domingo, 14 de agosto de 2016

Jogos Olímpicos Rio 2016




Nesta edição dos Jogos Olímpicos o discurso de que “o importante é competir” está me parecendo um pouco demais. Nunca entendi o real significado desta frase numa competição olímpica. Participei certa vez de uma maratona beneficente, nesse caso o importante era competir, pois os beneficiários já estavam ganhando com a minha participação. Mas para atletas que treinam ferozmente, em condições vergonhosas para o país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza, é simplesmente ridículo atletas tão preciosos terem que se sujeitar a esse papel, ainda mais sediando o evento.

Sem apoio técnico e financeiro, atletas fazem o que podem, e para parecer “menos pior” criaram a cultura de que “você já é vitorioso por estar aqui”, como se fosse uma grande ousadia querer ganhar. Mas oras! É para ganhar que se treina gente! Pergunte para o Michael Phelps se ele participa apenas para competir, ou se a única meta dele não é ganhar. Faça o mesmo com Simone Biles, e os recordistas americanos de medalhas olímpicas.

Pior que o argumento falta de investimento neste ano cai por terra, pois não há esporte mais em evidência no país do que o futebol masculino, e, no entanto, quem está representando a modalidade é o esporte feminino, que não sofre com o “oba oba” da mídia. Na seleção masculina tem muita estrela pra pouca constelação. 





O vôlei é uma das exceções que em todos os eventos percebe-se que joga para ganhar, e por isso quando perde nem fica feio, afinal é matemática, se existe uma vaga no topo, apenas um pode ganhar, os demais ficam em torno. Bernardinho é um dos grandes ícones de liderança, utilizado como exemplo nas aulas e palestras sobre o tema.

Mas o fator motivador principal para nossos jovens atletas é a superação contra a maldade do ser humano, mídia e torcidas que destroem a autoestima de um atleta que erra, que equipara nossos atletas que crescem num país de terceiro mundo ouvindo que o importante é competir, aos atletas britânicos ou norte americanos que são máquinas de medalhas de um país de 1º Mundo.



Pessoas que ignoram o esforço de pessoas como a judoca Rafaela Silva, que nos jogos passado perdeu a luta por um movimento indevido e foi humilhada pela torcida, que pediu para a macaca voltar pra casa. Em 2016 Rafaela voltou e ganhou medalha de ouro para calar a boca de quem disse que ela era a vergonha da família. 


Outro exemplo é Diego Hypólito, que quase vencido pela depressão causada pelas suas derrotas anteriores, esteve prestes a desistir de competir, porém a humilhação sofrida e a vontade de dar um tapa na cara da sociedade (como disse aqui) fez o garoto voltar decidido a vencer. O discurso de sua irmã Daniele Hypólito, narrando pela rede Globo ainda estava a lá Brasil: “independente do resultado ele já é um campeão por estar aqui”. Mas sabemos que não. Ele estava lá participando nos jogos anteriores e isso quase destruiu a sua carreira por que o resultado não foi satisfatório. Diego precisava da vitória, perdeu o ouro por muito pouco, ganhou a prata, e ainda puxou o colega Arthur Nory para o pódio também com o bronze.


Infelizmente nossos atletas só conseguem vencer no pódio após sucessivas derrotas emocionais, depois de sofrer com as vaias ocultas da rejeição do público. Que alegria que o ser humano tem de criticar a derrota alheia sem saber quanto custa conquistá-la.

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