy transitou da menina para a mulher sem precisar passar pela erotização da imagem.

Tá bom, meus exemplos são muito caretas! É que realmente não acho que sexy e gostosonas sejam sinônimos! Nas listas das 10 mais sexys, na verdade constam as mais desejadas, se bem que na última lista saiu até Pablo Vittar como mulher mais sexy! Não é uma lista que eu ambicione. Não quero ser desejada por muitos homens, um só basta. E, também, não me agrada ser vitrine de muitos deles para achar esse único. Diferente da Renee do filme, quem me amar haverá de me enxergar muito além do que minha fisionomia pode expressar, muito além do que uns pedaços de pano podem esconder, ou a maquiagem pode colorir ou disfarçar.


Linguagem do Amor - Toque Físico


Costumo dizer que adoro um grude! Simplesmente não entendo pessoas que reclamam de relacionamento grudento! Não há nada melhor que um abraço apertado, muito cheiro no cangote, muito colo, muito beijo na boca! E mesmo nos casos onde não é relação amorosa, abraço é gostoso, aperto de mão é bom. Chorar no ombro de um amigo é muito bom! É minha terceira linguagem do amor, páreo com palavras de afirmação.

Sou de um tempo que ir para escola de braços dados com as amigas era tão natural, que ninguém olhava duvidando da nossa heterossexualidade! Era gostoso. Também sou aquela pentelha que tem foto da mesma época abraçada com amigos meninos e penso que bom que não tinha maldade!

Esses dias lembrei de um episódio que ficou tão marcado que cheguei até a descrever num poema. Não ficou bom o poema, mas ele relatava um momento muito terno e aparentemente tão bobo! Estava no sofá da sala, vendo sei lá o que, não sei se era fim de semana ou não, acredito que sim. De repente meu irmão chegou e se deitou no meu colo, assim do nada. Fiquei espantada curtindo o momento raro.

Nunca entendi porque aquele instante foi tão marcante e importante para mim. Agora refletindo direito sobre as linguagens do amor do livro As Cinco Linguagens do Amor, do Gary Chapman, percebo que a linguagem toque físico foi combinada com o tempo de qualidade e deu bom! Fiquei em silêncio, com medo de respirar e espantá-lo dali do meu colo!

Toque físico é uma expressão de amor, para além do romance, bobo é quem não gosta! Há muitos anos que eu e meu irmão não nos expressamos direito de nenhuma forma, muito menos com toque físico, mas sempre é dia de retomar o tempo perdido. O coração é o senhor do tempo, e o que não me falta é amor para expressar, seja como for!


terça-feira, 9 de junho de 2020

Linguagem do Amor - Tempo de Qualidade


Tive um relacionamento durante um período em que eu trabalhava 6 dias por semana, alternando sábados ou domingos. E ele 6 dias sempre de segunda à sábado à noite. Logo a gente só tinha os domingos para se ver. Mesmo tendo domingos que eu trabalhava, nunca eu cogitava a hipótese de alegar cansaço ou nada parecido.

Mesmo assim ele sempre achava outras coisas para fazer aos domingos, ou pessoas para visitar e nunca dividia o dia para separar umas horinhas para mim... lembro que eu ficava muito arrasada e nunca soube explicar para ele a razão do meu incômodo. Uma vez combinamos o mês das férias, e o que foi um momento maravilhoso para mim, mesmo ficando boa parte do tempo só em casa tomando café, foi um fardo para ele, que achava que aquele mês servia de estoque para justificar sua ausência em todos os outros fins de semana que ele não aparecia.

Lendo o livro As Cinco Linguagens do Amor, do Gary Chapman, descobri que Tempo de Qualidade é minha principal linguagem do amor. Descobri também que meu antigo parceiro não ficava nem um pouco feliz em se expressar na minha linguagem. Por sorte eu sabia falar a linguagem palavras de afirmação, que era a forma como ele se sentia amado. Mas também tinha atos de serviço, e nesse quesito acho que o deixei um pouco à míngua, por falta de um espaço para exercitar e um pouco de sabedoria. Eu teria tempo e espaço de sobra se os planos que tinha com ele tivessem dado certo, mas graças a Deus não deram! Não era para ser.

