“Nada é mais forte do que o hábito”Ovídio
Achei razoável esta epígrafe para introduzir
este post sobre o livro O Monge e o Executivo,
de James C. Hunter. Ela me faz lembrar outro adágio popular que reza que o hábito faz o monge. Na verdade esse hábito de usar epígrafes eu aprendi há
muito tempo no ensino médio lendo as obras de Guimarães Rosa, e as resenhas
sobre o modernismo que desvendavam sua utilidade.
O
Monge e o Executivo é um livro pequenino,
com sete capítulos mais o prólogo e o epílogo, e cada um deles vêm com uma
citação de uma personalidade famosa, colocando no mesmo patamar Margaret Thatcher
e Jesus Cristo! Independente disto, porém o livro é bastante instrutivo para quem
é adepto da administração e preza pela saúde de seus relacionamentos.
O tema central de todo o livro é a liderança
servidora, e logo no primeiro capítulo, quando apresenta as definições de
liderança, autoridade e poder, diferenciando-a de gerência, não posso deixar de
entreter-me com algo que me parece um ato falho. A distinção de gerência e
liderança segundo o autor é:
“Gerência
não é algo que você faça para os outros. Você gerencia seu inventário, seu
talão de cheques, seus recursos. Você
pode até gerenciar a si mesmo. Mas você não gerencia seres humanos. Você
gerencia coisas e lidera pessoas.”
Bonito, não? Só há um porém: posso gerenciar a
mim mesmo, mas não posso gerenciar seres humanos. Acaso não sou humana? Ato falho à parte, os conceito de gestão de
pessoas ministrado pelo autor é patente, pois liderança é apresentada como uma habilidade de influenciar pessoas para
trabalharem entusiasticamente visando atingir objetivos comuns, inspirando
confiança por meio do caráter.
Sendo uma habilidade, pode ser adquirida. Isso dá uma esperança aos peões, como
vulgarmente são chamados os operários de chão de fábrica, os funcionários, os
soldados de linha de frente, qualquer um que não está no topo da hierarquia
mandando, sem por as mãos na massa. O que também é um pensamento errado a
respeito dos administradores, que tem suas próprias arenas de disputa, e não é porque
não sujam as mãos na graxa que sua função tem menos valor, e vice-versa.
O livro, no entanto, desmistifica alguns métodos
das políticas de plano de carreira, e promoção de funcionários. Muito
recentemente eu ouvi sobre uma empresa que lá só trabalhava no setor
administrativo quem fosse “da casa”, ou seja, geralmente quem fosse vendedor,
ou algo semelhante.
Há uma confusão entre capacidade técnica e
liderança. Muitos trabalhadores competentes tecnicamente não possuem as
habilidades de liderança, e muitos líderes não tem habilidades técnicas, a
vantagem é que o líder/gerente precisa entender a função que leva determinado
produto a ser fabricado ou vendido, deve reconhecer as capacidades necessárias
para a função, mas como líder ele pode delegar com eficácia a função àqueles
que têm a habilidade técnica. Se ele não for um bom líder por sua vez, não
saberá reconhecer a quem delegar, como, quando, nem por quê.
J.C. Hunter cita o exemplo do operador da
retroescavadeira que foi promovido a supervisor, e no final passaram a ter um
mau supervisor e ainda perderam o melhor operador de retroescavadeira! Isso é
muito comum. Não quer dizer que um bom vendedor não pode ser um bom
gerente/líder, desde que tenha desenvolvido a habilidade necessária, o que o
autor sugere é que o fato de ser um bom vendedor, operador, caixa, telefonista,
faxineiro não deve ser determinante para a promoção, mas o reconhecimento das
habilidades humanas. (Continua)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário