sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Conheça a Si Mesmo



Durante essa pandemia eu caí de paraquedas num processo de autoconhecimento. Não fazia ideia de como eu seria capaz de embarcar dentro dos baús de tesouros e quinquilharias da minha psique.

Na tentativa desesperada de ajudar alguém muito próximo, que estava se afundando numa depressão, alguém me estendeu a mão, e me mostrou que eu também precisava de ajuda. Eu precisava entender que não era responsável pelas escolhas de ninguém. E precisava saber mais sobre mim para poder ajudar quem quer que fosse.

E foi nesse processo louco que me redescobri! Achei lá no fundo dos meus baús a escritora. Sem ninguém me direcionar nesse sentido, comecei a escrever loucamente, de uma forma diferente.
É verdade que eu nunca parei de escrever. Desde os 13 anos que eu escrevo. Quem me conhece de longa data sabe. Muita gente aqui já recebeu algum poema dedicado, uma carta inspirada, um textão qualquer.

Mas eu escrevia por escrever, sem um objetivo. Nesse processo nasceu uma nova escritora. Agradeço de coração as poucas pessoas que passaram feedback sobre o que escrevo, elas fizeram tudo ter mais sentido, e me ajudaram nas minhas decisões.

Pensei em escrever um livro contando a minha experiência nesse processo todo.

Mas, no meio do caminho achei alguns desafios:

  1. eu não dominava o estilo de narrativa;
  2. um livro sobre a minha vida não seria de interesse popular;
  3. preciso estudar mais sobre o assunto;
Quando vi, tinha comprado dois cursos sobre Técnicas de Escrita, Marketing Pessoal e de Conteúdo. Só comecei e já estou amando! Percebi que não é tanto pelo conteúdo. Tudo poderia ser sensacional, mas se as pessoas envolvidas na equipe, no preparo das aulas, no suporte, na interação, não fossem empáticas, era possível que eu não conseguisse praticar nada.

Foi essa experiência com um ser humano que fez a diferença no meu processo também. Conhecer alguém em quem pudesse confiar mais que em mim mesma, e que mostrava empatia, deu um resultado nunca imaginado!


Um Recomeço

Aprendi ferramentas que me permitem lidar com minha mente e meu temperamento de forma mais autônoma. Achei as chaves que abrem as portas da psique que eu nunca tinha tido coragem de olhar dentro. Além do fato que escrever e estudar para um novo projeto de vida como Copywriter ou Ghostwriter, é uma das ocupações mais terapêuticas que existem!

Ah, sobre a história do livro, muita coisa eu decidi que não vou publicar. Mas parte da minha experiência deixarei no blog mesmo, nos próximos posts. O meu livro próprio pode esperar. Gostei da ideia de realizar os sonhos dos outros.

É o que eu amava fazer como Analista de Processos, dar forma às ideias de negócios dos meus clientes. Fazia o que podia para ver acontecer da melhor forma. É que eu não podia tudo… era bem limitada, era frustrante às vezes, mesmo assim era incrível quando dava certo!

Eu precisei tomar uma rasteira da vida na minha profissão para entender qual era meu papel nessa história toda, e tirar força sei lá de onde para mostrar para mim mesma que ninguém tinha poder para me tirar o que era meu.

Foi por isso que investi sem dó nos cursos de Escrita e Marketing direcionado e também num curso de Consultoria de Processos, pela Associação Brasileira de BPM (ABPMP), logo terei mais novidades sobre isso. Se Deus permitir.

Aliás, só posso agradecer a Deus por tudo isso. Num período em que tanta gente só conseguia enxergar as coisas ruins ao redor do mundo, Deus me permitiu sair do meio disso tudo com mais sabedoria. Mais aprendizado. Mais feliz.

Ainda sou uma aprendiz. Posso gostar das palavras, mas estou conhecendo um mundo enorme por trás do glamour de um best seller! E é sensacional! Nunca mais serei a mesma depois desses últimos meses. Ótimo! Era esse mesmo o resultado desejado!


terça-feira, 15 de setembro de 2020

Reprovação de Ano Letivo em Tempos de Pandemia: Vale a Pena?


