sábado, 17 de dezembro de 2011

Eu e a menina que roubava livros - Capítulo final: A Morte





Morte. Nunca tive medo da morte, ninguém tem até vê-la se aproximando. E como ela não se aproximou ainda deixo-a em seu canto, talvez ela esteja comovida com as coisas que eu escrevo. Essa personagem não faz parte das minhas prediletas, não sou louca o suficiente para fazer uma ode à morte! 

Mas, quis escrever esse post depois de uma conversa rápida com uma pessoa que recentemente foi visitada pela morte, igual à menina Liesel Meminger no trem. 

A cor daquele dia era amarela. O sol coloria o dia que emanava amor. A notícia surgiu de modo inesperado pelos amigos, talvez não tanto para os familiares, que costumam manter uma "desesperança esperançosa". No entanto, a morte decretou luto e descanso da rotina diária de muitas pessoas. 

Era um dia de calor e lágrimas. Eu não sabia quem havia sido resgatado, e nunca saberei; tudo que eu sabia é que era irmã de alguém especial, que há bem poucas horas era apenas mais uma pessoa querida, mas o sofrimento da morte me dá medo porque para mim ela serve de adubo. 

Muitas coisas já floresceram em momentos fúnebres, momentos de amor, de amizade, de compaixão, de paz... Tenho a estranha sensação de que nada de bom deveria nascer àqueles que sobrevivem à morte, de modo que me sinto privilegiada e nem um pouco orgulhosa, afinal não fico caçando velórios em busca de amigos, eles apenas acontecem.

O cortejo fúnebre sairia de perto de onde eu estaria normalmente, por isso eu soube do ocorrido e todos que ali estariam também souberam. Uma voz na minha consciência dizia: "Vá lá abraçá-lo!" E eu fui, como uma menina obediente que sou. A grande maioria da multidão chorosa de colegas iguais a mim paravam na porta, sem coragem de entrar e procurar o rosto amigo. 

Mas eu segui adiante, entrei e o abracei. Não sabia que com esse gesto estava plantando mais uma sementinha de amizade daquelas preciosas. Desde então tudo mudou, e agora eu guardo na memória não a expressão sofrida dessa pessoa naquele dia, mas um olhar sorridente, a expressão alegre e admirada de quem fica para cumprir sua missão nesse mundo. 


Ensinar é uma das melhores missões humanas. Essa mesma pessoa com um brilho inesquecível no olhar fez alusão a personagem MORTE de "a menina que roubava livros", a morte e suas cores; pelo momento recente essa afinidade me surpreendeu, mas é melhor assim, a morte salva os que se foram e não deve corromper os tesouros que ficam.


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