quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Escola em Tempo Integral



"Cada vez mais amadurecemos tarde e mal. Somos crianças tendo crianças." Lya Luft

Sou ferrenha defensora das escolas e do ensino em geral, e principalmente o público que teve um papel fundamental na minha formação. Por isso mesmo eu sei o quanto são precários os recursos das escolas públicas e foge da fantasia das propostas políticas!

Realidade de quem mora na esquina de uma escola pública:

A escola dá lanche na hora da saída. Geralmente maçãs. Adivinha no portão de quem vem sobrar os restos das frutas?

Todos os dias os alunos saem da escola fazendo um barulho bizarro, não lembro se minha turma era tão truculenta, só sei que celular tocando funk não tinha! Adivinha onde eles se reúnem para trocar figurinhas, ou às vezes para trocar tapas, socos e puxões de cabelo? 

Final de ano letivo, os alunos saem aos gritos rasgando as folhas dos cadernos e dos LIVROS DIDÁTICOS dados gratuitamente nas escolas. Adivinha aonde vem parar essas folhas todas? Até as que ficaram mais acima o vento ou eventualmente a chuva trazem para baixo.

Essa geração já é aquela que cresceu sem pai, nas creches ou na casa da avó ou da vizinha enquanto a mãe trabalha. Essa é a geração onde as mães vão bater na professora que disciplinou seu filho, coisa que ela não fez, pois mal via a cara da criança. Geração cujos pais adotaram a política do "não pode bater em criança". Gerações cujos pais reclamam que o governo não dá UNIFORME e por isso os filhos não têm como ir à escola... Geração que acha que pode bater nos professores, ou se criar para cima de professores que possuem anos de profissão e antes deles nascerem de uma "noitada" já lecionavam, provavelmente enquanto seus pais cabulavam aula.

Agora querem deixar essas criaturas em tempo integral nas escolas? Pretendem aumentar o salário dos professores e dos demais funcionários também? Criança precisa de família! Criança precisa de identidade, e quanto mais distante da família mais eles vão se identificar com a cultura que lhes impõem desde o berço: a rua.

No livro Perdas & Ganhos, Lya Luft compartilha a mesma ideia, ela diz: “A fragilidade do relacionamento familiar ou suas eventuais catástrofes, nossas inseguranças, o dilúvio de informações contraditórias para as quais não temos muito discernimento, tornam cada vez mais difícil educar. Então delegamos isso à creche, ao jardim, à escola, ao psicólogo, à turma de amigos." Juventude não deve ser sinônimo de irresponsabilidade, que mãe quer ver seu filho mal? O pior é que as influências nocivas desses métodos de educação não são vistos em curto prazo, então parece realmente prático.

O Brasil não tem estrutura para implementar Escolas em Tempo Integral. Vai virar apenas mais um depósito de gente igual as creches! Só não comparo com os presídios porque neste último a tecnologia é mais avançada!

Não sou contra creches, embora eu não tenha frequentado nenhuma, muito menos contra escolas, seria contraditório a essa altura do campeonato. Sou contra o exagero, o relaxo, a irresponsabilidade, o abuso, pois vejo de tudo desde mães que realmente precisam colocar a criança na creche a mães que não mudam o turno no trabalho para não perder o auxílio creche dado pela empresa! A empresa não paga para ela mesma cuidar do filho antes de ir trabalhar.

Meu raciocínio é o seguinte: Venceu a licença a maternidade, antes de completar 1 ano a criança vai para a creche e lá fica até entrar no jardim, depois na escola, uma vez na escola ela fica período integral, depois aos finais de semana inventa uma aula de dança, de natação, desenho qualquer coisa que tire a criança de casa para facilitar a faxina, quando cresce essa pessoa já não precisa dos pais, e ai destes se precisarem do filho!  

Será exagero? Melhor errar por exagero que por negligência.


“Criar é inserir numa cultura que se sobrepõe ao natural. Pode ser repetitivo e tedioso, problemático. Passamos do extremo da educação rígida à deseducação simplista." Lya Luft

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