Depois de escrever o último artigo Introdução ao Pensamento Crítico Nas Escolas, e acompanhando o desenrolar dos debates sobre reprovação do ano letivo nas escolas públicas, e sabendo da dificuldade de tantos pais e mães quanto a essa decisão, levantei alguns pontos importantes sobre o tema, para entender se vale ou não a pena reprovar uma criança de ano pela falta de instrução durante esse período do Covid-19. Separei 3 motivos e algumas possíveis soluções:

1 - A sensação de passar de ano sem aprender nada não é novidade desse período da pandemia


Conheço várias famílias que possuem a mesma crítica sobre escolas públicas, citei no post anterior inclusive. Não é de hoje que a escola pública não está sendo satisfatória para o ensino básico. Será que submeter a criança há um ano a mais nesse modelo que já está prejudicado vai ajudá-la?

2 - No Ensino Público desde 1996 já existe a Progressão Continuada, que em tese impede que o aluno reprove de ano, e compense seu  baixo desempenho escolar com recuperação.


Há muitas críticas prós e contras o método, mas uma coisa é certa, não é de hoje que o aluno passa de ano letivo sem saber alguma disciplina importante para seu desenvolvimento cognitivo e intelectual. Que diferença faz não reprová-lo devido à pandemia?

3 - A reprovação opcional de alguns pais ou mesmo alunos, vai causar mais um problema além da falta de conhecimento que não será sanado com a extensão do mesmo ano: o atraso escolar


Reprovar o aluno por não ter estudado devido a pandemia, na expectativa de compensar no próximo ano, pode ser um tiro na culatra tendo em vista o atual estado das coisas no ensino público.

E Agora, José?


Se existem crianças que foram religiosamente para escola por longos 3 anos e ainda não sabem escrever ou ler, que diferença faz mais um ano? Diante desse cenário o foco não deveria ser a reprovação opcional, como a opção de 15 alunos entrevistados pela BBC News Brasil, que alegam não ter aprendido nada no formato EAD. O cerne da questão é quais as formas eficazes de compensar o conhecimento perdido em qualquer período da vida da criança e não necessariamente nessa pandemia?


Adolescentes que já nascem com Smartphones nas mãos com dificuldade de aprendizado EAD talvez seja outro ponto de discussão. E o formato à distância é uma opção, mas “não é a disponibilidade de equipamentos e o acesso à internet que fariam diferença, mas sim, como a tecnologia é inserida no contexto escolar” (A Covid-19 e a volta às aulas: ouvindo as evidências; Scielo, 2020). Além dessa óbvia solução, que exigiria mais preparo dos professores para lidar com a tecnologia além do Tik-Tok e Instagram, o estudo citado também aponta outras soluções para pais, alunos e escolas com livre acesso para qualquer um:

Métodos fônicos

Os estudos sobre o método são bem positivos. Inclusive conheço um exemplo de um tio que alfabetizou o sobrinho por esse método durante esse período de pandemia. Aluno esse, o sobrinho, que já vinha com deficiência de aprendizado muito antes da incidência do Covid-19.

Leitura

Sem querer puxar sardinha para minha área, mas a leitura sempre será uma das melhores formas de estimular mais ainda a leitura e o enriquecimento do vocabulário. Sua criança (filho, sobrinho, vizinho, enteado, primo…) não sabe ler ainda? Leia para ele! Sabe ler um pouco, estimule-o a ler mais leituras específicas para essa frase de aprendizagem.

Avaliação diagnóstica

Avaliação com intuito de descobrir as dificuldades dos alunos e trabalhar nelas. Requer mais esforço de professores e escolas, mas é uma excelente saída para compensar o dano causado pela paralisação.

Ensino Estruturado

Tipo de ensino muito usado para compensar as dificuldades naturais do aluno autista, mas útil para dificuldade forçadas pela baixa qualidade do ensino ou suspensão compulsiva das aulas. É também chamado de ensino explícito e apoia-se na psicologia cognitiva, que diz que as competências cerebrais da criança que permite que ela faça cálculos, leia e escreve se dá em etapas: 1) Cognitiva, 2) Associativa e 3) Autônoma, e o ensino estruturado acompanha essas três fases.

Tutorias 

Tutorias realizadas fora de turno para alunos com mais dificuldades, uma espécie de recuperação, ou aulas extras. Também exigiria disposição dos professores para essa função. Ou quem sabe, voluntários dos cursos de pedagogia bolsistas do governo?

Dever de casa

O dever de casa é um certo tipo de tutoria dado pelos pais ou responsáveis pela criança. Se você foi um aluno cdf na escola, é sua hora de brilhar! Se não foi, vale a pena o esforço pela formação daquele ser humaninho sob seus cuidados!

