domingo, 14 de junho de 2020

Empoderada


“Um dia você vai olhar no espelho e vai enxergar uma mulher linda”. Alguém me disse. Foi uma conversa tensa e confusa, que me tirou do eixo por vários dias. Nada me fazia entrar naquela personagem anunciada “a mulher linda e sexy e empoderada”. Talvez por isso mesmo a conversa não fluiu. Me senti agredida, invadida em meus princípios mais valiosos.

Não que eu não me sentisse linda. Para mim a mulher empoderada é a esposa que cuida do lar, do esposo, pode trabalhar fora ou não, mas tem poder para dar a sua melhor versão em prol do próximo, da sua própria família e filhos. Empoderada é a mãe, que sente crescer no seu próprio ventre vários corações consecutivamente, sem esmorecer, e cuida daquela criatura vulnerável como nenhuma outra pessoa bem intencionada é capaz de cuidar.

Sexy é a mulher que cuida do próprio corpo porque ele também é parte de um projeto de vida que consiste em compartilhá-lo com outra vida – uma só carne. Sexy é aquela que espera o esposo usando uma lingerie especial, para dar amor e sentir-se amada. Mulher linda é aquela que não precisa exibir longos trechos da pele para arrancar olhares, a beleza é um estado de espírito que reflete na aparência física.

Por tudo isso, meu papel no máximo era da menina, da garota a espera de um grande amor. Como um jogo, onde são necessárias algumas etapas para passar de fase. Nenhuma receita moderna de empoderamento feminino poderia conferir a mim o título de linda, sexy e empoderada, no máximo excêntrica, vulgar e pretensiosa. A vida é como as estações do ano, não adianta precipitar o desabrochar da flor enquanto ainda é outono.


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