Para
a geração hambúrguer Roberto Carlos é brega. Thiaguinho é a vibe do momento! Independente dos
estilos distintos, algo que me chamou muito atenção ultimamente foi a nova
canção de Roberto, “Esse cara sou eu”, que de imediato me levou a fazer uma
impossível comparação com “Sou o cara pra você” do pagodeiro Thiaguinho.
Primeiro
porque a matéria prima é a mesma, o tema é o mesmo. Ambos se dizem a pessoa
certa para uma mulher, ambos dizem que a aceitam do jeito que ela é. O contexto
é idêntico, só que Roberto compôs uma música, uma poesia, e o Thiaguinho... Não
deve ter tido nem a intenção. Vejamos:
ESSE
CARA SOU EU – ROBERTO CARLOS
“O
cara que pensa em você toda a hora/ Que conta os segundos se você demora/ Que
está todo o tempo querendo te ver/ Porque já não sabe ficar sem você/ E no meio
da noite te chama/ Pra dizer que te ama/ Esse cara sou eu”
“O
cara que pega você pelo braço/ Esbarra em quem for que interrompa seus passos/ Que está do seu lado pro que der e
vier/ O herói esperado por toda mulher/ Por você ele encara o perigo/ Seu
melhor amigo/ Esse cara sou eu/ O cara que ama você do seu jeito/ Que depois do amor você se deita em
seu peito/ Te acaricia os
cabelos, te fala de amor/ Te fala outras coisas, te causa calor”
“De
manhã você acorda feliz/ Num sorriso que diz/ Que esse cara sou eu/ Esse cara
sou eu/ Eu sou o cara certo
pra você/ Que te faz feliz e que te adora/ Que enxuga seu pranto quando
você chora/ Esse cara sou eu/ Esse
cara sou eu”
SOU
O CARA PRA VOCÊ – THIAGUINHO
Volta
então pra mim, sei os seus
defeitos/ Quero mesmo assim, pra
mim tá perfeito/ O que foi fazer? Se arriscar pra quê?/ Só olhar pra ele que
você vai perceber/ Ele não te ama como eu, te quer mais do que eu/ Duvido que ele faz amor gostoso
como eu/ O seu tempo tá no
fim, é melhor você se decidir
Tem
uma novinha atrás de mim
Comparação
humilhante, não? Porém, não desproposital, para quem curte meus respeitos, mas
é importante que se saiba que é possível fazer algo bom com o mesmo conteúdo
espúrio de algumas músicas que atormentam nas rádios, nos carros e celulares da
vizinhança por aí.
Quem
diria que o sexo poderia ser descrito numa música chamada “Cavalgada”? Não
disse Eguinha Pocotó, mas a belíssima Cavalgada de Roberto Carlos: “Vou
cavalgar por toda a noite/ Por uma estrada colorida/ Usar meus beijos como
açoite/ E a minha mão mais atrevida.”
Para
finalizar eu nem acredito que vivi para escutar alguém muito próximo dizer que
não sabia que a canção Monte Castelo da Legião Urbana era uma fusão do capítulo
13 da 1ª carta do apóstolo Paulo aos Coríntios, na Bíblia, com o poema de Luiz
Vaz de Camões, uma linda compilação de sabedoria, poesia e música:
Ainda que eu falasse a
língua dos homens
E
falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria;
É
só o amor, é só o amor
Que
conhece o que é verdade
O
amor é bom, não quer o mal
Não
sente inveja ou se envaidece;
O
amor é o fogo que arde sem se ver;
É
ferida que dói e não se sente;
É
um contentamento descontente;
É
dor que desatina sem doer;
Ainda
que eu falasse a língua dos homens
E
falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria;
É
um não querer mais que bem querer;
É
solitário andar por entre a gente;
É
um não contentar-se de contente;
É
cuidar que se ganha em se perder;
É
um estar-se preso por vontade;
É
servir a quem vence, o vencedor;
É
um ter com quem nos mata a lealdade;
Tão
contrário a si é o mesmo amor;
Estou
acordado e todos dormem todos dormem todos dormem.
Agora
vejo em parte. Mas então veremos face a face.
É
só o amor, é só o amor.
Que
conhece o que é verdade.
Ainda
que eu falasse a língua dos homens.
E
falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria
ISSO É POESIA
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