sábado, 27 de junho de 2020

Novo Normal


Dizem que o isolamento social é capaz de gerar um abalo transformador no comportamento das pessoas ao ponto de mudar o conceito de normalidade. A humanidade já passou por muitas pandemias, mas creditou-se a mais recente, cheia de estereótipos políticos, o poder de tornar o distanciamento, a redução do contato físico e interações sociais como definitivamente normal.

Houve quem dissesse que a expressão queria apenas dizer que as pessoas ficarão mais cuidadosas daqui para frente, ou que darão mais valor ao convívio social. Outras diziam que todas ficariam mais atentas aos riscos do contato físico. E coisas semelhantes a estas.

Tendo crescido no isolamento social, e convivido com ele por muitos anos, sei que não é uma rotina tolerável. É adaptável, mas só enquanto não surge ocasião de abandoná-la. Não há nada que substitua de forma palatável o contato com pessoas, conversas descontraídas, visitas a diversos lugares e viagens, shows, um dia de compras, um jogo de futebol. Somos seres sociais.

A internet ameniza de um certo modo, mas não substitui uma conversa olho a olho, com perfumes e sensações estimulando todos os nossos sentidos. Amores precisam ser conhecidos e vividos, e as redes sociais não expressam a realidade de um abraço quente. A mesma internet que nos mantem conectados a pessoas distantes, nos desconecta de nós mesmos, ficamos extremamente estimulados por uma série de informações, manchetes e imagens que deixamos de perceber a beleza das flores, a leveza de uma brisa suave, ou o brilho das estrelas...

Não se deve projetar como novo normal uma realidade cheia de medos e parcimônias. Não é verdade que sem pandemias não existia solidariedade, empatia ou compaixão. E não é verdade que com elas as pessoas automaticamente passaram a ser isso ou aquilo. O potencial para o bem e para o mal está em todos, e não há receita pronta para despertar uma ou outra forma de viver ou conviver.

Desprezo profundamente todo tipo de isolamento social, salvo nos casos onde a justiça com razão pune alguém por um crime. Existem extremos que realmente devem ser expurgados do convívio social, mas ainda nesse ponto foi uma escolha. Ninguém é obrigado a cometer um crime. Aprendi que a circunstância afeta, mas não influencia de forma definitiva. A influência depende da nossa permissão. Escolha. Higiene e saneamento básico não é nenhuma novidade e está à disposição de todos para uma boa convivência.

Normal é ser humano, é ser alegre e ser triste, brincar, dançar e cantar com os amigos, irmãos, vizinhos. Normal é errar e saber corrigir, acertar continuar. Dá para viver em novidade de vida, sem que o normal deixe de ser o que sempre foi. Os vírus nos agridem quanto mais fraco está nosso sistema imune, mais frágil, mais abalado por notícias maliciosas, terror e tristeza. Desligue a TV e o celular e perceberá que não há nada de novo. A beleza de Deus no mundo continua brilhando para nós!


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário