sábado, 11 de agosto de 2012

O Monge e o Executivo - Final


“Simeão quase sempre se dirigia às pessoas pelo nome”
James C. Hunter 



 Certa vez, ouvi (ou li, não me lembro bem) que o que as pessoas mais gostam é de ouvir seus próprios nomes. Numa conversa, num negócio, numa venda – principalmente em relações de interesse, ouvir nossos nomes transmite a mensagem de que somos importantes, de que temos valor.

No livro O Monge e o Executivo, encontrei alguma sabedoria aplicável as condições humanas. Uma delas foi justamente esta, a respeito dos nomes das pessoas, algo que não está em destaque no livro como uma centena de princípios discorridos pelos sete capítulos.

O que me chamou atenção foi justamente a frase citada no início deste, que no livro surgiu como um comentário para descrever uma das características do irmão Simeão, o ex-administrador que se tornara frade num mosteiro em Michigan/ Chicago. O fato de ele chamar as pessoas pelo nome me lembrou essa outra passagem que já havia tomado conhecimento e me lembrei de algumas pessoas.
Algumas, assim como o respeitoso irmão Simeão, sempre me trataram pelo nome, enfaticamente, e ainda que não me chamassem o tempo todo por ele, como fazia o personagem do livro, ao menos se lembravam dele, independente do tempo, das condições, da situação.
Por natureza tendemos a guardar os nomes daqueles que se destacam, pelo bem ou pelo mal, ou daqueles a quem temos afinidade. Mas O Monge e o Executivo é um livro direcionado a pessoas em posição de liderança: professores, chefes, diretores, sargentos, médicos, treinadores, enfim, qualquer um que tenha outro semelhante sob seus cuidados.
Não que aos demais não seja recomendado o trato pelo nome, mas aos líderes muito mais. Eles são exemplos, eles exercem influência, ou seja, segundo a definição de Hunter, levam pessoas de bom grado àquilo a que são delegados a fazer. A questão é que nem todas as pessoas em posição de “poder” ou importância, possuem autoridade, que é o que leva a influência.
É no mínimo desagradável quando convivemos anos com pessoas e estas não se lembram de nossos nomes. No entanto, antes de criticar ocorre-me um fato que soa paradoxal: num período de tempo convivi com um professor. Obviamente era sua aluna, e eu tinha duas outras colegas. Nossos números na chamada eram respectivamente: oito, nove e dez, e este professor – muito querido por sinal – só se referia a nós por nossos números, pela sua declarada dificuldade em decorar nomes, ele nos deu esses codinomes.
A questão é se para professores em especial é um desafio lembrar-se de nomes, devido ao grande volume de alunos, turmas e períodos distintos, como eles podem cumprir esse princípio de empatia que é tratar as pessoas pelo nome? E se para o professor citado existiam várias Brunas, Camilas e Carolines, certo era que a probabilidade de haver outro trio com nomes iguais que andassem juntas era mínima.
De modo que de uma maneira respeitosa, esse sábio professor fazia imagens por associação, o que não é nenhum demérito diante da importância de nossos nomes, para ele eu era a “nove”, embora ele tivesse vários outros alunos que correspondiam a este número em outros diários de turmas.
Interessante também que no decorrer de dois semestres a “dez” e a “oito” abandonaram o curso e então eu passei a ser chamada de Camila, e o dilema dos nomes pertencia ao início do convívio, obviamente o tempo ofereu-lhe outras imagens para associar-me não a um número, mas ao meu nome, assim como outros alunos.
E o que fazer com aqueles que exaustivamente nos veem, por meses a fio, corrigem-nos, nos avaliam, criticam às vezes, elogiam outrora, e não se lembram de nossos nomes, ou codinomes, apelidos, nem se um terceiro vos descreve nossa aparência?
O que diferencia aqueles que com a mesma dificuldade buscam alternativas para nos tornar especiais, daqueles que simplesmente se escondem atrás do problema tornando todos como corpos sem persona, sem individualidade. Sem dúvida é preferível ser chamada de “nove” a não ser chamada por nome nenhum.

Postscriptum: É notório que esta é uma lição que eu mesmo preciso começar a exercitar para as pretensões que possuo. Ouvi alguém dizer que não importa nosso nome, mas quem nós somos. Parece que para alguém que sequer se lembra de nosso semblante realmente o nome pouco importa, pois ela não seria capaz de compreender quem somos.  

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