Morte.
Nunca tive medo da morte, ninguém tem até vê-la se aproximando. E como ela não
se aproximou ainda deixo-a em seu canto, talvez ela esteja comovida com as
coisas que eu escrevo. Essa personagem não faz parte das minhas prediletas, não
sou louca o suficiente para fazer uma ode à morte!
Mas,
quis escrever esse post depois de uma conversa rápida com uma pessoa que
recentemente foi visitada pela morte, igual à menina Liesel Meminger no
trem.
A
cor daquele dia era amarela. O sol coloria o dia que emanava amor. A notícia
surgiu de modo inesperado pelos amigos, talvez não tanto para os familiares,
que costumam manter uma "desesperança esperançosa". No entanto, a
morte decretou luto e descanso da rotina diária de muitas pessoas.
Era
um dia de calor e lágrimas. Eu não sabia quem havia sido resgatado, e nunca
saberei; tudo que eu sabia é que era irmã de alguém especial, que há bem poucas
horas era apenas mais uma pessoa querida, mas o sofrimento da morte me dá medo
porque para mim ela serve de adubo.
Muitas
coisas já floresceram em momentos fúnebres, momentos de amor, de amizade, de
compaixão, de paz... Tenho a estranha sensação de que nada de bom deveria
nascer àqueles que sobrevivem à morte, de modo que me sinto privilegiada e nem
um pouco orgulhosa, afinal não fico caçando velórios em busca de amigos, eles
apenas acontecem.
O
cortejo fúnebre sairia de perto de onde eu estaria normalmente, por isso eu
soube do ocorrido e todos que ali estariam também souberam. Uma voz na minha
consciência dizia: "Vá lá abraçá-lo!" E eu fui, como uma menina
obediente que sou. A grande maioria da multidão chorosa de colegas iguais a mim
paravam na porta, sem coragem de entrar e procurar o rosto amigo.
Mas
eu segui adiante, entrei e o abracei. Não sabia que com esse gesto estava
plantando mais uma sementinha de amizade daquelas preciosas. Desde então tudo
mudou, e agora eu guardo na memória não a expressão sofrida dessa pessoa
naquele dia, mas um olhar sorridente, a expressão alegre e admirada de quem
fica para cumprir sua missão nesse mundo.
Ensinar
é uma das melhores missões humanas. Essa mesma pessoa com um brilho
inesquecível no olhar fez alusão a personagem MORTE de "a menina que
roubava livros", a morte e suas cores; pelo momento recente essa
afinidade me surpreendeu, mas é melhor assim, a morte salva os que se foram e
não deve corromper os tesouros que ficam.
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