sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Não adianta?





Quando um bebê começa a crescer e se desenvolver a primeira expectativa é quando essa criança vai começar a falar e engatinhar, quando ela engatinha logo vem a espera pelo primeiro passo. Quem engatinha e anda, anda para frente, até podemos andar de ré, mas ninguém ensina uma criança a dar o primeiro passo para trás.

A criança também pode dar voltas num mesmo quarteirão quando o espaço é curto, mas se não fosse, ela seguiria adiante. Quando crescemos o conceito se inverte. Essa palavra adiante vem do latim DE, “de”, mais INANTE, “à frente”, é uma variante de adiantar.

Quando adolescente ouvi muitos “não adianta” tentar, pedir, fazer, nada adiantava para quem me dizia. Depois de adulta a mesma ladainha “não adianta”; sempre me questionei por quê. Essa resposta ninguém me deu de forma satisfatória, inventaram uma série de motivos nada convincentes saúde (ou suposta falta de), o clima, dinheiro (ou falta de), prazo. Para mim o sinônimo de todos esses motivos era falta de interesse em cooperar.

Geralmente, o raciocínio de quem tenta deter nossos sonhos com essa ladainha é que existem coisas que não voltam atrás, ou seja, às vezes temos alguma doença que a princípio nos impede de fazer algo, pelo menos com a mesma facilidade do que a grande maioria das pessoas. Aí por não poder fazer igual a conclusão imediata é que não adianta tentar. O fato de algumas coisas não voltarem atrás não significa em hipótese alguma que não podemos seguir em frente, tentar alternativas.

Tive tantas pedras de tropeço na minha frente que quando aparecem outras sem um motivo convincente eu fico com dois pés atrás e três adiante. Quando dou a chance de explicar, ficam iguais crianças aprendendo a andar em espaço pequeno, dando voltas. Tentam nos impor limites que elas mesmas colocam para si, ops! Acho que não fui muito autentica nesta afirmação, na verdade é um clichê, ou nós criticamos nos outros os nossos defeitos projetados ou podamos as qualidades que não temos coragem ou capacidade de reproduzir.

Todos estão sujeitos a essas duas vertentes, e agora o que eu mais quero é propagar uma qualidade que eu adquiri a duras penas, que é correr atrás dos meus objetivos. Não passando por cima dos outros, jamais, mas sempre que posso busco alternativas. A corrupção, a injustiça, a pobreza são coisas que existem no mundo, e sempre vão existir, mas muitas situações permaneceram e se acomodaram porque uns e outros acharam que não adiantava tentar mudar. É muito melhor morrer tentando que viver com a incerteza do que aconteceria se tivesse tentado. Pior é acreditar que não dá sem tentar; isso tem nome: má-vontade.

Apesar de achar uma inutilidade sem tamanho escalar o Everest, muitos morreram tentando, eles não estariam mais felizes se não tivessem tentado. Acho que cheguei a um exemplo extremo. Escalar o Everest é motivado pela vaidade, e isso é sempre ruim, mas concentrando no verbo adiantar, é uma ação necessária que só existiu movido pela vontade. A vontade que nos move também deve ser considerada.

O que eu ganhei batendo pé contra todas essas situações? Simples, eu segui adiante. Não eram motivos egoístas, eu queria trabalhar, estudar, namorar, noivar. Agora quero casar, ter filhos, ser promovida na empresa. Nada disso se faz sozinho, são sonhos que se sonha junto! Citando Raul Seixas. Infelizmente conheci pessoas que pareciam sonhar comigo, mas na verdade elas apenas sustentavam um papel nada autêntico que ao primeiro sopro de conflito mostraram a que vieram, ou o que não estavam dispostos a fazer para colaborar.

Descobri cedo que só Deus colabora comigo. E sendo assim todo o resto não importa, serve de testemunho para quem possa estar na mesma situação. Meu próximo objetivo é aprender a fazer diferente da mulher de Ló, não olhar para trás*, olhar para quem poderia ter colaborado; para quem poderia ter sido amigo; se ficou para trás é por que não era para seguir comigo.


*E a mulher de Ló olhou para trás e ficou convertida numa estátua de sal. Gênesis 19:26


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