Foi bom poder entender o que aconteceu depois da leitura do livro, para corrigir a rota nas próximas jornadas. Quando eu me apaixonar novamente, se acontecer, possivelmente vou me doar de novo 100% a um propósito de vida, vou mobilizar todo meu tempo e recursos para uma finalidade comum igualzinho eu fiz. Da próxima vez haverá de ser comum. E farei diferente o que for preciso para abordar a linguagem da outra pessoa, ao invés de exigir apenas a expressão da minha. E, se for da vontade de Deus, será incrível!


segunda-feira, 8 de junho de 2020

Linguagem do Amor – Presentes


“Depois de tudo que eu te dei?”, “Eu fiz tudo por você e o que eu recebo em troca?” “E o que eu ganho com isso?”. Essas são expressões frequentes que pessoas com a linguagem de amor Recebedor de Presentes geralmente usa quando está irritado. 

Já escrevi aqui no post Ingratidão sobre uma pessoa com muito talento para sacar (e lançar na cara) um lembrete de tudo que tinha dado em qualquer briga boba. Depois de ler o livro As Cinco Linguagens do Amor, do Gary Chapman, entendi que essa pessoa ficava me enchendo de presentes, porque essa era a forma dela se sentir amada. Ela usava sua própria linguagem achando que faria efeito nos outros, mas ocorria o exato oposto...

Cada novo presente dessa pessoa significava uma dívida de “gratidão” forçada que eu teria que exercitar futuramente. Cada presente era um cala a boca para eu não reclamar de nada que viesse dela, para evitar o famoso “depois de tudo que eu te dei?”. Quem dá nunca deve lembrar e quem recebe nunca deve esquecer, acho muito feio quem não nos deixa esquecer do que nos deu.

Por causa dessa experiência na infância, cresci achando que não gostava de presentes. Mas convenhamos, quem não gosta de um presente? Só não é minha principal linguagem do amor, e geralmente gosto mais do momento que envolve a entrega do presente, das palavras proferidas ou do simbolismo ou importância de quem me presenteou. Não importa se é aniversário ou o que for, se não quiser presentear de coração, esqueça qualquer data comemorativa!

Também costumo dizer que não sei presentear. Na verdade detesto presentear em calendário comemorativo, Dias das Mães, Páscoa, Natal, pelo mesmo motivo que não gosto de receber presentes só por receber, porque alguém se achou forçado a comprar aquele presente! Não gosto de comprar presente de amigo secreto, nem de vaquinha para presentear fulano ou beltrano.

Por outro lado, eu amo mimar quem eu gosto. Dar presente fora de hora, ou até em alguma hora propícia, desde que seja inesperado. Meu último presente foi uma poesia (ai que brega!) e o efeito foi lindo! Presenteei uma pessoa que me faz bem, com toda sua simplicidade e encanto. Antes da poesia dei um chocolate para adoçar a vida de outra pessoa, e o resultado também foi muito legal! Presente não precisa ser caro, não precisa nem ser material, basta que seja de coração!


domingo, 7 de junho de 2020

Linguagem do Amor - Atos de Serviço



Aqui em casa minha mãe sempre foi aquela figura clássica da dona de casa, que lava, passa e cozinha para todos! Esmerada, sempre cuidando de tudo, cada detalhe, tapetes, cortinas, toalhas, o guarda-chuva na mochila das crianças, o tênis branco do garoto, impecável! A comida à mesa na hora certa, e não basta a comida na mesa, precisa colocar no prato!

Muitas vezes ouvi pessoas reclamando de que quando alguém coloca comida em nosso prato é sinal de preguiça, pessoa mimada. Esse último de certa forma está certo. Mas deixar a mãe colocar comida no nosso prato é deixá-la demonstrar seu amor. Recusar qualquer coisa que ela coloque no prato é um insulto. Erguer-se e colocar comida por si, também é.

Costumo reclamar que não gosto de pegar nada para fazer na cozinha porque ela sai terminando. Hoje, depois de ler o livro do Gary Chapman, As Cinco Linguagens do Amor, entendo que na verdade ela quer mostrar serviço, e dizer que está ali para cuidar de mim, e que enquanto ela estiver ali ninguém precisa se preocupar.

Mas, nem tudo são flores. É realmente confortável a mensagem de que não precisamos nos preocupar, mas o serviço de casa sobrecarrega. E ela reclama que só ela faz tudo... É complicado devolver na mesma moeda, sendo que ela não deixa terminar nenhum ato de serviço, mas de vez em quando pego a casa para varrer, saio para fazer compras, trago tapetes, toalhas, aventais novos, lavo louça. É pouco, mas é o que tem para hoje.

Essa não é minha principal linguagem do amor, mas não vejo a hora de ter minha própria casinha para arrumá-la do meu jeitinho, e decorá-la com a minha cara, e poder terminar o café, o arroz, o feijão que eu comecei! Como não tenho nenhuma pretensão de morar sozinha, essa “minha cara” não precisa ser só minha, desde que eu possa concluir o que iniciei, será um prazer ajudar meu parceiro a dar a cara dele no cantinho que ele quiser... isso, claro, se Deus permitir assim!


sábado, 6 de junho de 2020

Linguagem do Amor - Palavras de Afirmação



“Pare de escrever besteiras”! “gênio insuportável”! "isso não dá dinheiro", “você não trabalha não?”. Cresci com o estoque de palavras de afirmação em baixa. Fui alvo de falsas amizades, adultos assediadores, e muitas pessoas boas que me davam atenção, afirmação e consolo. Felizmente os primeiros nada me fizeram de pior. Deus não permitiu. Ocasião não faltou.

Com o tempo aprendi a catalisar coisas boas, ações afirmativas. Supervalorizava qualquer palavra gentil, transformava-as em grandes lembranças, poetizava-as. Por isso que eu vivia escrevendo cartinhas para meus amigos, e os crushs? Tadinhos! Desculpa aí meninos! Aprendi com o livro do Gary Chapman, As Cinco Linguagens do Amor que Palavras de Afirmação é minha segunda linguagem do amor, aquela que me faz sentir amada.

Hoje troquei as cartas por textão no Instagram e Facebook! Já escrevi mensagens para muitas pessoas, e um caso muito triste não ganhei nem um like da pessoa envolvida. Ganhei um block em troca! Essa mesma pessoa me acusou um dia, sem mais nem menos e sem chance de me explicar, que eu não a ouvia, só me importava comigo mesma. Só por isso já sei que a linguagem principal dela é justamente essa aqui. E saber de quase toda sua vida, inclusive das brigas dos familiares próximos que eu atentamente a ouvia contar, não foi suficiente, porque possivelmente negligenciei algum assunto muito importante que ela quis contar, e porque eu tivesse acabado de romper um relacionamento longo, estivesse realmente mais interessada em desabafar que em consolar... Perdi uma amizade que me era muito preciosa, mas fazer o que?

Aprender sobre essa linguagem do amor me ajudou a entender muitas coisas, e porque certas palavras doeram tanto, e a ausência de palavras, muitas vezes também. Me ajudou a entender por que escrever e demonstrar afeto por palavras me é tão caro ao coração. Entendi por que falho miseravelmente em demonstrar amor para quem não fala a mesma língua. E mesmo para quem fala, podemos falhar se negligenciarmos uma palavra afirmativa quando a outra pessoa mais precisar.


Linguagens do Amor - As Cinco Linguagens



Li no ano de 2018 o livro As Cinco Linguagens do Amor, do Gary Chapman. A leitura foi muito bem recomendada por uma colega do trabalho, que chegou toda empolgada com a leitura, e como ela tinha um excelente dom de comunicação expôs brilhantemente para a equipe toda os resultados da leitura com seu marido, que segundo ela descobrira tinha como linguagem do amor o toque físico.

