Eita rima safada! Para uma
poetisa que sou, admito que não seria muito feliz na escolha se fosse o título
de um poema, mas para este post serve. Aquela velha máxima de que pior do que
tá não fica para mim é piada de palhaço mal intencionado, pois sempre pode
piorar!
Eu já me senti personagem
de Matrix, saindo de uma realidade para outra num passe de mágica, e fui
descobrindo aos poucos como domar a fera. Já falei neste blog de um fantasma
que me assombrou quase a vida toda, a epilepsia. Ela me deu adeus para nunca
mais voltar se Deus quiser, mas enquanto caminhava com ela andei pelo vale da
sombra da morte, e alguns trechos eu nem sei como atravessei.
Em Abril de 2013 foi o mês
onde a malvada me pegou de jeito, ao ponto de me fazer atravessar 16 estações de
trem inconsciente! Falando ninguém consegue imaginar, e por não conseguir
conceber a ideia acham pouco! Deus e a medicina sabem a exaustão que provoca
esse fenômeno que parece o sonho de todo mundo de se teletransportar, só que
não é bem assim não, pois pé-ante-pé me levou de um canto ao outro, apenas não me
lembro do percurso...
Duas “dade” puxavam o seu
gatilho: Ansiedade e Ociosidade. A ociosidade dos doze aos vinte e tantos anos
de idade foi o que me tornou escritora. Agora imaginem o efeito das duas coisas
juntas? Meu estado peculiar testou a compaixão de muita gente, conhecida e
desconhecida. Amigos da escola e faculdade, inimigos também, pessoas que mal
falavam comigo, segurança da CPTM, supervisor do trabalho.
Viver a vida toda
dependendo da compaixão alheia não é fácil! Não me sinto mais dependente não,
mas sempre estamos sujeitos a decisões do “alto” alguma hora, seja da
presidenta, da superintendenta, da mãe, do filho da mãe, do juiz, do árbitro...
a lista é longa.
E nem toda gente considera
quem somos, mas apenas o que fazemos. Enquanto andamos pelo vale da sombra da
morte muitos se preocupam com os pastos verdejantes. Entre bancos e solavancos,
passei por uma ilha deserta durante aquele mês e uma seta me apontava o caminho
da rua, mas eu a ignorei, não era para ser, senão teria sido.
O lado bom é que aprendi que
o ser humano é esquisito e maravilhosamente complexo. Isso me inclui, mas é
interessante como vi gestos grandiosos de desconhecidos e pessoas de quem eu
não esperava nada, e outros tão frios de quem eu esperava tanto! Quem me dissesse
que eu não aprendi nada com esse mês e que eu merecia mais meio mês desse eu
diria: só lamento.
Mais alguns dias de
percurso inconsciente e talvez eu tivesse pedido as contas da vida, ou melhor,
teria sido demitida dela. Existem tantos vãos entre trens e plataformas, ruas para
serem atravessadas... Bobagem! Para morrer basta estar vivo, não precisa ter
epilepsia, esse é o terrorismo que minha mãe usava para me manter ociosa
debaixo das suas asas que fazia sombra.
Na universidade aprendi
que nas empresas existe algo chamado de descrição de cargo que delineia as
competências e habilidades necessárias para tal função. Na prática, é tudo ou
nada, agora ou nunca, ra-re-ri-ro- rua. Na prática a teoria é outra. Se o
parafuso não se encaixa, martela que ele vira prego! Há exceções. Quase sempre
tem uma alma movida por Deus que consegue colocar alguns parafusos em seu
devido lugar e faz a engrenagem rodar como deveria; o que gera lucro, e no
final das contas vai bancar a beleza do capim dos pastos verdejantes do mesmo
jeito!
Meu emprego esteve a beira
do abismo, a ansiedade me pegou por eu não saber o que a ociosidade do cargo no
qual haviam me colocado poderia resultar. Dentro da empresa eu pedia
misericórdia e mostrava serviço, inventava coisas para fazer, escrever e sugerir
correções às regras traçadas dos processos talvez, não sei se essa tarefa foi
considerada, mas minha intenção foi boa. Outra pessoa poderia ser posta ali
também e se minhas sugestões fossem acatadas já melhoraria sua qualidade. Em
qualquer lugar e circunstância desse mundo podemos ajudar o próximo.
Fora da empresa eu zumbisava
por aí. Houve um dia em que eu quase fui para a Luz... a estação da Luz! Era
para descer na Barra Funda – São Paulo. Também orei muito, e Deus ouviu minhas preces,
e usou uma pessoa como instrumento para meu auxílio. E o Abril sombrio passou. Não
acredito que deva fugir de todas as circunstâncias adversas que eu encontre
pela frente, não mesmo. Nunca fugi, aliás. Afinal eu passei pelo Abril antes dele
passar.
Todos os envolvidos direta
ou indiretamente cresceram com isso, mostraram-se habilidosos no trato com as
pessoas, até pouquíssimo tempo eu propagava a boa fama da empresa, esse
episódio havia sido superado, minha mãe, sombria ou não, diria “ta” bom demais para ser verdade! Pois
é. Mas em retrospecto eles ganharam muito mais com a escolha que fizeram, do
que se tentassem me transformar de parafuso em prego.
Foste
chamado sendo escravo? Não te
dê cuidado; mas se ainda podes tornar-te livre, aproveita a ocasião. 1 Coríntios 7:21
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário