terça-feira, 4 de maio de 2010

Eu e o Tempo





Feliz deveria ser Benjamin Button (de "O Curioso Caso de Benjamin Button",  do diretor David Fincher) que vivia a cronologia inversa do tempo! No entanto na medida que o tempo passa - pra trás ou pra frente - o mesmo trás consigo encargos, e sempre haverá alguém lhe apontando o dedo, seja para acusá-lo de infantil ou pra considerá-lo um velho ultrapassado, independente da sua idade.

O fato é que existem pessoas que não se encaixam no tempo, do mesmo modo como lhe é exigido pela sociedade. Sua alma cultiva e sobrevive de sonhos venturosos não de práticas cotidianas. Mesmo suas práticas revelam a essência atemporal do seu ser. 

Existem pessoas sensíveis que mantém seu lado criança, como Michael Jackson, que sofreu tanta discriminação por ser quem era. O que não o impediu de ter maturidade pra criar com excelência a sua arte, e educar seus filhos, que era afinal, o que importava pra ele.

"Estrada afora após segui... Mas, ai,
Embora idade e senso eu aparente,
Não vos iluda o velho que aqui vai;
Eu quero meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino... acreditai...
Que envelheceu, um dia, de repente!... "
"Recordo Ainda..." Mario Quintana  

Então qual é a sua idade? Você se encaixa no perfil pré-programado às pessoas de mesma idade? Se é adulto, você é sério, trabalhador, insensível, lógico, machine-man? Ou será sonhador, criativo, brincalhão, espontâneo e cativante como uma criança?

Feliz é aquele que tem esta essência atemporal e sabe vivê-la plenamente, a despeito dos códigos de conduta vigente. Pior é quando tentamos vestir a todo custo a carapuça que não nos serve, só pra nos sentirmos incluído no grupo de pessoas compenetradas e respeitáveis que sequer desconfiam que têm alma.

"O velho Leon Tolstoi fugiu de casa aos oitenta anos
E foi morrer na Gare de Astapovo!
Com certeza sentou-se a um velho banco,
Um desses velhos bancos lustrosos pelo uso
Que existem em todas as estaçõezinhas pobres do mundo,
Contra uma parede nua...
Sentou-se... e sorriu amargamente
(...)
Então a morte,
Ao vê-lo tão sozinho àquela hora
Na estação deserta
Julgou que estivesse ali à sua espera,
Quando apenas sentara para descansar um pouco!
A morte chegou na sua antiga locomotiva
(Ela sempre chega pontualmente na hora incerta...)
Mas Talvez não pensou em nada disso, o grande velho,
E quem sabe se até não morreu feliz: Ele fugiu...
Ele fugiu de casa...
Ele fugiu de casa aos oitenta anos de idade...
Não são todos os que realizam os velhos sonhos da infância!"

"Poema da Gare de Astapovo" - Mario Quintana


Post Scriptum: Ter essência atemporal nem sempre implica em gostar de brinquedos, roupas cor-de-rosa (no caso das meninas), ou qualquer símbolo infantil. Muitas vezes se mostra no comportamento delicado, quase sem malícia às vezes, franco. Entre outras coisas...



Asta la Vista!


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário