sábado, 11 de setembro de 2010

O Diabo Veste Prada



Um bom filme para acirrar a discussão sobre a imagem pessoal no mercado de trabalho chama-se O Diabo veste Prada. Pra quem não sabe Prada é uma marca italiana obrigatória para quem quer ser fashion, quem quer ser elegante e para quem tem bala na agulha.

Desde que iniciei meus cursos de assistente administrativo, e agora meu técnico em administração Andy Sachs (Anne Hathaway) é minha referência. Andy recém formada em jornalismo consegue um emprego como assistente de Miranda Priestly (Meryl Streep) na revista Runway (inspirada na Vogue). Porém, a princípio o emprego não corresponde às suas expectativas, apesar de ser "o emprego que um milhão de garotas morreriam para conseguir", Miranda sobrecarrega Andy de tarefas, fora da sua área de atuação, como providenciar seu almoço, ou a versão do Harry Potter que ainda não foi lançada pra suas filhas!


Andy, contudo, cumpre todas suas tarefas extras, conseguindo inclusive o contato da J.K Rowling, autora de Harry Potter, que lhe dispõe os textos do livro a ser lançado. Sua imagem pessoal porém, entra em conflito com o ambiente em que se propôs a trabalhar. Demasiadamente rústico, sem estilo e impessoal, Andy se vê diante se uma polêmica discussão sobre si própria. 


Esse trabalho exigiu-lhe uma grande transformação, pois para ela os modismos não passavam de futilidades, e só as modelos necessitavam de glamour, uma assistente só precisava saber lidar com papéis, agendas e arquivos. Porém Nigel (Stanley Tucci), o único homem a trabalhar na Runway, começa aos poucos a trasmitir-lhe novos valores a respeito da moda, promovendo inclusive um belo banho de loja em Andy, e ensinando-lhe a demarcar os traços de sua natural beleza, que ficavam obscuros atrás de seu estilo démodé.



Essa transformação gerou conflitos em suas relações pessoais, com sua amiga Lilly (Tracie Thoms) e o namorado Natie (Adrian Granier), pois estes achavam que Andy estava ficando superficial como todas aquelas glamorosas que ela criticava nos tempos de faculdade de jornalismo. Mas não era bem assim. Existe sim certa superficialidade no mundo da moda, mas não no ramo profissional; Miranda era uma mulher de fibra, rigorosa, exigente, conhecida como tirana e impassível, no entanto o meio em que vivia exigia-lhe esse método, uma empresária de sucesso num mundo de capitalismo machista, deveria saber ditar suas próprias regras e se fazer obedecer.


Andy como uma moça inteligente, que afinal era sua melhor qualidade, com ou sem o refino das grifes que a embalavam, soube identificar essa característica em Miranda, e conquistar sua confiança, enquanto várias assistentes eram tratadas pelo nome de Emily, que era o nome da secretária de Miranda (Emily Blunt), Andy aos poucos conseguiu ser chamada pelo próprio nome, o que já era um sinal de respeito que sua chefe lhe dedicara, mesmo sem sair do salto Prada, mantendo sua arrogância habitual.


Andy aos poucos foi adentrando cada vez mais no mundo da moda, participando de eventos ao lado de Miranda Priestly, com um roteiro que incluiu Paris - o centro fashion do mundo - indo no lugar de Emily que quebrou a perna antes da viagem. Para Emily foi um golpe, uma traição, pois ela era a secretária pessoal de Miranda, e Andy sua assistente!

Tomando tudo que vivenciava como experiência, Andy Sachs resolveu se despedir da Runway, e procurar uma vaga como jornalista, que era a carreira que havia escolhido, e para a qual era formada. Esse gesto decepcionou Miranda, ao passo que alegrou Natie e Lilly, porém Andy nunca mais voltou a ser aquela moça desajeitada, pois sua temporada como assistente de Miranda lhe ensinara a seguir as regras do jogo, e apesar de manter certa elegância, Andy se desfez das roupas de grife francesas que adquiriu na viagem, dando-as para Emily, que era quem de fato merecia.


Andy e Miranda, apesar da hierarquia que sobrepõe uma a outra, são duas mulheres guerreiras e decididas, que souberam tirar lições da vida, e uma acrescentou muito à outra, afinal o mundo não nos espera, e a pressa de Miranda deu autenticidade e dinamismo à vida de Andy, já a lealdade e valores éticos de Andy provaram à Miranda que ainda existem pessoas confiáveis, o que foi demonstrado no gesto de gratidão de Mirando ao passar a carta de recomendação ao novo chefe de Andy, dizendo que se ele não a admitisse, estaria cometendo uma loucura.


Ou seja, se por um lado pareceu que Andy traiu seu ego, deixando-se seduzir pelo luxo, em nome de um emprego, a visão mais correta seria que ela agregou o luxo aos seus valores morais, assim que percebeu que a futilidade não está nos bens materiais, nem mesmo no valor deles, mas na atitude de quem os utiliza, no caráter destas pessoas. Andy e Miranda vestindo Prada ou não serão sempre mulheres de grande estirpe, a diferença é que a regra capitalista exige de uma essa grife enquanto pretender trabalhar no ramo da moda, já Andy, como jornalista talvez não necessite mais, embora sempre possa usar, sem que isso lhe acrescente valor, mas beleza!


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