Há alguns posts atrás, fiz uma reflexão sobre o pecado em relação ao prazer, escrevi exatamente isto: “Ao que parece, quanto mais fugimos da nossa condição humana mais incorremos em erros, caímos na hipocrisia de nos achar melhores que os outros, ou passamos a acreditar-nos guardiões da moral e boa conduta da humanidade. Não há engano maior que este.”
“Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e de iniquidade.” (Mateus 23:28)
Como é fácil notar não foi uma grande descoberta minha, pois no Primeiro Testamento já havia citações sobre a hipocrisia. O significado desta palavra quer dizer falsidade, dissimulação das verdadeiras intenções, fingimento. Sua origem grega Hupokrisis significa representar um papel numa peça teatral, atuar. Seu uso, porém passou a designar qualquer tipo de atitude que carecia de sinceridade.
O prazer geralmente é resultante da atenção aos instintos humanos, da fome, do sexo, e outras necessidades aparentemente menos básicas do que estas. E justamente estes instintos vêm sendo há longos períodos condenados por alguns seguimentos como ilícitos, “observância da carne”, e por isso mesmo, passaram a ser praticados sob a máscara da hipocrisia. No sentido do faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço.
Existem outros atos hipócritas que não nascem da necessidade de dissimular prazeres. Apontar ações supostamente erradas de alguém, enquanto faz pior ou semelhante também é hipocrisia. Todo esse ensaio sobre a hipocrisia – permita-me repetir a palavra, para que ela se fixe na memória daqueles a quem possa interessar – nasceu da definição do termo doce pecado também citado no post mencionado no início deste.
Realmente ficamos sujeitos a erros (ou incorremos em) quando nos negamos a aceitar o óbvio da natureza humana e também porque nos recusamos a admiti-la em público. Quando se pergunta a origem de um nome, não se pergunta quem o criou, quantas pessoas o fizeram, muito menos de que modo. O intuito da pergunta é saber qual o fator que motivou a escolha do determinado nome. Este critério é válido, por exemplo, para nomes de empresas e slogans. É incrível como no Brasil todos os “porquês” tem que ter um “por que”!
"Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro." (Mario Quintana)
Slogans são frases ou citações de fácil memorização usadas em contexto político ou comercial como uma expressão repetitiva de uma ideia ou propósito. São uma das bases da propaganda. Quem indicou o nome Magazine Luiza? Alguém sabe? Não. Porém todos sabem que o fator motivador foi o nome da proprietária da marca, D. Luiza Trajano Donato. O Slogan “Vem Ser Feliz!” por sua vez, também ninguém sabe quem criou, mas especifíca o propósito da empresa, que é proporcionar felicidade através do consumo de seus produtos.
Do mesmo modo, uma empresa de chocolates que se chamasse Doce Pecado (vale lembrar que existe uma), pouco importa aos clientes de que modo foi o escolhido o nome mas porquê. E considerando que o consumo do chocolate é um prazer inenarrável, que anda tão condenado pela ditadura da magreza entre outros poréns, o Slogan “Leve Prazer Pra Você” diminuiria um pouco da culpa dos consumidores diante do produto qualquer que seja a conotação que dê a palavra “leve”: Seja no contexto do verbo levar, ou do substantivo leveza. A proposta seria esta. Ou seja, pode até significar "leve leveza pra você, é um prazer do qual você não se furta, então assuma!"
Simples assim. E nem preciso ser especialista em marketing para perceber o feeling da coisa. Por que a polêmica? Por causa da Hipocrisia, sim o velho Hupokrusis. Não é a toa que existia tanta ênfase nesta palavra no maior Best Seller da história. Harry Potter? Não. A Bíblia! ( E essa frase não é minha é de Dan Brown em "O Código da Vinci").
Post Scriptum: Peço licença ao real dono (ou dona) da marca Doce Pecado. Quando criamos o nome, numa sala de aula de um curso técnico, a ideia parecia muito original...
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