Garantia da frequência escolar

E claro, tendo voltado à rotina normal vale um esforço por evitar que a criança falte às aulas por qualquer motivo não justificado. O que já deveria ser obrigação antes, mais ainda em tempos onde é necessário correr atrás do prejuízo.


E sobre o retorno às aulas, muito se diz que as crianças embora mais resistentes ao vírus podem levá-lo para casa e contaminar pessoas do grupo de risco. É verdade. Assim como qualquer outro profissional dos trabalhos essenciais que continuam indo e vindo, pegando transporte público lotado, e lidando com milhares de outras pessoas em suas funções. Talvez uma pessoa dessas lide com mais pessoas diferentes, que uma criança em sala, com 40 outras crianças. A questão é: fazer com que seu filho desenvolva capacidades básicas de aprendizado não é essencial? 



sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Uma Introdução ao Pensamento Crítico nas Escolas


Estava assistindo uma aula que falava sobre a importância do pensamento crítico. Lembrei de uma foto da internet: um banheiro pichado dizendo “Escola sem Pensamento Cítrico Não é Escola”.




Todo o cenário seria cômico se não fosse trágico: uma pichação - numa escola - com dizeres escrito de forma errada.

Será que o pensamento cítrico era alguma corrente filosófica recente que não conheci ainda? Seria uma características de pensamentos ácidos?

Fica evidente naquela imagem que a educação está num processo de degeneração. Muitas mães que conheço reclamam que seus filhos não sabem ler ou escrever. Chegam na quarta série sem saber o básico para ler um Gibi da Mônica, ou uma legenda na TV.

Alguém pode dizer que a cena da foto foi só um erro na escrita. As palavras têm as mesma letras. Sim é possível. E também pode ser que nem tenham percebido o erro. Por não distinguir uma palavra da outra, ou seu sentido, podem crer que se expressaram de forma correta.

Nenhuma das opções justifica depredarem um local público, mesmo virando meme no Twitter. Eles pretendiam exatamente o contrário, mostrar o valor da educação. 


E o que o pensamento crítico (não o cítrico) pode nos trazer de bom nesse assunto? Dá para se perguntar:

  1. Onde falhamos?
  2. Por que nossas crianças não estão sendo estimuladas a aprender a ler e escrever?
  3. Quais os métodos usados pelas escolas públicas e privadas?
  4. Os resultados obtidos não são provas do seu fracasso?

O Erro das últimas gerações foi delegar à escola a formação de valores morais e comportamentais. E o principal, o avanço cognitivo, o treino de habilidades orais e escritas ficaram em segundo plano. Como dá para ver pelos resultados do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes)

De 79 países que fazem parte do Programa o Brasil ficou o com as seguintes faixas no ranking de 2018, segundo o portal Inep:

  • Leitura: 55º e 59º
  • Matemática: 69º e 72º
  • Ciências: 64º e 67º

Comparando com outros países, mesmo o Uruguai nosso vizinho, o desempenho do Brasil é triste. Enquanto isso querem politizar ou sexualizar nossas crianças. Tirando proveito de pais e mães muitos ocupados, que trabalham fora para sustentar a família. Isso falando só de economia, sem entrar no mérito do empoderamento feminino. Sem entrar no mérito que o salário do pai sozinho sustentava a família no passado.

  • Será que dá para mudar esse padrão?
  • Será que trazer valores e métodos que deram certo no passado não vale a pena? Pelo menos no básico, no b-a-ba?

Uma breve história

Falando nisso, eu aprendi a ler em casa, com minha mãe, pouco antes de entrar na escola. Nem eu, nem meu irmão fomos para pré-escola, mesmo assim já chegamos na escola sabendo ler e escrever e fazer conta de adição e subtração. Minha mãe era professora? Não! Minha mãe era do lar. Minha mãe tinha formado até o quarto ano do fundamental. O que ela tinha era tempo e vontade de nos mostrar o grande mundo do conhecimento.

E o que quero dizer não é sobre as mulheres ficarem em casa cuidando dos filhos. Embora eu adoraria a missão para cuidar dos meus que ainda não tenho. Quero dizer sobre o método. Ela ensinou do modo como aprendeu, sem ter a mínima ideia do conceito ou definição do método fônico ou fonético. É um método que prioriza o ensino dos sons dos grafemas do alfabeto, começando com as letras mais simples (vogais) até as mais complexas (consoantes) para, depois, utilizá-las para formar sílabas e palavras.

Lembro como hoje (e já faz tempo!) da minha mãe cortando cartolinas e desenhando um avião para representar o A, uma Igreja para o I, Uvas para o U, e assim de forma lúdica, ela ensinou os dois filhos mais novos. E na escola o método não era diferente na época. E foi eficaz.

Foi na escola também que ganhei meu primeiro livro de poesias. Não distribuído sem o menor mérito, ou sem nenhuma adição de valor ao conteúdo como hoje. Quantas vezes ganhei de jovens livros que eram dados nas escolas e que eles não tinham intenção de ler? Ganhei meu livro do Mário Quintana da diretora da minha escola.

Temos muito a contribuir com os nossos jovens. Consumidores vorazes de uma centena de séries e filmes. Com certeza estariam melhor preparados se tivessem recebido a estrutura cognitiva adequada para interpretar criticamente o que veem e leem. Seriam muito menos vítimas de ideias erradas ou de opiniões políticas que não agregam nada em relação aos valores mais sólidos de uma família.

O mais importante é dar o primeiro passo para que as crianças em formação voltem a ter o básico. Para os já formados, é bom plantar a semente da dúvida, que é a raiz do pensamento crítico. Como disse Sócrates “só sei que nada sei, e o fato de saber isso, me coloca em vantagem sobre aqueles que acham que sabem alguma coisa”. Existem muitas formas de educação complementar on line, que pode cobrir a deficiência deixada pela escola, para que esse aluno consiga cada vez mais interpretar os fatos. Nem sempre precisamos ter todas as respostas, precisamos fazer as perguntas certas.


segunda-feira, 7 de setembro de 2020

10 Razões Inegáveis Para Amar Poesia


Lá no céu
Deixam de cantar,
Os anjinhos
Foram se deitar,
Mamãezinha
Precisa descansar
Dorme, anjo
Papai vai lhe ninar

“Acalanto” – Dorival Caymmi


A maior parte de nós nasceu e cresceu sob o acalanto materno. Às vezes, ainda na barriga tivemos sorte de ouvir alguém cantando em versos. Para nosso cérebro em formação, a canção, seu ritmo, seu embalo, sua melodia trazia paz…

Muitos estudos abordam a importância da comunicação com o bebê em todas as fases. A poesia das canções de ninar talvez seja a mais evidente de todas. Trouxe esse conceito universal da infância de todos nós para falar um pouco sobre a poesia hoje. Por onde anda a poesia? Por que vale a pena continuar amando poesia em pleno século XXI?

10 Razões para Amar Poesia:


1. Ela está presentes nas músicas, contos e filmes

Já nascemos familiarizados com a poesia em forma de canção de ninar. E seguimos a vida gostando de poesia cantada, sem nem perceber... A música possui grandes composições que são verdadeiras poesias!

Por exemplo, existe uma trio de irmãos cantores que possuem uma obra muito rica em linguagem poética. Pelo som moderno, muitos não reconhecem como tal, mas amam mesmo assim. Falo dos irmãos Melim:

“Pra quê razão, se ela não pode dar asas
E eu amo um anjo?
Sem direção, já andei por tanta estrada
Mas você chegou voando”

Cabelo de Anjo - Melim


“Somos verso e poesia
Outono e ventania
Praia e carioca
Somos pão e padaria
Piano e melodia
Filme e pipoca ah
De dois corações um só se fez
Um que vale mais que dois ou três”

Dois Corações - Melim


Existe canção mais bela que essas em forma de poesia, tão sensíveis, tão belas? Outra cantora, que se mostra uma grande compositora na carreira solo: Sandy.



"Só com você desço do salto
Tiro a maquiagem
Elevo a minha voz
Baixo o tom do meu português

Posso me revelar
Falha e imperfeita
E confiar nas minhas glórias
E assim me faço inteira"


Salto - Sandy e Lucas Lima


"Sabe, bem
Falar pro amor de agora que acabou
Que foi o tempo e que a Lua virou
Me dói de um tanto sem tamanho

O vazio é difícil acostumar
Ainda bem que não hesitei em te abraçar
O nó afrouxa até a mão querer soltar
Mas da tua mão eu não larguei até voltar
Pra direção da tua calma, ah-ah-ah-ah"

Pra Me Refazer - Sandy, Lucas Lima e Anavitória


Também dá para citar dois filmes poéticos:



The Greatest Showman (O Rei do Show na versão para o Brasil)


Estrelado por Hugh Jackman (o eterno Wolverine) e o Zac Efron (eterno Troy Bolton), é um musical que a própria crítica não apostou, mas cujo enredo era de uma poesia encantadora e fascinante. Fora a fotografia e a trilha sonora incrível.

