domingo, 17 de julho de 2016

Procurando Dory




“Oi eu sou a Dory, eu sofro de perda de memória recente, pode me ajudar?”

Esta frase é bastante familiar, não somente pelo filme Procurando Nemo. Foi a frase que me identificou com a pequena Dory desde o início, e a personagem foi tão marcante, e pelo visto não só para mim, que mereceu um filme só dela!

Sempre que se conta a história de um personagem com problemas, não por acaso é necessário contar a história desde a infância para explicar. Em Procurando Nemo, o peixinho já era uma criança, e seu pai era um dos protagonistas da trama. Mas da Dory nada sabíamos. Por isso mesmo seu filme começa com a sua infância, com seus pais preocupados em ensinar a pequena a se defender no oceano com o seu problema de perda de memória recente.

Charlie e Jenny, os pais de Dory me pareceram um pouco mais sensatos que Marlin, o pai do Nemo. Eles sabiam que não poderiam prender Dory consigo por muito tempo, embora pudesse ser a vontade deles. Eles a protegiam da correnteza, dos outros peixes, mas ao mesmo tempo treinavam carinhosamente a pequena para saber pedir ajuda e a voltar pra casa. Afinal nem sempre eles estariam com ela. 




O enredo do filme começa trazendo a convivência de Dory, Marlin e Nemo, bem como seus amigos do oceano. Até que Dory percebe que deveria ter uma família e que provavelmente tinha se esquecido dela. Então decide ir procura-los, com o apoio de Nemo. Marlin, por sua vez, não apoia, acha mais cômodo se preservar ali onde estava do que atravessar o oceano até a Califórnia.

No entanto eles partem até a Califórnia, e o pai de Nemo continua com o seu medo tentando desencorajá-la. “Esquecer é tudo que você sabe fazer!” Disse Marlin. Palavras cruéis. Nesse instante Dory é capturada e lançada num aquário, a semelhança do que tinha ocorrido com Nemo. Desta vez não era para uso doméstico, mas para um instituto aquático.

Nemo repreende seu pai pelo que havia dito, não era verdade que esquecer era tudo que Dory sabia fazer. Sentindo-se culpado ele parte com o filho atrás de Dory, e com ajuda de novos amigos, como Beca, os leões marinhos, e outros. E o filme segue mostrando a procura de Nemo por Dory, e de Dory por seus pais. Nessa procura ela conta com o apoio da Tubarão Baleia Destiny, do Bailey a Baleia Branca, e Hank o polvo, que no início estava mal intencionado, mas depois se apega a peixinha, e passa a ajudá-la em sua missão.

Percebi ao longo da minha vida que a consciência não é tudo. E as lembranças são algo de importância consciente, ou seja, é um detalhe que precisamos para justificar algumas ações, para preencher um espaço entre o passado e o presente. Mas existem muitas coisas registradas inconscientemente, memórias que não são utilizadas da mesma forma como costumamos. Quantos caminhos percorri utilizando esse tipo de registro inconsciente! E olha que meus arquivos eram bem poucos, pois nunca tinha estado em muitos lugares.

Existem coisas que nos marcam. No filme Dory já tinha se esquecido do episódio em que Marlin tinha proferido essas palavras, mas, ela mesma, disse a si mesmo “esquecer é tudo que sabe fazer”. Existem muitas formas de memória. Quantos julgamentos carregamos sem nem imaginar que não é uma crença nossa, mas uma ideia colocada em nós pelas experiências vividas?

Percebo que ser um pouco desajustado é uma grande vantagem. Sem ela Marlin não teria encontrado Nemo, não fosse sua coragem de quem desconhece a maldade das coisas, ou confia no poder do bem, ela não teria encontrado seus pais, e não fosse pelo exemplo que ela deu a Nemo, eles também não teriam conseguido encontrá-la.

Dory passou a ser a referência das ações de Nemo. “O que a Dory faria?” perguntava-se. O correto a se fazer era o que ela faria, pois não teria vestígio de medo, preconceito, rancor. Nada que precisa de memória recente para se perpetuar. No fim das contas, os pais sensatos dela acertaram em cheio no método, pois por mais que tenha demorado em ter a resposta, Dory aprendeu a pedir ajuda e aprendeu a voltar pra casa!

"Continue a nadar, continue a nadar. Sempre tem outro jeito! Siga as conchas".


Link relacionado: Procurando-me em Nemo

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