sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Eu e a menina que roubava livros - Rosa Hubermann






Entre uma mãe que a abandona para adoção e outra que cuida de você, lhe dá tudo de material que você necessita, mas lhe chama de porca imunda de cinco em cinco minutos, e não dá valor aos seus talentos mais preciosos, qual é preferível?

Se houvesse uma terceira opção, não teria como ser pior. Mas a vida narrada pela morte proporcionou estas mães à Liesel Meminger, se bem que a morte só fez divulgar as palavras da menina. Pergunto-me, sinceramente, quantas "Liesels" existem mundo afora (nem tão afora assim...) que se refugiam atrás das palavras lidas e escritas, divulgadas ou não.

Os trechos a seguir são bastante familiares:

"Não se castigue - a menina a ouviu dizer outra vez. mas haveria castigo e sofrimento, e haveria também felicidade em escrever.

"A noite, quando a mãe e o pai foram dormir Liesel desceu furtivamente ao porão e acendeu a lamparina de querosene. Durante a primeira hora, só fez olhar para o papel e o lápis. obrigou-se a lembrar e, como era seu hábito, não desviou os olhos.

- Shcreibe - instruiu a si mesma. Escreva.

Passadas mais de duas horas, Liesel Meminger começou a escrever, sem saber como conseguiria fazer isso direito."

A tarefa de escrever escondido é uma das oitavas maravilhas do mundo, quando o resultado é positivo e outras pessoas admiram o trabalho feito. A grande maioria costumam não valorizar esse hábito, os catedráticos e intelectuais nunca tiveram boa fama, parecem desocupados, que por não terem mais o que fazer, escrevem.

Rosa Hubermann tinha lá seus motivos para ser como era. E daí? Essa justificativa é tão manjada, e tão sem sentido. Por que pessoas com motivo para serem infelizes se acham no direito de extirpar as chances de felicidade alheia, principalmente de crianças indefesas que acabam de começar a vida?

Gosto de comparar as reações da morte e de Rosa a respeito de Liesel, a morte se comovia com a menina, distraía-se, Rosa vociferava: Saumensch!! Existe coisa pior que a morte no mundo. E não se engane, caro leitor, não estou dissertando sobre uma mera ficção.

Adendo para um atributo de Rosa:

Ela era uma boa mulher nos momentos de crise


Pena que nem todas as flores são assim.






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