UP - Altas Aventuras


É uma animação da Disney produzida pelos estúdios Pixar. Conta a história de um idoso viúvo que sonha em se mudar para o Paraíso das Cachoeiras, mas vive várias aventuras junto com um garoto escoteiro, uma ave tropical e um cachorro Golden Retriever falante. Toda a história, mesmo com as partes cômicas é de uma poesia serena, principalmente nas cenas onde Carl (o idoso) se lembra da finada esposa Ellie.

2. A Poesia acalma

Não só as canções poéticas e os filmes acalmam. A leitura de uma poesia, ou várias delas também. A poesia é compassada, suas estrofes são o espaço para respirar, e refletir sobre a vida. Mário Quintana dizia que os espaços em branco nos livros era para as crianças desenharem. É bem isso, nos intervalos de um verso e outro há energia para vida.

3. Poesia é uma forma de despertar o amor pela língua e suas regras gramaticais

Ler e em especial escrever poesias, requer uma dedicação sublime. É uma relação mágica com as palavras e suas sílabas. Rebeldes, não se encaixam no verso quando queremos. Exigem do poeta força de vontade, porque o verso sai com a forma que o próprio poema se impos... à revelia do seu autor...

4. O texto poético abre as portas para a imaginação

Tentar encontrar razão num texto poético é igual enxugar gelo. A poesia é uma obra aberta, que muitas vezes escapa às intenções do autor, quiçá do leitor. Não quer dizer que um poema não tenha pé nem cabeça. Poesia, bem como a música, tem sentido, mas que ultrapassa a lógica. Não é um teorema de uma resposta só. Depende da emoção de quem lê. É preciso ter imaginação para dar um sabor único ao poema.

5. Estimula à interpretação e a reflexão

Por ter crescido submersa em poesias, consigo captar a linguagem figurada nas redes sociais. Os twitteiros padecem bastante com a dificuldade de entender expressões com sentido figurado. Metáforas e ironias são as que geram mais polêmicas nessa rede social. Por óbvio que pareça muitas vezes falta repertório para quem lê reconhecer a mensagem.

6. Afeta o lado direito do cérebro e desperta emoções

Nosso cérebro é divido entre o lado racional (esquerdo) e o criativo (direito). A matemática, os jogos estimula o lado esquerdo. A poesia, a música, as artes em geral estimulam o lado direito. A poesia pode estimular os dois lados para quem aprende a escrever com métricas. Incluir versos numa fórmula métrica com sílabas marcadas e acentuação definida não é fácil!

7. Enriquece o seu vocabulário

A leitura produz ganhos no repertório para entender linguagens e para se expressar também. Um poema usa palavras que não são comuns, mas podem ser adaptadas. Com seus sinônimos, podem ser usadas em qualquer outra forma de produção escrita.

8. Favorece a conexão entre os seres humanos, contra mecanização das relações humanas

Passou na TV uma novela muito poética chamada Bonsucesso. Antonio Fagundes era Alberto, que gostava de ler para a neta e suas visitas. Outra novela Totalmente Demais, tinha Arthur (Fábio Assunção) apaixonado por ler poesias.

Esses dois personagens ilustram como a leitura em geral pode sensibilizar o ser humano. Lidamos com aplicativos o tempo todo, e olhamos pouco nos olhos. Um poema expressa toda a profundidade humana que não cabe num “textão” de app de conversa.

9. A Poesia não se limita a realidade

Deixe que os telejornais falem a realidade, embora nem esses tenha compromisso com ela. A Poesia, como o filme ou a novela, usam da matéria prima humana, mas pode ir além. Podem ir para o céu ou para o inferno (Dante que o diga). Dá para ir onde a imaginação conseguir levar. Deixe sua imaginação ir além do a internet te deixa alcançar.

10. É fruto da criatividade espontânea

Como disse acima a poesia escapa das intenções do próprio autor! Isso que a torna mais bela. Começa-se querendo dar vida a uma ideia e compõe-se outra. Os versos tem vida própria, só precisamos abastecer a mente de sonhos, leituras e amores.

