“Quem sabe eu
ainda sou uma garotinha, esperando o ônibus da escola sozinha”.
No início da adolescência, quando fui
fazer meu primeiro curso de informática para aprender o b-a-bá do Office, uma das coisas que me lembro foram as aulas sobre atalhos como o Ctrl T, Ctrl +,
Ctrl H, Ctrl C, Ctrl V. Curiosamente nunca tive o hábito de utilizar
esses atalhos pelo teclado, tanto que depois de um tempo eu que estava
acostumada a usar o botão direito do mouse, nem associava a função copiar e
colar com os atalhos Ctrl C e Ctrl V. Passei todo o meu período escolar fazendo
meus trabalhos com o office, mesmo no técnico onde os trabalhos requeriam muito
esforço de raciocínio, e o copia e cola exigia a identificação da fonte e uma
série de regras da ABNT.
Na universidade, porém, percebi o
retrocesso intelectual dos hábitos dos estudantes. ABNT, o que seria isso? Identificar a fonte?
Que fonte, Times ou Arial? Então, mais de 15 anos depois tive meu reencontro
com o Ctrl C e Ctrl V, num descontrole obsessivo, naquela mesma ideia de
novidade, e sensação de que enfim, podemos copiar algo sem precisar reescrever
tudo. O estranho é que esse atalho em vez de “cortar caminho”, está poupando
raciocínio, ou preenchendo um vazio profundo.
Podemos aproveitar uma ideia para
construir outra? Sim, devemos. Todo novo conhecimento parte de uma ideia
pre-existente, mas foi dito: CONSTRUIR outra. Noto atualmente uma preguiça que
impede o ser humano até de utilizar sinônimos para disfarçar. Graças ao bom
Gates e ao São Jobs, já existem softwares contra plágio. Mas enquanto alguns
professores ainda estão desatualizados com a tecnologia, enquanto muitos perdem
seu precioso tempo de costas para seus alunos passando numerosos conteúdos a
giz na lousa (giz!), e de vez em quando aparece com uma CPU para mostrar slides
(na era do notebook!), enquanto as universidades estiverem há anos-luz das
escolas técnicas, estes parasitas se criam.
Não adianta argumentar com essas pessoas
que é útil usar a cabeça sem ser para colocar o capuz da blusa ou um novo corte
de cabelo. É revoltante. O pior é que os discursos dos professores não ornam com a
prática dos alunos, como li num material de apoio de uma das professoras
atualizadas “a aprendizagem depende da aptidão e das capacidades de cada
pessoa”. Eis a questão. O QI (Quociente
Inteligente) das pessoas está em coma profundo. Não duvido de suas
competências, o difícil é exercitar suas habilidades, incitar suas atitudes. A
única atitude previsível é a malandragem, e mesmo isso não dá para considerar
uma atitude, maria-vai-com-as-outras não tem autonomia, age por impulso. E como
unir a teoria do espírito de equipe misturando educação e malandragem? É de
causar indigestão, ânsia e anemia.
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