As redes sociais têm por característica fundamental retirar
as pessoas do anonimato total, não da identidade completa, pois essa dá para
subverter, enrustir, mas ao menos do anonimato intelectual, pois nelas as
pessoas postam aquilo que são capazes de concatenar com um mínimo de
organização mental. O resultado disso, portanto, é de inteira responsabilidade
de cada um.
Nas redes sociais as pessoas pretendem demonstrar quem são, com
quem se relacionam, com quem gostam de se relacionar frequentemente e quem
mantêm em seu vínculo de relações apenas para dar volume ou por segurança.
Muitas vezes há a troca saudável de perfis, onde aquilo que era exclusivo e
individual por pura falta de oportunidade ou antipatia, acaba sendo de domínio
público, como as amizades.
Meus amigos são só meus, os seus são só seus. Esse é um tipo
de organização fraternal que perdeu a força dentro do universo das redes
sociais, onde as relações se expandem, e longe de se tornar totalmente frívolas,
somam-se. Uma coisa é fato, semelhante atrai semelhante (e não os opostos), e
o que é seu, só será meu na medida da nossa semelhança.
Para ilustrar o que quero explanar, usarei um caso recente
onde reencontrei um conhecido de longa data quando estava fuçando, sei lá
porque, a rede de relações de uma das minhas amigas da rede social do momento. Ele
tanto não era só amigo dela, que eu o conheci primeiro, e antes dele ser seu
amigo de faculdade, foi meu amigo de ensino fundamental. E não por acaso essa
amiga passou a ser nosso principal assunto em comum, além da escola. Razoável,
não?
Conheço outro caso, de outro amigo que é muito reservado e
mesmo possuindo rede social posta apenas o que lhe convém, ao invés de postar
algo que possa ser alvo de comentários por ele censurado. Antes de cometer o
ato ridículo de censurar algo privado que foi posto em público, ele
simplesmente não posta. Seus amigos também são limitados, e ele cuida do que há
em seu perfil, não fica controlando o que os outros postam sobre ele, já o
citei inúmeras vezes, mas quando ele quer falar comigo, ele puxa pelo bate-papo
que é particular.
É uma espécie de código de ética pessoal e individual, de si
pra si mesmo, que o poupa de cenas constrangedoras on-line. Poderia citar os
cínicos virtuais, que são aqueles simpaticíssimos da rede, que pessoalmente não
são. Mas aí já entraria em julgamento, e não cabe a mim esse tipo de coisa. O
fato é que pessoas antissociais não deveriam participar de redes sociais,
simplesmente porque não gostam de pessoas estranhas, e onde se encontra mais
pessoas estranhas, no sentido de desconhecidas, do que nesse ambiente? Aí vai
fazer o que, censurá-las?
O tempo passa e o mundo ao invés de evoluir repete as mesmas
burradas, e agora no mundo virtual, partindo de alguns discursos de não um, mas
muitos “companheiros” de rede social, já estamos prestes a revoltas anticomunistas,
pró-capitalistas, ou “abaixo o socialismo na rede”, logo estarão cobrando para
que alguém se torne membro, para evitar que o “povo” (que virou sinônimo de
pobre) se misture a elite. Aqui como lá,
estão (sujeito oculto em espaço público) apenas pensando no próprio umbigo e
não em alguma causa útil.
Apesar dos aparentes protestos contra qualquer coisa que se
faz, é vazio de contexto político, e sem maiores noções. Enquanto a maioria
está preocupada com o BBB, o Michél Teló, a Luiza que voltou do Canadá, ou o
vício do William Bonner, outros se fecham e buscam reclusão em espaço público. Aja
paciência!
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