Ame-a!

Meus melhores poemas ainda não foram publicados. Espero a melhor hora, ou coragem de expor por onde andava minha imaginação… É possível que publique algumas delas em breve. Até lá, estou só me regalando com obras incríveis deixadas por grandes poetas e poetisas e escrevendo outras coisas. Não creio que existirá no futuro uma galeria renovada de grandes poetas famosos. Mas não precisamos. Não se faz poesia para ganhar dinheiro ou fama. Poesia alimenta a alma. Uma alma satisfeita revigora o corpo e abre a mente para diversos destinos.

sábado, 5 de setembro de 2020

A Ciranda das Mulheres Sábias


"Jovens enquanto velhas, e velhas enquanto jovens para todo o sempre".

Não conhecia a escritora Clarissa Pinkola Estés até ver dois de seus livros entre os top 10 da Amazon. A Ciranda das Mulheres Sábias teve sua primeira edição no ano de 2007 e continue entre os mais vendidos.

Com texto ritmado, quase uma ode às avós, o livro descreve uma vasta referência nas mitologias sobre a importância das senhoras de idade, anciãs. Mas frisa de forma inteligente, que a sabedoria se alcança aos poucos ao longo da vida, de acordo com as experiências da alma e do espírito, mais que as do corpo. Não tem muito a ver com a idade, no entanto, mas com a habilidade de aprender com a vida.

A Leitora

Tendo descoberto essa leitura por acaso fiquei curiosa para entender como seria a fusão de uma poetisa com uma psicanalista, que, a propósito, descobri que tem muito mais coisas em comum que jamais imaginei… Nesse livro a autora foi de uma sensibilidade ímpar, o poeta mesmo quando não escreve em versos, deixa na suas linhas escritas um pouco de poesia, e não é a vida, ela própria uma poesia?


A Autora

Clarissa Pikola Estés é americana, nascida em 1945. Psicanalista junguiana e poetisa, tem uma notável visão da importância da psique e sua relação com a alma e o espírito, bem distintas na percepção da autora. Poucas pessoas conseguem apreender a distinção desses dois princípios que formam o ser humano. E por tão pouco entendê-los, muitos valorizam demais o corpo, que é a terceira parte que nos forma como humanos.

A Obra

A Ciranda das Mulheres Sábias aborda a sabedoria passada de mulher para mulher, de mãe para filha, de filha para netas. A tradição. Aquelas memórias tão ternas que temos das avós, ou tias que são avós ainda que não sejamos nós as netas. Infelizmente não cheguei a conhecer minhas avós. A materna faleceu quando eu tinha 1 ano de idade, e a paterna não faço a mais remota ideia sobre seu destino. Entretanto, tenho tias, irmãs de minha mãe, que possuem netos que são mais velhos em idade que eu... consigo traçar com elas um paralelo de como seria minha avó materna.

De fato as mães da geração da minha parecem ser uma das últimas avós as quais são retratadas no livro. Daquelas que ainda guardam algum tipo de sabedoria passada pelas mães, e que não tomam decisões só com base na “ciência” ou nos costumes modernos. Se só de ciência vivessem as avós, o ser humano já estava extinto. Quem já não tomou um chá de ervas para dor de barriga, dor de cabeça, dor de garganta, tosse, ou o que quer que fosse? Acaso essa senhoras sábias possuíam esse conhecimento de algum tratado científico ou era sabedoria passada de geração para geração?

Se alguém toma um remédio e ele cura, pouco importa se a ciência valida aquela experiência ou não. O importante é que o mal foi sarado. Quantas vidas se perdem por conta dessa fissura científica, quando às vezes precisamos daquela ação matreira da mães-avós de achar uma solução paliativa até que os entendidos encontrem a definitiva. A sabedoria popular foi o que permitiu que mulheres virassem títulos dessa obra.

Citações

O principal imperativo da mulher sábia é viver para que outros também se inspirem. Viver do nosso próprio jeito vibrante para que outros aprendam conosco”.


Não significa porém que seja uma pretensão da mulher sábia o querer ensinar os outros. É quase uma consequência natural. Conviver com a sabedoria de certas mulheres, para quem tem bom senso, é uma grande escola, ainda que elas não tenham nenhuma intenção de arvorar-se professoras de determinado assunto.

Os príncipes são bons. Os príncipes podem ser excelentes. Mas, com freqüência, nos mitos, é a velha que tem algo de realmente bom a dar.


