Esse é o título correto do projeto que pretendia solucionar as repetências em escolas públicas. Existe em Universidades e ETECs, onde o aluno fica na DP, revendo a matéria em que apresentou maior dificuldade, sem prejuízo do ano posterior. Ou seja, o aluno passa de ano, e num período predeterminado ele revê as matérias que o deixaria retido no mesmo ano no sistema anterior.
Mas, Brasil é Brasil! O jeitinho brasileiro adaptou o projeto ao que chamamos de promoção automática, se aprendeu, aprendeu. Se não, azar! Ou sorte, porque assim o aluno não precisa repetir o ano e na maioria das vezes ele não tem o menor interesse em aprender o que as escolas têm a oferecer.
O que ocorria era que esse aluno desinteressado, ficava consumindo os recursos do governo sem nenhum retorno. Mantê-lo na escola gera custos, e o jeitinho brasileiro tratou de extirpar esse indivíduo displicente do sistema, mas não é verdade que não há mais repetência. Conheço alunos que conseguiram repetir dentro do atual sistema; deve existir um limite de notas que demonstra que ainda existe esperança para determinado aluno, o que justificaria o investimento do governo.
Alguns argumentam que a repetência deveria retornar á política pedagógica das escolas públicas. Mas o contingente de alunos displicentes retidos e gerando custos seria ainda maior do que no período em que foi implantado o programa. Por outro lado a aprovação automática livra o governo de um custo por um lado, porém, cedo ou tarde esse aluno despreparado pode gerar problemas à sociedade, e se o problema for a delinqüência, olha lá o custo do governo de novo!
O mercado de trabalho está cada vez mais exigente e as políticas educacionais públicas não estão acompanhando satisfatoriamente. Apesar da boa intenção do então secretário da Educação Gabriel Chalita (segundo mais bem votado Dep. Federal eleito) que criou a Escola em Tempo Integral, é fato notório que a maioria dos jovens não está nem um aí pro fato da escola estar aberta em tempo integral, se pra eles já é um suplício permanecer nela no período regular!
Logicamente não desmereço o projeto, é válido em algumas situações. Eu me formei neste modelo de promoção automática, e é verdade que sem a pressão da repetência as coisas corriam mais frouxas, mas vai da personalidade de cada um. Sempre reclamaram dos professores, e virou discurso corrente difamar o ensino público. Eu, enquanto aluna não tive do que reclamar dos meus professores (há exceções que não comprometem a avaliação geral), e quanto ao ensino de 0 a 10 dou nota 8, isso porque teve uma ausência de 80% de aulas de Geografia! Fora esse detalhe, pude observar que eu aprendi assistindo as mesmas aulas o que outros não aprenderam.
E o material didático disponível atualmente em São Paulo? Excelentes. Posso deduzir com isso, que a deficiência não está no tão citado sistema, o enfoque é outro: o material humano. Não adianta analisar a questão da educação em termos de políticas e programas, ignorando o recurso humano que cada aluno representa. Qual a qualidade destes recursos? Quanto de investimentos merecem? Quando se dará o retorno esperado?
Eu aprendi a estudar com minha mãe e minha irmã, entrei na escola semialfabetizada, isso é um estímulo e tanto! Diferente de pré-escolas aonde o primeiro conhecimento didático vem de uma pessoa estranha, não tem emoção, e uma experiência emocionante tende a marcar mais e positivamente.
Obrigar uma pessoa a rever um ano inteiro de disciplinas das quais ela já ficou reprovada por não ter o menor interesse não faz sentido. É preciso antes, fazer com que ela se interesse por aquilo, daí outro projeto do Gabriel Chalita parece mais eficaz, a Escola da Família. Fazer o jovem sentir na pele o que é educar, envolver a família no plano educacional de um jovem é uma das melhores saídas, funcionou pra mim, (graças a minha mãe, pedagoga por instinto) e há de funcionar para outros jovens.
Melhor do que corrigir o erro da promoção automática facilitando o ingresso nas ETECs e FATECs, como pretendia um dos candidatos ao governo de São Paulo. Pois se alunos mal capacitados puderem ter um diploma técnico destes, a instituição perderá seu valor no mercado de trabalho. Ou pior, esse jovem poderia ingressar na ETEC, e não conseguir acompanhar o ritmo do ensino, o elevado grau pedagógico adotado pelo Centro Paula Souza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário