quinta-feira, 11 de junho de 2020

Viver Não é Preciso


"Navegar é preciso, viver não é preciso", disse o poeta. A vida não é exata, definida, a vida é como a arte na mão do artista, para ser bela precisa lapidar, colorir, costurar, envernizar. Uma obra não terminada, não é uma arte, mas está sempre ali a disposição do artista para terminá-la.

Todos nós de certo modo somos obras em fase de lapidação. A vida vai nos arrancando umas lascas aqui, outras ali, e muitas vezes nos sentimos um pouco inacabados, de lado, largados num canto, feito um barco em construção ancorado no cais em uma ilha deserta.

Mas existem situações que nos chacoalham, feito maré alta, que movimenta o mar e tira de vista toda a superfície que até há pouco dava segurança aos nossos pés. De repente, percebemos que navegar é necessário, e a maré nos leva para mares nunca navegados, longe da segurança da praia.

Certa vez ouvi uma história, de um homem que tinha muito medo de andar de barco, até que o marujo o lançou no mar. Então ele perdeu o medo do barco, porque sentiu que o barco era seguro. No mar alto precisamos da segurança de um barco, e alguém que saiba conduzir a navegação. No raso, precisamos saber nadar.

Na natação aprendi que quanto mais a gente tenta se salvar mais a gente afunda. Mas quando nos entregamos sem resistência, a água sozinha nos traz para a superfície. E assim é a vida, confia no marujo que conhece a bússola dos mares, e se estiver sem forças, deixa o mar te trazer de volta para a superfície, respire fundo e continue e nadar.


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