sexta-feira, 1 de abril de 2011

Descartes e a Razão

O mundo é quase composto de duas espécies de espíritos: aqueles que, julgando-se mais hábeis do que são, não resistem a precipitar seus juízos, nem têm paciência bastante para conduzir por ordem seus pensamentos, e os outros que, por razão ou modéstia, achando que são menos capazes, contentam-se em seguir as opiniões dos outros. De minha parte acho que nada se pode criar ou imaginar de tão estranho que já não tenha sido criado ou pensado anteriormente por artistas ou filósofos.

Nenhuma razão pode estar tão afastada a que ela não se chegue por fim, nem tão oculta que não se descubra. É nisto que reside o segredo dos antigos filósofos que souberam outrora subtrair-se ao império da fortuna. Ocupando-se constantemente em considerar os limites que eram prescritos pela natureza, persuadiram-se de que nada estava em seu poder além dos próprios pensamentos. E sendo senhores apenas dos seus pensamentos podiam considerar-se mais ricos e poderosos, livres e felizes que quaisquer outros que, não tendo esta filosofia, por muito que sejam favorecidos pela natureza e fortuna nunca chegam a este poder.

“Discurso do Método” René Descartes (1596-1650), tradução Newton Macedo.

René Descartes teria maior razão, creio eu, se ele considerasse que, se o homem pudesse alcançar alguma verdade apenas por seus próprios métodos e raciocínio a humanidade já estaria bem mais evoluída no que se refere a caráter ou moral e ética, além do que a sua própria relação com o meio ambiente seria mais saudável.

Como não é o que vemos, e provavelmente Descartes também não via no século XVII, suponho que a razão repousa longe da teoria do nobre filósofo. Se bem que, qualquer conceito sobre algo já é melhor do que a completa ignorância, com excessão do preconceito, que este geralmente é parte integrante da ignorância. Eu tenho o meu conceito de verdade fundamentado na fé e não na razão.

“Nada há encoberto que não haja de revelar-se, nem oculto que não haja de saber-se” (Mateus 10:26)

Algo semelhante foi escrito por Descartes, só muda o sujeito da oração, um aponta o homem que chega e descobre as verdades ocultas, o outro aponta um sujeito indeterminado revelando-as. Eu poderia determinar o sujeito, a fonte de onde extraí o versículo já é, ela toda, testemunho do sujeito, mas não cabe a este texto.

O que diferencia uma tese da outra é que, segundo Descartes, quem não se julgava senhor de seus pensamentos nunca chegaria às glórias propostas por sua ideia, ao passo que no versículo a glória é mais abrangente, o que na verdade não é glória é graça, e todos estamos sujeitos a revelação, não apenas os que adotam esta filosofia.

Não precipitemos nossos juízos nem andemos segundo a opinião alheia. Existem convenções na contabilidade, estudadas em Administração, uma delas é a do conservadorismo que determina o caminho do meio nas negociações, pelo menos até que alcancemos o caminho, é melhor ponderar nossas ações sem altivez ou subserviência.

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