E como a propaganda foi boa, entrei na fila para leitura, porque o livro foi emprestado para várias pessoas. E realmente o livro é muito bom, profundo e certeiro. Segundo o autor, “pessoas diferentes com personalidades diferentes expressam amor de maneiras diferentes”. Todos damos e recebemos amor de maneira diferente, e perceber isso nos capacita a comunicar melhor o amor. Isso vale para casados ​​ou namorados, para crianças e adolescentes, para amigos e colegas de trabalho e para relacionamentos à distância.

As cinco linguagens do amor são:

Palavras de Afirmação

Atos de Serviço

Presentes

Tempo de Qualidade

Toque Físico


A teoria do autor faz muito sentido. Não contraria nenhum princípio de grande valor. Quem quiser aprender qual sua linguagem do amor, no site 5 Love Language tem um exercício muito legal para ajudar.

Cada um tem uma ou duas linguagens que se destacam, mas há quem diga que temos um pouquinho de cada uma. E é verdade. Li o livro, fiquei muito empolgada, mas ele não me pegou numa fase muito boa. A versão que li estava voltada para casais, e para variar eu estava sozinha, recém saída de um flerte inútil, que nem chegou a ser um relacionamento, frustrada. E todo seu conhecimento ficou guardadinho na minha memória e coração.

E as obras incríveis da vida trouxeram de volta agora as impressões gostosas deixadas pelo livro, e a vontade de me redescobrir e aplicá-las em muitas pessoas importantes. É muito desafiador! Falarei mais sobre cada linguagem do meu modo, nos próximos posts: 


Linguagem do Amor - Palavras de Afirmação

Linguagem do Amor - Atos de Serviço

Linguagem do Amor - Presentes

Linguagem do Amor - Tempo de Qualidade

Linguagem do Amor - Toque Físico




sexta-feira, 5 de junho de 2020

Uma Cabeça Cheia de Sonhos

The Butterfly Package - Kristjana S Willimas  
Eu nunca tinha ido a um grande evento, muito menos sem algum familiar ou conhecido próximo junto. No início do ano de 2016 foi anunciado vendas do show da banda Coldplay no Brasil que seria no ano seguinte. Na época não consegui os ingressos. Até que foi anunciada nova turnê para 2018, e lá fui eu madrugar na fila de espera no site de vendas de ingressos... não consegui na primeira. Liberaram show extra, entrei na fila pelo site e... nada!

Me inscrevi em tudo quanto foi concurso de rádio para concorrer aos ingressos. Nada. Quando já tinha desistido, e bem pertinho da data do show, de repente, vi nas redes sociais ingressos extras! Lembro como hoje minha alegria misturada com o desespero de estar no meio da rua, sem sinal decente de internet, sem cartão de crédito!

Meu primeiro impulso foi chamar meu irmão no Whats App e pedir socorro: “compra para mim!!!” Ele deve ter demorado poucos minutos para visualizar, mas para mim foi uma eternidade. Apavorada, acionei outro amigo do trabalho: “compra para mim!!!” Gentil, meu amigo logo se prontificou, me passou os dados do seu cartão (own!), deu recusa! Ai meu Deus! Ele ligou na central do cartão, tinha dado bloqueio preventivo, resolvido o problema do cartão, tudo certo, consegui!

Logo depois, meu irmão também me mandou o ingresso... e lá estava eu com dois ingressos nas mãos! “Vou à falência” – pensei. Vou à falência feliz. Procurei alguém para vender um dos ingressos. E não foi difícil, poxa vida era um ingresso para o show do Coldplay! Arrumei um outro conhecido do trabalho e de quebra ganhei companhia. E foi sensacional! Fiquei com vontade de chorar, mas não caiu uma lágrima, estava em shock. O local na arquibancada era muito bom e protegia da chuva. Foi uma experiência INCRÍVEL.

E por que resolvi postar isso aqui tanto tempo depois? Como foi que eu deixei passar isso? Onde eu estava esse tempo todo? É claro que eu passei por aqui e pelo meu outro blog Diário Fragmentado para escrever algumas coisas, mas eu estava num ritmo bem diferente do que eu me conhecia do passado. Eu era uma menina com a cabeça cheia de sonhos, igual a música título da turnê.

Eu realmente sonhava muito e lembrava de todos os meus sonhos malucos, minha memória era boa para gravar detalhes dos sonhos noturnos. Só não gostava de lembrar dos pesadelos, para estes tinha uma técnica que minha mãe dizia: “quando tiver pesadelo, assim que acordar passa a mão na cabeça que esquece”. Era tiro e queda, sei lá se tinha algum fundamento, mas funcionava. Eu era uma menina intensa e criativa.

Outro dia eu fiz diferente. Lembrei de um pesadelo. Fazia muito tempo que eu não lembrava de sonho nenhum, e o primeiro que eu lembrei foi um pesadelo, não quis fazer descaso, anotei ele. Seja lá para qual finalidade, fiquei contente por ter voltado a ouvir o que fala meu inconsciente. E estou feliz por ter me reconectado com a menina da cabeça cheia de sonhos. Por isso tenho vindo aqui escrever quase todos os dias. Alguma coisa me deu gatilho. E não vou perder a oportunidade.


É como diz música A Head Full Of Dreams:


Oh, eu acho que aterrissei

Em um mundo que eu nunca tinha visto

Em que me sinto uma pessoa comum,

Em que não sei o que significo,


Oh, eu acho que aterrissei

Onde milagres estão acontecendo,

Pela sede e pela fome,

Venha para o união dos sem valor!*


E digo que isto é verdade

Nada é o que parece.

Deixe aberta as suas janelas quebradas

E a luz adentra lentamente


E você terá uma cabeça cheia,

Uma cabeça cheia de sonhos!

Você pode ver a mudança que deseja,

Seja o que você quer ser!


E você terá uma cabeça cheia,

Uma cabeça cheia de sonhos!

É uma risada que acabou de ser dada

Com a cabeça cheia! Uma cabeça cheia de sonhos!


Oh, acho que aterrissei

Onde os milagres estão acontecendo

Agora você me tem de braços abertos,

Agora você me deixou sem palavras


Eu canto oooh

Oooh

Oooh ooh

Oooh ooh


Eu canto oooh

Oooh

Oooh ooh

Oooh ooh


Oooh

Oooh

Oooh ooh

Oooh ooh


Uma cabeça cheia de sonhos


Oooh

Oooh

Oooh ooh


Acabei de acordar para a vida

Com uma cabeça cheia,

Uma cabeça cheia de sonhos



*Conference of birds é uma expressão idiomática, onde the birds equivale a “sem valor” ou “nada interessante “.


quinta-feira, 4 de junho de 2020

Banho de Chuva


Hoje o dia amanheceu chuvoso e nostálgico. Há alguns dias estou com vontade de tomar um bom banho de chuva. Recordo que na época da escola eu sempre levava comigo uma sacola de plástico para proteger meus cadernos em caso de chuva na hora de voltar para casa. Protegendo os cadernos o resto podia molhar! E mais de uma vez voltei caminhando debaixo de chuva, sei lá por que, pois carrego um guarda-chuva feito um terceiro braço até nos dias de sol! Naquele tempo devia ser diferente. Sei lá!

É uma sensação muito gostosa. Quase tão boa quanto um bom banho de mar. Se molhar com roupa é divertido! Desafiador. Essa é a palavra do dia. Nada é difícil, tudo é desafiador! Estou ressignificando velhos paradigmas, e olhar para o passado é algo muito legal, contagiante e me dá muitos elementos para ressignificar a vida.

Costumo dizer que não tenho uma série de experiências que a grande maioria das pessoas ao meu redor tem, e é verdade. Mas é verdade também que o inverso é válido. Ou seja, ninguém tem o privilégio de ver a vida da minha perspectiva. Muitas vezes parece desvantagem, mas nem sempre. Passar pelos vai-e-vens emocionais sem precisar trocar pneu com carro andando que é lidar com as responsabilidades de gente “normal” foi positivo. Por linhas tortas, como diz o ditado.

Eu nem consegui ser adolescente rebelde! Eu era uma medrosa, e isso me protegeu de muita coisa. O medo protege. Descobri que eu tenho muita história para contar, mesmo correndo o risco de ninguém querer saber... Faz dez anos que escrevo aqui, acho que já superei a ausência de um grande público. Mas fico muito grata por quem me lê, mesmo que só de passagem!

E mais uma vez tenho que admitir que toda minha história como blogueira começou graças ao meu irmão que criou esse blog aqui para mim! Engraçado como tem o dedo dele em tantas experiências boas da minha vida, direta ou indiretamente! Só que ele é do grupo de gente normal, que seguiu a vida com suas responsabilidades de gente adulta, enquanto eu fiquei aqui observando o mundo de dentro.

Talvez eu tenha me aventurado a tomar um banho de chuva porque eu sabia que aqueles momentos, aquele maravilhoso e simples trajeto da escola para a casa seria meu laboratório, onde eu acumularia uma série de histórias muito interessantes. E se minhas humildes experiências servirem de consolo para alguém, ou meu jeito meloso e nostálgico servir de estímulo para que alguém saia da própria crise existencial, já valeu a pena cada minuto vivido ou ansioso por viver.



LAMENTAÇÕES

Ó céus por que choras assim? 

Se já é tão grande meu lamento! 
Se me exasperam os tormentos 
Que me desatinam sem fim...

E sem sorver tuas doces lágrimas, 

Sim céus, porque choras assim, 
Das minhas dores não me lavo 
Minha agonia não tem fim

Mesmo esta chuva que me busca 

Na insanidade desta casa 
Seduzindo-me a ganhar asas,
Nem ela detém-me de outra fuga...

De tantas chuvas de feições 

Várias, nublada, clara, escura 
Nunca veio a mim uma tão pura 
E estranha às minhas ilusões!

Longe demais de qualquer sonho, 

Fechei as comportas do meu mundo 
Pra que a enchente não me leve 
Todos os medos mais profundos...

Ó céus o que será de mim?

Se os relampejos que em meu peito 
Ardem, espantam os apelos
Da cantoria dos passarinhos?


quarta-feira, 3 de junho de 2020

Sem pensar


Respire. Não pense. O corpo reflete os nossos pensamentos.

Aprender poesia foi um grande refúgio quando eu precisava dar ritmo, ou descanso para meus pensamentos. Muitos diziam que minhas poesias eram tristes. Elas me retratavam melhor que fotografias, onde eu estava quase sempre sorrindo.

Poesias tem pausas. Descobri há poucos dias que elas têm o mesmo efeito da respiração para quebrar o estado das coisas; sair de uma tristeza imensa, do medo e oxigenar o cérebro. Minhas poesias não me davam limites. Ao contrário, elas me davam asas. Elas me diziam “não pense, lapide os versos depois; apenas escreva”:


LUZ

Se o coração gritar,

Respira.

Se a vida faltar,

Inspira.

Se o homem suprimir,

Escreva.

Se as linhas se esconderem

Reflita.

Se uma luz surgir, siga-a.

Se uma voz calar,

Agradeça, e

Se o verso libertar-se,

Esqueça!



E assim eu segui. Ia guardando uma palavra aqui, uma ideia ali, uma frase, às vezes um verso, e num certo dia saía o poema inteiro. Bom ou ruim, não importava. Tenho poesias que me encantam e tenho muitas coisas bobas, mas que guardam a memória daquele momento.

Há poucos dias, reencontrei-me com os velhos conselhos das minhas poesias. Não em forma de versos, mas em forma de afinidade. Temos afinidades com quem faz fronteira conosco, quem circula dentro dos mesmos limites. Não físicos, elas podem estar muito distantes, em outra cidade, estado ou país, ao passo que na mesma casa podemos conviver como se estivéssemos em mundos distantes!

Temos afinidade com quem fala a mesma língua, não o idioma, a língua do coração. Aquelas coisas que são mais caras à nossa emoção. E essas pessoas não precisam ser iguais, afinidade não é igualdade, podemos ter afinidades com pessoas extremamente diferentes, mas que convergem em algum ponto com nossos princípios, valores, e sonhos mais ternos.

Tenho afinidade com pessoas que não gostei ao primeiro contato. E aprendi que a primeira impressão não precisa ficar se não quisermos que ela fique. Nosso coração é como uma sala de estar, podemos deixar ficar quem faz bem hoje e esquecer o ontem.

Os velhos conselhos me reencontraram desprevenida. Há muitos horizontes que a menina poetisa jamais imaginou e outros tantos que ela já tinha previsto, mesmo que fosse apenas um instante imaginado. Estou assustada. Só me resta calar os pensamentos e me deixar levar!


terça-feira, 2 de junho de 2020

Vidas Importam

Photo by Matheus Viana
Eu era uma criança, estava no meu segundo ano letivo aos 8 anos de idade. Por algum motivo que na época era desconhecido eu não sabia lidar com pessoas negras. Eu as estranhava. Eu resistia aos seus acenos. Eu era fechada. Eu era tímida com todas as pessoas, mas tinha algo de errado e grave quando eu estava em contato com crianças negras.

Até que um dia um jovem, um pouco mais velho, talvez recuperando anos perdido sem estudo, por qualquer razão, consciente ou não, determinou quebrar minha resistência. Todos os dias ou sempre que me encontrava ele me cumprimentava com extrema cordialidade e simpatia. No início eu respondia curta e grossa. Depois fui percebendo o quão descortês era minha reação, até que passei a simpatizar com ele. Do nada, sem nenhuma brecha que eu possa ter dado, ele veio e me tratou com um respeito que eu nunca tinha recebido de ninguém. Por "coincidências" da vida, ele hoje é meu vizinho de rua e anos depois continua me tratando com a mesma graciosidade.

Daquele dia em diante eu nunca mais vi coerência em quem enxerga o mundo colorido, ou as pessoas pela cor da pele. É engraçado, pois ali na infância mesmo eu tinha um exemplo muito bom do quanto essa abordagem é falha. No post título Black Or White, falei da minha relação com Michael Jackson e como passei ilesa sem nenhum problema pela sua transição de cor da pele, sem nunca deixar de amá-lo ou de ver em seus olhos o que mais importava: sua bondade. O episódio da escola trouxe o contexto que vivi com Michael para minha vida social.

Apesar de popular a expressão “Vidas Negras Importam” não me diz nada. Eu não vejo brancos matando negros, nem negros matando brancos. Cores não matam. Assim como armas não matam. Homens matam homens injustamente. Talvez quem brigue achando que a pele negra vale mais, ou quem pensa que a branca é que vale, é porque não tiveram um encontro mágico e sem nenhuma pretensão com outro ser humano. Mas sempre dá para correr atrás do prejuízo. Só acho que hashtags e fotos no Instagram não são suficientes, precisamos sentir a alma do outro.

À distância parece difícil, mas descobri que dá para fazer muita coisa e transbordar o que temos de melhor por aqui, mesmo sem hashtags! Vidas importam! Você está fazendo caso da sua própria vida, independentemente da sua cor de pele? já pensou em vencer um racista pelo cansaço como eu fui vencida na infância? Acho que ninguém nasce com esse tipo de comportamento. E certamente não é o ódio, ofensas ou frases de efeito que vão mudar o curso das coisas. Já parou para pensar que nesse exato momento tem alguém que se importa com sua vida simplesmente pelo que você representa em sua essência?

NEGRO

Ouvi teu coração em batucadas,

E tu cantando-me: – Oh, adorada!

E eu menina, ao teu canto sorria,

Despedindo-lhe de mãos atadas...

Tu, menino como eu, me esperava,

Esperanças que só a juventude

Traz ardente, sadia e descansada,

Mas que a vida lhe avilta amiúde,

Pelas pedras soltas das estradas,

O sentido comum da virtude.



Vi tua pele bem próxima a minha,

Negra. Quem te pintou assim tão esplendido?

Colorido que muitos nem viam,

E eu menina, fugia d’ teu fascínio;

Acuada por vãos pensamentos,

Arrastada por eles ao abismo,

Desci ao fundo e voltei com o vento!

Com perdão d’ave uma vez renascida,

Encontrei tempo de tê-lo amigo,

E seguir a teu lado outra vida.



