“Os jovens vivem a geração do ‘hambúrguer emocional’. Detestam a paciência. Não sabem contemplar o belo nas pequenas coisas”.Augusto Cury
Quando o filme Sociedade dos Poetas Mortos foi lançado em 1990, e eu o assisti 9 anos depois na escola, não imaginei que seu título seria um prenúncio da realidade dali há 13 anos. Com o diferencial de que no referido filme, ao menos o professor não zombava da poesia, e acreditava na sua eficácia para ajudar os jovens a sair do labirinto emocional a que a sociedade o submete.
Hoje está mais crítico.
Quando me assumo poetisa, geralmente ouço um coro debochado: “Ó, ó, ó, ó, ó!”
Como quem diz: “Que costume arcaico! Que utilidade tem?”. Para a geração do
hambúrguer emocional, realmente pode ser difícil compreender a mais simples poesia.
Por essas e por outras o cantor Roberto Carlos lançará um cd com apenas quatro
músicas, dentre elas um funk chamado Furdúncio...
Para o chamado rei precisar sair da suas origens românticas para obter público a coisa está realmente séria. Sabemos que música e poesia têm uma íntima ligação, pois ambas tem ritmo, só que na música o ritmo é realçado pelos instrumentos, e a poesia só conta com a voz e a emoção do leitor, ou entoador.
Augusto Cury afirma que os jovens gostam de músicas agitadas porque seus pensamentos são agitados. Eu também sou jovem, mas me sinto uma estranha no ninho. Nada do que faço e julgo importante tem valor para a geração Mc’!
Num passado não muito distante, apesar das guerras, das crises, da ditadura e outros sistemas repressivos havia poetas, que às vezes, tudo que podiam fazer no exílio eram suas poesias. Posso citar o poeta da escravidão Castro Alves, do exílio, Gonçalves Dias, Fernando Pessoa que não se bastava em si e criou vários heterônimos como Ricardo Reis e Alberto Caeiro, meu mestre Mario Quintana... o poeta da guerra Vinícius de Morais com sua Rosa de Hiroshima.
Não posso esquecer os poetas cantores do regime militar, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil. Lamentável que a mais conhecida canção cantada por Caetano atualmente seja “Sozinho”, que não é sua composição, mas do Peninha. Lamentável!
Hoje, apesar das facilidades, da democracia, da economia um pouco mais favorável, as pessoas perderam a noção do belo... e nem estou falando do cantor de pagode romântico! O normal é ser superficial, ninguém imagina o esforço e o prazer que dá compor uma boa poesia. O diferencial não é a matéria prima, é o dom do artista, que pode fazer do mesmo tema várias composições diferentes e igualmente belas! Com que intuito? Experimente ensinar um jovem triste a transformar sua dor em versos e teremos menos um suicida no mundo.
Não é exagero.
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