quarta-feira, 10 de junho de 2020

Sexy por Acidente


Assisti muito relutante ao filme Sexy por Acidente, pelo trailer deu para pressentir um roteiro feminista e vazio, usando uma fórmula que teria tudo para dar certo. E realmente não deu. Apesar da direção ser de uma dupla que dirigiu um dos meus xodós do Top 5 da Sessão da Tarde o filme Nunca Fui Beijada (Never Been Kissed), o enredo de Sexy por Acidente é muito raso. 

No filme Renee (Amy Schumer) é uma mulher insegura e com baixa autoestima por conta dos quilos a mais. Num dia ela cai e bate a cabeça numa aula de spinning, e quando recupera a consciência ela fica se achando a gostosa e última bolacha do pacote, mesmo que na prática nem um centímetro da sua cintura tenha diminuído.





O roteiro sugere corretamente que o psicológico nos diz muito mais sobre o amor próprio do que a forma física. Mas na prática, o resto do filme gira todo em torno do corpo da protagonista. Exibicionista, forçada, atraindo para si dois pretendentes, e muito sexo. Ou seja, a história dá uma volta para se posicionar contra a tal gordofobia (com uma protagonista ácida em suas colocações tal qual uma gostosona de fato) e cai na pauta da objetificação da mulher. Nenhuma das abordagens acrescentam nada de útil para quem não se sente bem com sua imagem, seja lá por que motivo for.

Tem dias que eu me sinto bonitona e saio me achando igual a personagem do filme. Isso não é ser sexy, é ser iludida. É achar que roupa e maquiagem ou até um corpo bonitinho (nem tão bom, mas nem tão ruim) influenciam no que somos em nossa essência. Na verdade, não há beleza física que supere a fraqueza emocional ou mesmo espiritual de alguém.

A expressão sexy é dúbia, depende de quem fala. Para alguns pode sugerir promiscuidade, pornografia ou erotização, para outros feminilidade, beleza. Na maioria das vezes uma coisa se confunde com a outra, não dá para expressar uma sem aguçar a outra, direta ou indiretamente. Há uma linha muito tênue que nos impede de cair do auge da autoestima no precipício da vaidade.

A feminilidade é bonita de ser apreciada, e exige muito pouca pele a mostra. Apesar de ironizado o termo bela, recatada e do lar dado à ex primeira-dama Marcela Temer ela é um bom exemplo de uma mulher feminina e linda, assim como a atual primeira-dama Michele Bolsonaro. Uma outra imagem feminina clássica, na minha opinião, a cantora Sandy. Com sua silhueta esguia e feições de boneca, Sandy transitou da menina para a mulher sem precisar passar pela erotização da imagem.

Tá bom, meus exemplos são muito caretas! É que realmente não acho que sexy e gostosonas sejam sinônimos! Nas listas das 10 mais sexys, na verdade constam as mais desejadas, se bem que na última lista saiu até Pablo Vittar como mulher mais sexy! Não é uma lista que eu ambicione. Não quero ser desejada por muitos homens, um só basta. E, também, não me agrada ser vitrine de muitos deles para achar esse único. Diferente da Renee do filme, quem me amar haverá de me enxergar muito além do que minha fisionomia pode expressar, muito além do que uns pedaços de pano podem esconder, ou a maquiagem pode colorir ou disfarçar.


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