Aprecia novos olhos Luzia!

Que teu brilho que é virgem tem graça,

Que a negrura da tez alumia

Teu sorriso, alegrias esparsas.

O passado eu enterrei a luz da alvura,

Nina impura corri a sepultar!

E o destino me lavou das culpas,

Negro livre, liberdade minha!

Em meu peito urdi te hospedar

No caminho sombrio d’onde eu vinha.


segunda-feira, 1 de junho de 2020

Tá todo mundo louco

Photo by Connery Davoodian
“Antes só do que mal acompanhada”. Quem já disse isso alguma vez na vida? Eu, se não todas, a maioria das vezes que disse eu estava num recalque imenso querendo estar acompanhada de alguém que era um bem aos meus olhos até poucos momentos antes da fatídica frase. Claro, as coisas mudam, a boa companhia passa a ser má quando não está mais afim, quando não há reciprocidade, quando os objetivos não são mais comuns ou nunca foram.

“Do jeito que andam as coisas”... e essa frase? Quem nunca? Eu já ouvi mais do que disse. Não me recordo, mas já devo ter usado em alguma circunstância, mas não no contexto em que frequentemente é usada, que é quando se fala em evitar filhos e relacionamentos. Eu penso que nasci com instinto bela, recatada e do lar! Apesar de inúmeras experiência alheias de relacionamentos furados e casamentos destruídos, sempre foquei nos vários relacionamentos que deram certo apesar das dificuldades.

O exemplo mais terno que tenho na memória foi o casamento da irmã da minha mãe, minha tia Lourdes, que durou até que a morte os separou (O radialista Eli Correa narrou a história dela aqui, no link o nome dela está Lucia). Não sei se é porque gosto de ser do contra, esse tipo de frase me deixa com pé atrás. Qual medo ela transmite? As coisas andam tão piores que antes mesmo, ou é porque hoje temos a internet mostrado tudo de bom e ruim, real e inventado do mundo?

Uma vez ouvi alguém dizer que Noé e seus filhos tinham acabado de sair do dilúvio e mesmo assim povoaram a terra! Ninguém mais sabe o que é um dilúvio, nem eles sabiam o que era chuva na época! Acredito que não há nada de ruim que seja novidade para o Criador, e como Filha do Criador, não há o que temer. Não nego as dificuldades, não sou tão tola ao ponto de achar que seja igual brincar de bonecas, se bem que eu pretendia ter mais filhos que tive de bonecas ao longo da vida (duas: Kelly e Bilu...). Seja o que Deus quiser!

Ta todo mundo louco. Dizem. Ou pelo menos é o que a TV e as redes sociais demonstram. Será? Uma mentira contada mil vezes se torna verdade? As circunstâncias moldam quem somos? Não a nossa revelia. Posso estar enganada, mas pela minha experiência, as circunstâncias só me fizeram mudar a trajetória quando o medo falou mais alto e não por um crença na realidade da coisa. De modo que nunca podemos tornar certas convicções como regras gerais, pois são apenas reflexos dos nossos medos. Na dúvida é “melhor” ficar onde estamos.

Sim, está todo mundo louco. O Covid-19 acendeu o estopim de muita gente, mas o pavio já estava lá. Não fosse esse motivo seria outro. Devo mudar meus sonhos e metas por causa das circunstâncias? O china come o morcego e eu pago o pato? Não mesmo! O jeito que as coisas andam lá fora não me bota medo. Medo eu tenho do que vai aqui dentro!

SINA

Triste sina me acolhe cá dentro

Destas farsas que a vida nos prega

Pois me encontro, apesar do silêncio

Com o peito repleto de estrelas



Cintilando de amor pelas noites

De mais um verão que recomeça

Brilha o sol, que beleza! E meu noivo? Nunca está.

Em seu lugar há só tristeza;



Digo sem vacilar que ‘inda espero

Pelos tantos verões que virão

Até que este meu coração seque



E não mais se dê a essas emoções,

E que as tristes sinas que me seguem

Vá pousar em outros corações...