terça-feira, 26 de outubro de 2010

O que foi mesmo o "Mensalão"?


Ethos significa caráter, Mores significa costumes, logo é através da ética (ou caráter) que se aperfeiçoa a moral (ou costumes) de um indivíduo. Apesar de todas as filosofias que pretendem explicá-la, a maleabilidade do conceito ética permite uma série de distorções que bem articuladas até soam como bem intencionadas.

Quem nunca ouviu falar no Conselho de Ética do Parlamento? Ou melhor, quem não conheceu o famoso caso “Mensalão”? Assim que a corrupção nos Correios veio a público, evidenciou-se a figura do deputado Roberto Jefferson do PTB, que, como presidente do partido que comandava a empresa estatal, desviava uma mesada básica de R$ 400, 000 para uso político.


Daí segue-se as distorções: a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Correios foi adiada o máximo possível pela cúpula do PT e aliados. No entanto, as criações de CPIs para desmascarar políticos da oposição foi o fator principal para criar a “fama dos petistas como defensores da ética”. (Revista Veja /2005)



PTB, porém, não era oposição, era base aliada. Quando enfim a CPI foi instaurada, os “modos” peculiares de Roberto Jefferson eram de um perfeito cavalheiro, como nota-se numa frase em particular: “Vossa Excelência é um canalha!” Ou seja, chamar de canalha pode, mas tratar um deputado por “você” é antiético.


Quando viu que o PT estava tentando abandoná-lo a própria sorte, numa crise de moralidade ele resolveu delatar todos os cúmplices, todos os envolvidos no Mensalão. Pôs seu mandato a disposição, mas levou consigo muita gente: José Dirceu (ele está voltando...), Silvio Pereira, Delúbio Soares, entre outros.


Isso faz parte da ideologia PTbista desde Getúlio Vargas, “ morrer pela nação”, no caso Jefferson aceitou a cassação, e cá pra nós, nem o ato radical de Vargas (guardadas as devidas proporções), nem a sordidez de Roberto Jefferson fez grande diferença, pois se foram oito, vieram mais dezoito! O processo ainda é o mesmo.

“O mentiroso que resolveu dizer a verdade”, “o paladino da moralidade”, “o gigante da baixa política”. Todos estes foram apelidos carinhosos recebidos por Roberto Jefferson, que em depoimento ao "Conselho de Ética" afirmou: “Nós temos a hipocrisia de não confessar ao Brasil o que todos sabem. Eu estou assumindo isso.” disse referindo-se aos recursos das eleições.



De fato, esse arroubo de moralidade duvidosa nasceu da dubiedade de suas reflexões éticas, ou pra ser mais direta, da sua falha de caráter. No entanto, para os menos avisados, Roberto Jefferson, tal como Maluf, ou o próprio Presidente Lula possuem um carisma irrefutável, e certas coisas passam despercebidas ou são facilmente toleradas, como a frase: “Eu roubo mas faço”, de Maluf, ou a afirmação de Lula de que não sabia de nada. O que o torna conivente se sabia e não interviu (além de não ter admitido o que sabia), ou o torna inepto, ingênuo, o que também não são qualidades de um presidente que sequer sabe o que se passa ao seu redor, uma vez que os envolvidos eram seus amigos de palanque, seus “companheiros”.



Pra comprovar a tese, o horário político serviu de base, com Paulo Maluf candidato a Deputado Federal, (onde foi parar o Projeto Ficha Limpa?), e Roberto Jefferson figurando ao lado de José Serra, com o seu partido aliado ao PSDB, mostrando que ideologia política muda de acordo com a maré, com os interesses pessoais.


Talvez a única consequência disto seja o fato de que José Serra não tem a blindagem carismática de Lula. E o perfil de Jefferson já respingou em sua imagem, na primeira entrevista ao Jornal Nacional no dia 11 de agosto, onde foi questionado veementemente por Willian Bonner sobre esta coligação do seu partido com o chamado líder do Mensalão.


Em suma são todos farinha do mesmo saco? Certamente. "No mundo dos negócios como na política, ganha quem pensar no lucro pessoal em primeiro lugar"... Não!

A nova geração pode mudar esse modo vil de racionalizar o mundo, as transações e as relações com o povo - lembrando que povo não é sinônimo de pobre como muitos pretendem fazer entender. Povo é todo cidadão de uma nação, ricos, classe média, pobres, miseráveis... sendo que muito mais miseráveis é quem nos sujeita a esta situação por conveniência, pois muito mais fácil é dar o que comer, e facilitar ingresso em escolas sem muito esforço, do que dar o emprego ou estimular o estudo.

Quanto mais pobres e analfabetos funcionais existirem no país mais facilmente esses miseráveis se reelegem, e vivem à nossas custas! Mas quem sabe o Tiririca não cria uma lei anti-corrupção? ( Sim, foi uma ironia.)

"Companheiro (companheiro vem) Vem no balanço do mar (vem no balanço do mar) ...
Companheiro - Dominó (Edgard Poças)
Post Scriptum: Esse post foi uma redação escolar censurada. Essa falsa moral, a qual chamo de hipocrisia está contaminando até as instituições de maior renome! Muito cuidado...


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