Um bom príncipe é sempre filho de uma boa rainha.


Sempre se lembre de estar conectada à alma, se for visão e força o que deseja,

... e de estar conectada ao espírito, se for energia e determinação que necessitar para agir pelo seu próprio bem e pelo mundo.

... e, se for sabedoria o que quiser, que você sempre una o espírito à alma, ou seja, una a ação à paixão, a ousadia à sabedoria, a energia à profundidade.



O corpo é um coadjuvante no teatro da sabedoria. Diz os provérbios “quando a sabedoria entrar no teu coração, e o conhecimento for agradável à tua alma, o bom siso te guardará e a inteligência te conservará. A formosura do tolo é perdição.

Podemos saber, mas não sabemos dizer com muita precisão onde e como tudo isso ocorre. A poesia faz-se necessária para explicar a força vital de uma mulher: a dança, a pintura, a escultura, os ofícios do tear e da terra, o teatro, os adornos pessoais, as invenções, escritos apaixonados, estudo em livros e nos nossos sonhos, conversas com outras que sejam sábias, o atento intuir, refletir, sentir e pressentir… criações e realizações de todos os tipos são necessárias ... pois existem certos assuntos místicos que as palavras concretas isoladas não conseguem expressar, mas que as ciências, contemplações do que é invisível porém palpável, e as artes conseguem.”


A poesia é uma forma de expressão da sabedoria oculta na alma da poetisa que sofre.


As funções das velhas, consistem em moldar novas tradições e preservar as antigas. E, ao fazê-lo, ensinar e testar a força das jovens. Nas nossas famílias, as velhas deixavam claro que, por trás de cada tradição, de cada prova, havia uma excelente razão, uma razão da alma.


Conservar e sabedoria, as tradições dos nossas queridas anciãs é ter em estoque as razões de todas as almas já vividas da nossa linhagem, que já passaram por situações semelhantes e deixaram seu legado de forma simbólica e prudente. Não tem porque rejeitar a sabedoria dos antepassados. O tolo rejeita a sabedoria. E não ficará impune. As consequências virão, cedo ou tarde.


Prece de Gratidão nº 07 (trecho)

"Por todas as filhas inteligentes, desconhecedoras, sem rumo e pelas que tudo sabem... Pelas filhas que estão avançando direto ou que prosseguem aos trancos...

Pelas que estão aprendendo a chorar novamente...

Pelas que estão aprendendo a gargalhar...

Por todas elas, não importa se estão saudáveis, curadas ou não, não importa de que classe, clã, oceano ou estrela...

Por todas as filhas que um dia ouviram por acaso o conselho de uma sábia destinado a outros ouvidos, mas essas "palavras certas na hora certa" causaram uma centelha que iluminou seu mundo daquele momento em diante para sempre...

Por todas as filhas que ouviram a sabedoria, não a entenderam, mas a guardaram para o dia em que conseguissem compreender…

Pelas filhas que remam sozinhas e cujas antepassadas escolhidas foram por necessidade encontradas em livros queridos, em imagens norteadoras captadas no cinema, na pintura, na escultura, na música e na dança...

Pelas filhas que estão aprendendo a escutar a velha sábia da psique, aquela estranha sensação interior de nítida percepção, de audição, noção e ação intuitivas…

Por elas... abençoadas sejam suas belezas, tristezas e buscas; que sempre se lembrem de que perguntas ficam sem resposta, até que sejam consultados os dois modos de enxergar: o linear e o interior."


Prece de Gratidão nº 09 (trecho)


"Protejamos aquelas artes, idéias e esperanças que não podemos permitir que desapareçam da face desta terra. Por tudo isso, que vivamos muito, e nos amemos uns aos outros, jovens enquanto velhas, e velhas enquanto jovens para todo o sempre."

Amém


quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Resenha do Livro Gota D'Água - Cézar Vaz


“Haverá sempre pessoas pretendendo decidir a vida dos outros, aceitar é uma opção nossa”.

Gota D’Água é um romance de “arrepiar os cabelos do fiofó”, como bem avisa o autor Cézar Vaz no início da obra! Com estilo que não deixa nada a dever para os clássicos de novelas das 18 horas da TV, o enredo passado no interior de Pernambuco narra uma história de lendas e misticismos envolvendo a família Pessoa e suas terras num lugarejo chamado Gota D’Água.


