Vivendo e aprendendo!
A vida tem me dado boas
oportunidades de evoluir espiritualmente. Uma delas foi uma visita à Casa de
Repouso Amigos do Coração de Jesus, em Francisco Morato/SP. A ação beneficente
foi promovida pela ETEC da cidade, pela turma de Administração, na disciplina
de Ética e Cidadania.
Antes de um possível
questionamento sobre o que uma visita como essa tem a ver com administração eu
respondo: Tudo! Uma empresa que se preze tem o dever de prestar assistência às
pessoas que contribuíram tanto com a sociedade como os idosos. Foi uma
experiência perturbadora e ao mesmo tempo maravilhosa.
Após arrecadarmos com as
turmas de Informática, Ensino Médio, Contabilidade e Secretariado da mesma ETEC
algumas doações de Alimentos e produtos de higiene pessoal, com a colaboração
generosa de um amigo pessoal e do estabelecimento local no qual ele trabalha,
vulgo Supermercado ITALIANOS, fomos num sábado à tarde visitar nossos amigos
idosos.
Quantas histórias! Uma das
cuidadoras do lar, D. Cleuma, nos atendeu gentilmente e nos apresentou essas
pessoas, deixando-nos a vontade para interrogá-los, coisa que alguns fizeram
com muito boa vontade, ao passo que outros não. Até isso soou bem, vindo da
parte deles! A primeira delas foi D. Genilda M. Laranjeira, 75 anos, trabalhou
com serviços gerais no Hospital de Sabará/SP, Ela era uma das mais lúcidas,
porém não me detive a ela, e busquei desvendar os segredos dos mais tímidos e
dos mais despojados.
Entre as desinibidas
encontrava-se D. Loló, ou Heloína Rodrigues Machado, 66 anos, engraçou-se logo
com os rapazes, com seu jeito cativante, apelidou-os de "neném", Bem
vivida, D. Loló, teve 13 filhos, dos quais 8 sobreviveram, segundo ela:
"Quatro machos e quatro fêmeas". Disse que tinha quatro paqueras na
casa de repouso, e afirmou ser uma mulher bonita. Impressionante sua alto
estima!
Entre as mais tímidas
estava D. Edna Venturini de Cristo, 53 anos, acometida de uma depressão crônica
só cosnseguimos descobrir que ela tinha trabalhado como faxineira e costureira
em São Paulo, teve quatro filhos e netos, e gostava muito de rezar, isso após
explicar à ela que não tínhamos visto o Elvis Presley, mas ela o tinha visto
bem ali!
Outro que falava pouco,
era o Seu Abel, com esquecimentos, ele sabia pouco além de seu nome, alegava
estar "surdo da cabeça", mas sabia que havia trabalhado na roça, com
gado. Também justificou que não fora ele quem matou Caim, (pouco importa se na
história original foi Caim que matou Abel). D. Francisca Rodrigues, 80 anos,
também falou pouco, morava em Jundiaí, trabalhou numa fábrica de tecidos, era
viúva, tinha dois filhos e três netos. Gostava de forro e samba.
Entretanto as histórias
que mais me tocou, deixei para o final, sendo que uma eu deixo para o próximo
post em caráter especial. Um dos nomes pelo qual não dormirei em paz enquanto
não atender seu pedido é José Duarte Marcolino, aproximadamente 59 anos, um
senhor que veio do Ceará com 10 anos de idade, morou no bairro do Brookling
sozinho, trabalhou como taxista por 20 anos em Santo Amaro (local que ele
considera o melhor de São Paulo).
Além de taxista Seu José
trabalhou numa fábrica de bicicletas Monark, "na Chácara Santo Antonio,
perto do Borba Gato". Ele relatava sua vida com uma facilidade, através de
seus olhos tristes, que eu e minha a amiga Bruna viemos a saber mais tarde que
eram cegos, quando ele disse que havia ficado com sequelas da diabetes.
Após narrar seu gosto
pelas praias de Santos, e Peruíbe aos finais de semana em que não trabalhava
Seu José que nunca havia se casado, no entanto disse ter vivido dez anos com
uma, moça, Rosana Araujo, segundo ele professora da USP, sendo que ele havia
apenas completado o "ginásio". Ele perguntou se eu tinha papel e
caneta pra escrever uma carta pra um determinado endereço que ele passou de
Santo Amaro, pediu que nós escrevêssemos uma carta pra Rosana, professora de
biologia da USP afirmando que estava tudo bem com ele, disse que ele mesmo não
fazia porque era cego (foi aí que soubemos!).
D. Cleuma a cuidadora
disse que quem o levara para o abrigo foi uma vizinha dele, e não uma namorada
como ele afirmava no entanto o nome correspondia, e agora só me resta descobrir
o CEP para encontrar a Professora Rosana, ela pode não ser o amor da vida do
Seu José, mas ela o conhece, e ele quer se comunicar com ela. Quem sabe por que
ela não mais o procurou?
O segundo nome é bem mais
alegre que o Seu José: Rovilson Cardoso Sales, 64 ano, Morava na Vila Formosa
antes de vir para a Casa de Repouso trazido por uma sobrinha. Seu Rovilson
afirmou ter sido goleiro do Atlético MG no final dos anos 70, no entanto seu nome
não consta na lista dos jogadores de toda a história do time, porém existe uma
suposta justificativa, Seu Rovilson é um ex-presidiário, cumpriu 5 nos de
sentença em Pedra Azul/MG por assalto.
Após sua vinda para São
Paulo Ele trabalhou como ajudante de pedreiro, de pintor e prensista numa
empresa por dez anos. Disse ter conhecido o Pelé e o Roberto Carlos, e posso
supor que ele tenha estado presente no time do Atlético, no amistoso entre
Atlético e Flamengo, em 1979, quando Pelé vestiu a camisa do Flamengo. Mas é só
uma suposição. Sou capaz de revirar a história do futebol para achar um
registro de Rovilson Cardoso Sales.
Um terceiro nome não foi
tão difícil ser encontrado... mas isso é assunto para outro post!
Faça suas doações de alimentos
não perecíveis e produtos de higiene (inclusive fraldas geriátricas):
Associação Amigos do
Coração de Jesus
R. Jandira, 481, Jardim
Eliza - Francisco Morato/SP
Fone: 4608-1257
realmente como vc escreve bem.... parabéns...saiba q o talento ñ se encontra na sua mente mais em seu coração que acalenta a mente e organiza a inspiração .........aplausos Camila bjus ....se tiver tempo acesse vai gostar http://recantodasletras.uol.com.br/duetos/2497176
ResponderExcluirBoa tarde Cammy.
ResponderExcluirFaço parte de uma grupo as Tricoteiras Solidárias, e ontem estivemos neste abrigo, para poder fazer doações de mantas, que são feitas por muitas de nós.
Confesso que foi chocante e ao mesmo tempo revigorante.
Eles são lindos e merecem toda nossa atenção.
Amanhã pela manhã irá um grupo para levar as mantas e ficar um pouco ao lado deles.