Vanitas, vanitatum et omniavanitas! (Ecl 1:2)
Vaidade das vaidades, é tudovaidade!
"Ele se achava na região dos asteróides 325, 326, 327, 328, 329, 330. Começou pois a visitá-los, para procurar uma ocupação e se instruir.
O primeiro era habitado por um rei. O rei sentava-se, vestido de púrpura e arminho, num trono muito simples, posto que majestoso.
- Ah! Eis um súdito, exclamou o rei ao dar com o príncipezinho.
E o príncipezinho perguntou a si mesmo :
- Como pode ele reconhecer-me, se jamais me viu ?
Ele não sabia que, para os reis, o mundo é muito simplificado. Todos os homens são súditos.
O rei fazia questão fechada que sua autoridade fosse respeitada. Não tolerava desobediência. Era um monarca absoluto. Mas, como era muito bom, dava ordens razoáveis.
Mas o príncipezinho se espantava. O planeta era minúsculo. Sobre quem reinava o rei ?
- Majestade... Eu vos peço perdão de ousar interrogar-vos...
- Eu te ordeno que me interrogues, apressou-se o rei a declarar.
- Majestade... Sobre quem é que reinas ?
- Sobre tudo, respondeu o rei, com uma grande simplicidade.
- Sobre tudo ?
Pois ele não era apenas um monarca absoluto, era também um monarca universal.
- E as estrelas vos obedecem ?
- Sem dúvida, disse o rei. Obedecem prontamente. Eu não tolero indisciplina.
- Eu desejava ver um pôr de sol... Fazei-me esse favor. Ordenai ao sol que se ponha...
- Se eu ordenasse a meu general voar de uma flor a outra como borboleta, ou escrever uma tragédia, ou transformar-se em gaivota, e o general não executasse a ordem recebida, quem - ele ou eu - estaria errado ?
- Vós, respondeu com firmeza o príncipezinho.
- Exato. É preciso exigir de cada um, o que cada um pode dar, replicou o rei. A autoridade repousa sobre a razão. Se ordenares a teu povo que ele se lance ao mar, farão todos revolução. Eu tenho o direito de exigir obediência porque minhas ordens são razoáveis.
- E meu pôr de sol? Lembrou o príncipezinho, que nunca esquecia a pergunta que houvesse formulado.
- Teu pôr de sol, tu o terás. Eu o exigirei. Mas eu esperarei na minha ciência de governo, que as condições sejam favoráveis.
- Não tenho mais nada que fazer aqui, disse ao rei. Vou prosseguir minha viagem.
- Não partas, respondeu o rei, que estava orgulhoso de ter um súdito. Não partas: Eu te faço ministro !
- Ministro de que ?
- Da... Da justiça !
- Tu julgarás a ti mesmo, respondeu-lhe o rei. É o mais difícil. É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros. Se conseguires julgar-te bem, eis um verdadeiro sábio.
- Mas eu posso julgar-me a mim próprio em qualquer lugar, replicou o príncipezinho. Não preciso, para isso, ficar morando aqui. Eu vou mesmo embora.
- Não, disse o rei.
Como o rei não dissesse nada, o príncipezinho hesitou um pouco; depois suspirou e partiu.
- Eu te faço meu embaixador, apressou-se o rei em gritar.
Tinha um ar de grande autoridade.
As pessoas grandes são muito esquisitas, pensava, durante a viagem, o príncipezinho."
(Trecho de "O Pequeno Príncipe")
Apesar de presunçoso o rei da fábula era bastante razoável como ele próprio
afirmava. Ele, como nós, possuía um instinto de que toda autoridade é dom e não fato (João 3:27). Ao sensato que quiser se manter no poder convém levar em consideração as condições favoráveis a que o rei chamava de “ciência de governo”. Ele considerava o que estava além do seu domínio, e então propunha seu juízo com a autoridade que lhe restara, sem, porém, abrir mão de levar a fama.
"O rei sentava-se num trono muito simples, posto que majestoso”. O termo simples é também usado para designar pessoas que se iludem fácil, de modo que na ilusão de seu poder – ignorando a real ciência que governa as condições favoráveis, que servem inclusive para mantê-lo em seu posto majestoso (1 Co 4:7) – o rei então subverte as situações de modo que suponhamos ser autoridade sua.
"O rei sentava-se num trono muito simples, posto que majestoso”. O termo simples é também usado para designar pessoas que se iludem fácil, de modo que na ilusão de seu poder – ignorando a real ciência que governa as condições favoráveis, que servem inclusive para mantê-lo em seu posto majestoso (1 Co 4:7) – o rei então subverte as situações de modo que suponhamos ser autoridade sua.
Certa vez ouvi um crítico econômico interpretar as estatísticas do crescimento do Brasil, disse que a economia do mundo cresceu e todo crescimento reflete nos demais países, de modo que se compararmos o país atual com o país de alguns anos atrás houve mudanças positivas, as quais nenhuma nação está imune, entretanto comparado ao crescimento de outras nações circunvizinhas, o Brasil está aquém do prometido.
Foram as circunstâncias favoráveis que elevaram o nível de vida e não o mérito presunçoso de nenhuma autoridade eleita por si só. O que não impede que as mesmas, tal qual o rei da fábula, se valham das estatísticas incontextualizadas para fazer supor aos simples a sua glória.
“Tu expeliste as nações com a tua mão, mas a eles plantaste; afligiste os povos, mas a eles estendes-te largamente. Pois não foi pela sua espada que conquistaram a terra, nem foi o seu braço que os salvou, mas a tua destra e o teu braço, e a luz do teu rosto, porquanto te agradaste deles.” (Salmos 44: 2,3)
Se analisarmos pelas estatísticas (Js: 6), foi sim pela espada e pelos valentes que o povo de Israel conquistou a terra prometida, mas a arrogância era menor ao salmista, pois reconheceu que o universo conspirou a favor e eles já tinham elegido o seu Rei Incorruptível. Mas o rei foi razoável até o fim, e humano também. Apelou pra vaidade do pequeno oferecendo-lhe ministérios... Pra julgar a si mesmo, grande desafio! Por fim ofereceu-lhe embaixada a fim de ser anunciado aos outros mundos, nunca renunciou o poder, mas bem sabia que por si só na podia nada.
paoewrguido
ResponderExcluirjacinto cabecao.
ResponderExcluirai nobru apelaoooo
ResponderExcluirvasevfr
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