Toda a trama gira em torno do nascimento de um bebê horripilante, rejeitado no parto pela mãe e salvo por Maria de virar comida de bichos selvagens numa encruzilhada. Maria, mãe de muitos filhos, adota o menino apesar de sua aparência peculiar que assusta a todos em sua casa. O pobre do menino parecia filho do tinhoso! No entanto, aquele seu semblante guardava mistérios e uma missão digna de uma boa novela, que nos prende até o último capítulo para ver qual será o desfecho.


Críticas Sociais


Por trás da história, o autor aborda várias críticas às pessoas que julgam pela aparênciaaos religiosos só de boca e não de coração, à figura austera de alguns pais dominadores e violentos, que vulgarmente hoje é generalizado como “patriarcado”, mas que assim como qualquer desvio de caráter, depende mais do indivíduo que das tradições de família, no próprio livro, Salomão Pessoa é uma exceção à regra dentre os “machos opressores” do clã dos Pessoa.


A trama também mostra a frágil personalidade de jovens que foram mimados, que tiveram tudo nas mãos e não aprenderam a dar valor para o pão nosso de cada dia. Também mostra que caráter não depende do amor com que se cria um filho, e o sangue não torna ninguém mais filho que um adotivo no coração de uma mãe, que é sempre “a âncora, o porto seguro, o início do parágrafo e o ponto final”.

Citações

Com um texto singular, a história é repleta de citações com as quais podemos nos identificar e até refletir. Como por exemplo, Maria “sempre deixava tudo organizado para o dia seguinte, um hábito de gente ansiosa”... Como ansiosa que sou, não poderia deixar passar essa graciosa nota no meio da narrativa! Ou ainda: “Joana acreditava em príncipe encantado daquelas histórias para enganar as mulheres”, controvérsias a parte, me identifico com Joana. O problema não está em acreditar em príncipes encantados, são personagens valorosos e dignos de apreciação. O problema é que seus valores não são mais admirados pela maioria dos homens. Mas assim como os pais torrões e violentos, há exceções.


Tem também a citação da epígrafe deste post: “As pessoas sempre irão afastar-se daquilo que é diferente, tratar mal, diminuí-las, desprezá-las, mesmo assim, não podemos deixá-las decidir os caminhos que trilhamos. Haverá sempre pessoas pretendendo decidir a vida dos outros, aceitar é uma opção nossa”. Não podemos deixar a falatório alheio decidir o caminho que seguiremos. Opinião todo mundo tem. Só que cada um tem seus princípios e valores e não dá para adotar uma regra geral, como se o ser humano fosse um objeto de produção em massa. Crer na própria opinião não a força a ser verdadeira só por causa da sua boa fé. Aceitar os rumos que as pessoas pretendem dar às nossas vidas, como diz o autor, é opcional.

Percebi também em certo capítulo a referência ao grande poeta Fernando Pessoa, que tinha mais nomes que existia de almas na família Pessoa! Escritor português sem igual, de muitas faces e talento único. Para quem como eu é apaixonada por poesia, não poderia deixar passar, ainda que o nome não tenha sido citado explicitamente.


O Autor

Precisava dessa pausa, para fazer uma breve resenha sobre o livro do Cézar Vaz, meu professor da disciplina de História da adolescência! Sempre uma figura forte, determinada, ainda não tinha dedicado meu tempo para conhecer sua profundidade com a literatura, apesar de não ser seu primeiro livro publicado. Grata surpresa!


Sempre espirituoso e divertido, Cézar era um dos professores mais queridos por todos na minha época de aluna, desde os pais, os alunos e as turmas das séries menores que a minha. Era uma unanimidade. Cheios de conflitos e histórias pessoais, porém, certamente com uma pitadinha de pimenta, foi isso que construiu sua habilidade de escritor. Para quem gosta de uma boa ficção com um gostinho de suspense, e cheia de referências simbólicas das tradições das gentes do campo, recomendo a leitura.

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E já fico no aguardo da próxima obra que ficou prometida ao final: Gota D’Água: A Mulher de Vermelho.

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Poesia explicada em 280 caracteres



Poesia é a arte de compor em versos;

Virada a página, nada sobra!

A vida sem poesia é o inverso

Da base que sustenta uma obra.


Poesia é arte, é compor canções

É viver tudo que a vida cobra

Sem nunca dizer suas intenções.

É o estar-se feliz com o que sobra


É o viver de emoções.